- Você tem certeza que quer ir lá filho?
- Sim mãe, quero falar com ele cara a cara, só peço que a senhora cuide do David por alguns dias.
- Claro que eu cuido do meu netinho lindo - disse fazendo biquinho para David que estava deitado no carrinho de bebê segurando o chocalho e rindo para a avó. - Não seria melhor você esquecer toda essa história?
- Eu só vou sossegar quando saber toda a verdade da boca do meu sogro. Não dá pra confiar numa estranha que diz que quer nos ajudar - ele levantou a camisa do filho e soprou a barriguinha dele fazendo cosquinhas no qual David dava altas gargalhadas. - Quem me garante que aquela bruxa falou a verdade? - pegou a mochila e deu um beijo na testa da mãe.
- Toma cuidado filho, qualquer coisa me manda um telegrama.
- Pode deixar mãe, vou tomar cuidado - deu um longo beijo na bochecha de David. Afagou a cabeça de Rex. - Vou avisar o Fred que vou ficar alguns dias ausentes e pedir pra ele ficar de olho em tudo, beijo mãe, te amo!
- Também te amo filho.
Após Mason avisar Frederico, seguiu seu caminho em direção à rodoviária da cidade.
Pessoas andavam de um lado ao outro na rodoviária como um formigueiro, sendo que, a grande diferença é que no formigueiro existia organização, já na rodoviária era uma verdadeira balbúrdia. Mães gritavam com os filhos para que permanecessem próximos. Famílias se abraçavam na hora da despedida. Outros corriam ao lado do ônibus tentando dar o último adeus antes que o ônibus acelerasse perdendo-os de vista.
Por causa do feriado prolongado do dia das crianças as filas nos guichês das empresas de ônibus estavam apinhadas de gente de toda estirpe. Ele demorou quase uma hora na fila para ser atendido.
Mason tinha chegado na rodoviária na parte da manhã, porém só conseguiu uma passagem para a cidade de Alpes Tropical no horário das 16h45. Enfim, teria que passar o dia esperando o bendito ônibus. "O que fazer durante esse tempo todo"? Pensou desolado.
Após comer um lanche reforçado, dois hambúrgueres com fritas, e dois sucos de laranja, tentou se concentrar no livro, "O diário de um mago", de "Paulo Coelho", que levava consigo no intuito de se abstrair da fadiga do tempo, mas desistiu em poucos minutos por causa da ansiedade.
Resolveu dar uma volta pelo interior da rodoviária. Folheou algumas revistas na banca de jornal. Olhou alguns relógios na vitrine de uma loja de acessórios. Observou os truques que o atendente da loja de mágica fazia na intenção de vender alguns produtos à mostra, mas nada fazia o tempo passar mais rápido. Olhava seu relógio de pulso constantemente, o que tornava o tempo mais lento. "Será que era isso que Albert Einstein queria dizer sobre a teoria da relatividade, que o tempo é relativo? Que quando fazemos algo chato o tempo demora a passar, mas quando fazemos algo que gostamos ele passa rápido? Refletiu.
Cansado, retornou para os assentos e ficou a meditar com uma foto 3x4 de Joana nas mãos, imaginando que iria, em poucas horas, ou não, se encontrar com seu sogro. Ficou pensando o que iria dizer para ele, tinha medo da reação que teria ao se defrontar com o algoz da perda do grande amor da sua vida. Sentiu a tristeza acossá-lo espremendo seu peito como um fruto vertendo o sumo da solidão.
Mason cochilava no embalo do balanço do ônibus. Uma leve névoa cobria o topo das montanhas da serra. Despertou sentindo que a temperatura havia caído uns cinco graus celsius. Também sentiu que seus tímpanos estavam parcialmente entupidos diminuindo sua audição, só melhorou depois que ele deu um longo bocejo.
A paisagem das montanhas era deslumbrante, um tapete verde de matas cobria toda a extensão da serra, mesmo com o barulho do motor do ônibus era audível o cantar dos pássaros, o guinchar dos macacos, e outros barulhos de animais que nunca tinha escutado na vida.
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LÁGRIMAS de SANGUE
HorrorDavid Frienbach pensava que era apenas mais um ser humano comum entre bilhões de outros, entretanto, ele recebeu como herança, dada por seu avô após ter feito um pacto satânico no intuito de ganhar fama, poder e dinheiro, um dom sobrenatural que par...