PARTE DOIS - CABO DE GUERRA

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PARTE DOIS

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PARTE DOIS

CABO DE GUERRA

- Senhor David... senhor David Frienbach.

Eu ouvia chamarem meu nome bem ao longe, o sono era mais forte que eu, apesar do desconforto da cadeira escolar acabei cochilando no meio da aula. Ouvi mais uma vez chamarem meu nome, só que dessa vez mais alto seguido de um baque forte como um tapa numa mesa de madeira.

- Senhor David Frienbach - acordei assustado. Meu professor de biologia realmente me acordara gritando meu nome e dando um tapa na sua mesa.

Meus colegas de classe olhavam para mim rindo. Tiravam fotos e filmavam com seus celulares, mesmo sendo proibido o uso dos aparelhos durante as aulas.

- Será que o senhor poderia dormir em casa em vez de dormir na aula senhor David? Você é um bom aluno mas ultimamente você está muito relapso.

Meus colegas riram mais efusivamente.

- Desculpe professor Michel - afundei na cadeira ainda meio sonolento.

As vezes me sentia como um peixe fora d'água, eu, já adulto, com vinte e quatro anos de idade, fazendo o último ano do ensino médio no meio de adolescentes. Infelizmente perdi muitos anos na escola exatamente por causa do meu medo de dormir, com sono, não conseguia se concentrar nas aulas repetindo vários anos. Ainda bem que era o último ano, assim poderia parar de me preocupar em machucar mais alguém que fazia bullyng comigo, o apelido que mais me chamavam era vovô, porém, eu precisava manter a calma pois sabia que se ficasse com raiva da pessoa e tivesse um sonho ruim com ela algo terrível poderia acontecer. Tentei abandonar várias vezes os estudos mas meu pai não permitia: - Enquanto estiver morando debaixo do meu teto tem que seguir minhas ordens, não quero que você se torne um simples pedreiro como eu, você vai ter um diploma e arrumar um bom emprego, ter uma vida melhor do que seu pai - assim ele falava toda vez que eu tentava argumentar com ele sobre parar meus estudos.

"Triiiimmmm". O sinal para o término da aula tocou me tirando do embaraço como um gongo de ringue me salvando nos últimos segundos das mãos do meu adversário que me massacrava. Os colegas de classe pararam imediatamente de me filmar e, numa verdadeira algazarra, saíram da sala aos empurrões, apesar dos apelos do professor Michel, um homem com aparência acadêmica, propícia para sua profissão, pedia ordem aos alunos na saída da sala mas sem ser obedecido.

Coloquei o capuz na cabeça enquanto descia os dezesseis degraus da escola estadual Galileu Galilei, um prédio grande e moderno de dois andares.

Uma fina garoa caía em câmera lenta tingindo a noite com um tom acinzentado.

Caminhei até o estacionamento onde estava minha moto preta 150cc. Em pé ao lado da motocicleta estava minha estonteante namorada segurando os dois capacetes, sempre pontual como um relógio suíço. Nossos horários coincidiam, eu saía as 22h, e ela trabalhava como frentista num posto de gasolina próximo da escola das 14h as 22h, uma renda extra que ela tinha para ajudá-la a pagar sua faculdade de veterinária. Mesmo seus pais ajudando a pagar pelo curso o dinheiro não era suficiente.

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