UMA VISITA INUSITADA

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Fred pulou o muro que separava seu quintal do de Mason para colocar ração e trocar a água do Rex. Fazia cinco dias que Mason não aparecia em casa, ou mesmo no trabalho, o local em que ele poderia estar era uma incógnita, ele tinha desaparecido logo após o enterro, a última pessoa que o tinha visto era sua cunhada Janaina ao qual ele quase estrangulou. A família estava desesperada a procura dele, pensaram em contatar a polícia, bombeiros, alguém que pudesse ajudar a encontrá-lo, porém, desistiram quando Janaina foi ao hospital visitar seu sobrinho e soube que Mason ligava pelo menos duas vezes ao dia para saber notícias do filho.

- A enfermeira disse que ele liga todos os dias pra lá, ela me falou quando eu perguntei se o pai de David tinha aparecido por lá para visitar o filho, pelo menos uma coisa a gente sabe, Mason tá vivo, dos males o menor - Janaina explicou para a família e amigos íntimos que se reuniram no ginásio de esportes do bairro na intenção de fazer uma equipe de busca para tentarem encontrar Mason.

Algumas lâmpadas fluorescentes piscavam sobre a turma dando pequenos estalos.

- Fred, como você é o melhor amigo de Mason teria noção de onde ele poderia estar? - indagou Zé da padaria.

- Já procurei em vários lugares onde ele poderia estar como o quiosque do Ricardo, a lanchonete do seu Henrique no centro, até na galeria onde tem umas lojas que vendem camisas de rock, mas nenhum sinal dele - Frederico falou balançando a cabeça negativamente, estava com um semblante frustado, sentia-se culpado por não conseguir ter alguma pista que pudesse ajudar a encontrar seu amigo.

- Ele uma vez comentou sobre aquele encontro com a velha do medalhão numa praça, alguém saberia em qual praça seria? - Jair tomou a palavra.

- O problema é que a cidade de Obajara é muito grande e repleta de praças, principalmente no centro - Toninho afirmou.

- A única pessoa que saberia nos dizer qual praça seria está no túmulo agora, que é Joana - Fred comentou. Um silêncio taciturno se fez no recinto, dava pra ouvir o vento noturno e gelado balançando as telhas de zinco do telhado do ginásio.

Depois de alguns segundos o silêncio foi interrompido por Michele. - Gente... gente... - ela se levantou da arquibancada onde todos estavam sentados, apenas Janaina Barbosa estava em pé na quadra de frente para o grupo. Ela falou com uma expressão de satisfação como se estivesse desvendando um mistério e disse afoita -, no dia que Joana ganhou o medalhão da velha eles tinham vindo do hospital, Joana estava fazendo o pré-natal naquele dia, então tudo indica que a praça deve ser perto do hospital! - Michele concluiu satisfeita com seu raciocínio. Murmúrios ecoaram pelo ginásio.

- Por favor gente, silêncio - Janaina falou com autoridade. - Michele está certa. Foi um ótimo raciocínio Michele - Janaina parabenizou a amiga com um sinal de positivo, Michele abriu um sorriso jubiloso se sentindo o próprio Sherlock Holmes.

- Eu sei que em torno do hospital tem duas grandes praças, uma na parte da frente e outra menor na parte de trás, vamos nos dividir em duas equipes e começar a procurar por lá.

Janaina aprendeu desde criança a tomar as rédeas da situação, ela tinha que cuidar dos irmãos mais novos enquanto sua mãe trabalhava fora, ela tinha apenas sete anos na época, mas tinha aprendido a ser uma líder nata.

- Eu vou com minha família e mais alguns amigos procurar na praça da frente, e você Fred, reuna o restante do pessoal e começa a procurar na outra praça e nas ruas e quarteirões ao redor, entenderam? - todos concordaram sem reclamar.

Ana Alencar Frienbach fez menção de seguir o grupo quando foi impelida gentilmente por Janaina. - Eu acho melhor a senhora ficar na casa de seu filho esperando por ele, de repente ele resolve voltar pra casa - Ana olhou a contra gosto para Janaina que concluiu: - E gostaria de pedir um favor a senhora também, sabe que minha mãe está numa cadeira de rodas debilitada e está na casa de Mason sozinha, poderia cuidar dela pra mim por favor?

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