Algumas respostas

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Num momento, Az estava olhando para Gwen, e num outro estava em meio a claridade e sons de cânticos suaves.


- Por que me trouxe aqui?! Quero voltar! Quero voltar, AGORA!- bradou segurando a túnica de Miguel.

- Calma, Azrael. Não queria Misericórdia? Está aqui o seu pedido.- noticiou mostrando o vasto campo verde onde sobrevoavam anjos e arcanjos.

- Sim, mas eu queria Misericórdia e uma nova chance de viver! Na Terra, com Gwen!- vociferou nervoso. Queria sair dali, seu peito inflava sem saber como ir até a Abençoada.

Vendo a ocilação do Ceifiero, Miguel tentou desviar a atenção do loiro.

- Vamos, tens de falar com o Pai.- informou conduzindo o anjo negro por Firdaus.- Voaremos até ele.- disse arqueando as asas.

- Não posso voar...- pontuou olhando para baixo, somente nesse momento, Áz percebeu que não usava mais roupas humanas. Olhou por cima dos ombros e viu suas asas. Estavam grandes e de cor diferente. Algo branco, mas era um branco diferente como se fosse perolado, cintilantes. Não havia mais nenhuma pena negra. Era como se fosse um passarinho e tivesse mudado as plumas.- O que aconteceu com elas?- perguntou movimentando-as. Parecia que era a primeira vez que tinha asas. Fazia um bom tempo que não sentia aquela liberdade que as asas lhe davam.

- Essas são suas asas originais. Eram negras, porque passavas muito tempo em Neraka, com os demônios, aquelas almas destruídas, o enxofre, a morte...- comentou começando a flutuar.- Vamos.- chamou subindo mais. E Ceifeiro o seguiu.

O loiro ainda ansiava voltar para Terra. No entanto, estava curioso para conhecer o Pai, e saber mais sobre seu suposto pai.

Subiram mais até que a luz ficasse ofuscante e não se enxergasse mais nada a frente. O som dos cânticos ainda soavam mostrando que ainda estavam em Firdaus. Uma serenidade invadiu o anjo negro e a voz tempestuosa soou.

- Filhos.- saudou o Senhor.

- Pai. Trouxe Azrael comigo...- informou Miguel mesmo sabendo que não era necessário.

- Bem vindo, Azrael.

- Senhor. Por que me trouxeram para cá? Eu quero voltar para a Terra.- começou sentindo aquela aflição novamente.

- Azrael, seu lugar é aqui. Junto dos seus irmãos.- falou o Pai.

- Não! Meu lugar é junto de Gwen!- bradou arqueando as asas para sair dali.

- Não podes ir, Azrael.- pontuou o Senhor.- Estará mais seguro aqui.

- Seguro? Seguro de quê?- estranhou. Tentou olhar para Miguel, mas a intensa claridade não lhe permitiu isso. Ninguém respondeu sua pergunta, o que o irritou mais.- Respondam-me!- rugiu alto. Sua voz ecoou silenciando toda Firdaus.

- Pai, não está na hora de contarmos?- indagou Miguel de algum lugar na luz.

- Sim.- afirmou o Senhor.- Azrael, preste bastante atenção.- pediu.- A tempos atrás, eu criei uma Terra. Antes dessa que vivem os humanos hoje.- começou.- Era igual a essa, claro que sem tecnologia e a ciência por trás de tudo. Mas ainda sim, os humanos se destruíam com atitudes mesquinhas...- pontuou triste.- Meus filhos, tinham total liberdade para ir a Terra. Não os proíbia.- enquanto o Pai falava. Imagens se formavam ao redor do loiro. Era como assistir a um filme.- No entanto, um dos meus filhos, se deixou levar por sensações e sentimentos humanos...algo que não poderia haver entre arcanjos e 'terrestres'.- o Ceifeiro viu o momento em que o rosto de uma moça apareceu. Era jovem demais, porém, se notava a beleza escondida pelo véu.- Meu amado filho Lúcius, ultrapassou a linha se envolvendo com uma humana. E justo quando eu decidia a extinção daquela Terra para criar uma nova. Lúcius sempre foi de gênio díficil, mas com coração bom. Sei que sim, caso contrário não arriscaria sua vida Celeste para viver com a humana por quem desenvolveu afeto. Eu o aconselhei para que se afastasse, porém, já era tarde, ele já amava a moça....- o Senhor notou o olhar do loiro para as imagens.- Familiar não é Azrael? O sentimento que meus filhos desenvolvem por um terrestre....é o mesmo que os motiva a me enfrentar.

- Ainda não o enfrentei.- cruciou o anjo negro vendo as imagens dançarem diante de seus olhos.

- Percebe, que o tempo aqui é diferenciado da Terra.- disse o Criador.- Veja-os.- pontuou quando a imagem de Lúcius e Merade trocando carinho com um bebê apareceu.- Se amavam e te amavam também.- Az tentou ao máximo gravar as feições do casal. Pois, entendera que aqueles ali eram seus pais com ele próprio no colo.- E quando destrui a antiga Terra. Lúcius foi tomado por outro sentimento humano, o rancor.

- O Senhor nos matou.- disse vendo o meteorito atingir a casa em que sua mãe estava com o bebê no colo.- Mas, se eu estou aqui, onde está minha mãe?

- Ela sempre foi uma filha boa. E como todos os de coração bom, eu trouxe para a nova Terra. Nesse exato momento, ela está renascendo para trazer alegria a uma família que me rogaram por um filho.

- E onde está meu pai?- o loiro estava aliviado em saber que seu pai não era Puriel. Aquilo seria a pior notícia que teria.

- Lúcius não superou a morte de você, e se rebelou contra mim. Ele foi...banido para Neraka junto com seus aliados.- finalizou o Senhor cessando as imagens deixando tudo claro novamente.

Azrael ficou imerso em pensamentos. Ligando uma ponta na outra. Seu pai tinha sido banido, logo ele era um dos caídos. Mas o Ceifeiro nunca tinha visto tal caído.

- Compreendeu, Azrael? Por que temos de mantê-lo aqui? Para que seu pai não o use de forma errada.- cruciou o Criador no mesmo instante que o anjo negro ouvia chamarem seu nome ao longe.

- Gwen!- murmurou voando para fora da luz procurando de onde vinha a voz.- Gwen!- chamou passando pelos campos ao norte. Ainda escutava a voz da morena lhe chamar, 'Áz'.

Quando se aproximou das montanhas que existiam ao leste, a voz ficava mais clara e alta. Ele não tinha dúvidas de que era mesmo Gwendolin quem o chamava. Mas como podia ser? A moça deveria estar na Terra, e não em Firdaus. A não ser que ela tenha morrido em fim. E tal conclusão o deixou entristecido. Teriam se passado tanto tempo assim desde que saíra da Terra? Seu desejo de passar seu tempo no resto da vida que a Abençoada ficará somente na lembrança?

Aterrissou em uma dos rochedos e conseguiu ver uma linha translúcida que demarcava a fronteira entre Céu e Inferno, Firdaus e Neraka. Muitos diziam que ali era Abismus, lugar onde qualquer um poderia ir se conseguisse um acordo com algum demônio que trouxesse o interessado ali. Muitas almas se perderam por tais acordos. Demônios são espertos e exímios mentirosos. Esperava que Gwendolin não fosse louca o bastante para fazer acordos com demônios.

A voz da morena o chamava cada vez mais. E aos pouco o Ceifeiro conseguiu ver o contorno de uma pessoa. Voou o mais rápido, pois, sabia que era Gwendolin ali. O contorno foi se tornando nitido até que ele conseguiu ver a Abençoada.

O vento que soprava os montes de Abismus agitavam os cabelos negros e tentava levar a moça dali. Apesar da fragilidade de seu corpo mais magro, ela se mantinha firme em esperar que o anjo negro aparecesse. Quando mais uma lufada de vento soprou, ela não sentiu mais o chão sob seus pés. Antes de pensar em gritar percebeu que era segurada.

- Gwen...- murmurou o loiro contra seus cabelos empoeirados.

- Áz!- exclamou abraçando-o forte e notou que ele tinha suas asas crescidas.- Suas asas!

- Elas cresceram novamente.- disse olhando para a moça certificando-se de que era ela realmente ali. A beijou com a paixão que queimava seu interior.- O que faz aqui Gwen?- questionou enquanto descia com ela nos braços para uma pedra perto da fronteira.

- Vim te ver, te buscar, anjo.- informou segurando lhe o rosto.- Vamos?- chamou.

- Vamos.- assegurou.- Mas Gwen, como conseguiu chegar aqui? Quem te ajudou?- a morena perdeu a cor do rosto e engoliu em seco.- Responde Gwen.- pediu vendo a reação dela.- O que você fez?- inquiriu segurando-a pelos ombros.- Diga!

- Eu...eu não fiz nada.- gaguejou assustada.

- Como não, Gwen?!- bradou o anjo negro.- Para entrar aqui, somente um acordo com um demônio a trás.- cruciou desesperado em saber o acordo que ela teria feito.

- Não falei com nenhum demônio...falei com um caído.- murmurou.

- Com um caído? Por que Gwen?! Não sabe que é perigoso vir aqui?- despejou a torrente de indagações tentando faze-la entender o quanto era ruim estar ali.

- Eu estava desesperada, Áz! Fazem mais de dois meses que tento um contato com você!- rebateu com a voz trêmula.- Joe não conseguiu me ajudar com os veves e rituais...e e eu estava começando a enlouquecer, anjo!- disse tremendo.

- Quem foi o caído que lhe ajudou?- perguntou amparando-a que se sentia fraca.

- Ouriel...- sussurou desorientada. Azrael moeu o queixo com a menção do outro arcanjo.- Chame, Ouriel.- pediu segurando o ombro do Ceifador.

O loiro carregou a morena nos braços e voou de encontro o portal de Neraka. O mesmo portal que usara para fugir dali. Iria usar aquela passagem para levar a moça de volta para a Terra.

Ela ofegava e se encolhia mais nos braços do anjo negro. E isso, afligia mais ele. Pois, não sabia o que fazer, nem como ajudar.

Ao passar pelo portal pensou em Joe. Era o único que poderia lhe dizer o que estava acontecendo e ajudar a morena.

Aterrissou na sala da casa do Mestiço. Estava tudo escuro e silencioso.

- Joe!- chamou alto colocando Gwen no sofá.- Joe!- gritou pelo amigo.

O homem estava no banheiro e não conseguiu acreditar que depois de tanto tempo ouvia a voz do Ceifeiro. Saiu do banheiro enrrolado em uma toalha e viu o loiro em sua sala. Estava diferente, exibia asas brancas e brilhantes, diferente a qual pensara que fossem.

- Áz?- exitou descendo as escadas.- É você mesmo?

- Sim. Me ajude.- pediu abaixando-se em frente ao corpo desacordado da moça.

- O que aconteceu com ela?- inquiriu enfim notando a morena.

- Ela foi me buscar.- informou se dando conta do quanto a morena se arriscara por ele.

- Ela consegiu ir ao inferno?!- exclamou o mecânico.- Eu disse que não era para ela fazer isso!- ralhou subindo rápidamente as escadas resmungando. Quando voltou encontrou o loiro segurando a mão da Abençoada. Joe, já vestido, segurava um vidrinho o qual dezarrolou e fez com que a morena bebesse seu conteúdo.- Eu avisei que isso, iria acontecer!- comentou o Mestiço.

- Você sabe como ela conseguiu passar para o outro lado?- perguntou o Ceifador.

- Tenho meu palpite.- murmurou se jogando na poltrona perto do sofá.- Quando você se foi, e isso faz um bom tempo, ela começou a pesquisar formas de ir a fronteira.- iniciou quando viu que o loiro ainda esperava a resposta.- Insisti pra que ela ficasse um tempo aqui. Eu queria ficar de olho nela pra que não se metesse en encrenca. Mas fazem duas semanas que ela se foi deixando um bilhete que iria te buscar.

- Então você não sabe com quem ela fez o acordo?- pontuou o anjo negro.- Ela disse o nome de Ouriel antes de desmaiar.- comentou fitando a moça.- Talvez tenha sido ele.- ofereceu.

- Quem sabe...- Joe deu os ombros.- Ela falou muito com aquele outro Celeste e...- o moreno perdeu a voz constatanto algo.- Não! Ela não pode ter feito isso!- exclamou se levantando.

- O que? O que ela fez?- inquiriu Azrael vendo o medo nos olhos do amigo.

Joe encarou o loiro com os olhos dourados brilhantes, ponderando se contava. Decidiu que sim, que se alguém poderia fazer algo pela Abençoada, esse seria Áz.

- Ela também falou com...Lúcifer.- engoliu em seco.

Anjo NegroOnde histórias criam vida. Descubra agora