Depois de fazer seu trabalho em Firdaus, Lúcius desceu á Terra. Já fazia um tempo que não passeava por aquela região. E o loiro gostava daquela parte do planeta. As bancas abertas, os comerciantes barganhando com os compradores, crianças correndo entre as pessoas. O arcanjo se sentia bem entre aquelas criaturas tão...fascinantes em suas divergências.
Observava todos interagindo, falando, rindo. Um pouco distante viu um grupo de crianças brincando junto de uma humana uma espécie de brincadeira omde se vendava um, o girava e este teria de encontrar algum dos jogadores.
Lúcius notou que o lenço usado para vendar a jovem era o mesmo que 'comprara' de um comerciante, na última vez em que esteve por ali. Um lenço de seda pura e fios de ouro, uma cor única, quase púrpura.
O Celeste se aproximou e ficou para ver a brincadeira com um sorriso. As crianças corriam para todos os lados. A moça vendada andava encurvada e devagar com os braços esrendidos para frente procurando algum dos fugitivos.
- Eu estou te ouvindo, Acenath!- disse rindo e andando em direção de onde achava que a menina estava. Com os braços esticados, apalpando o ar, procurando a garotinha.
- Ah! Encontrei um.- afirmou ao encontrar as pernas de alguém.- Mas...- paralisou ao perceber que as pernas eram maiores que de uma criança. Rapidamente retirou a venda levando jundo seu manto evidenciando os cabelos loiríssimos e o rosto, que apesar de sujo era bonito.- Perdão.- pediu vermelha ajeitando o manto na cabeça novamente e puxando para que não visse seu rosto.- Não foi minha intenção ser desrrespeitosa.- a moça estava visívelmente com medo.
- Não tema.- pediu o louro.- Como se chama?- indagou realmente curioso. Estava sendo divertido ver a brincadeira.
- Me-Merade, senhor.- gaguejou encobrindo mais o rosto com o manto.
- Por que se esconde?- se aproximou para remover o tecido que ocultava lhe o rosto. Instintivamente a loira se afastou assustada.
- Deixe-a.- pediu uma das crianças chegando perto.- Merade não fez nada, senhor. Não a castigue.- rogou puxando a túnica do arcanjo.
- E por que eu faria isso?- questionou confuso olhando a criança. Ao voltar seus olhos para a pequena loira ela havia sumido.- Onde ela foi?- se perguntou rodando o local com os olhos.
- Deve ter ido se esconder.- comentou um garoto maior.- Ela tem medo que a encontrem e a vendam...- explicou notando que Lúcius não parecia com os comerciantes rudes dali.- É uma fugitiva do Jubah, o homem que vende escravos.
O Celeste ficou preocupado. A jovem era pequena e jamais conseguiria se manter segura por mais tempo. "Isso não tem importância!" Se obrigou a não pensar. Não era da sua conta se um humano estaria ou não bem. O louro tornou a olhar para onde a moça correu. Certamente por ser pequena, deve ter se enfiado em algum lugar seguro. Não iria se preocupar.
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De volta a Firdaus, Lúcius estava sentado nos gramados do oeste. Logo Miguel se juntou a ele, o primogênito observara o irmão ao longe com ar de pensativo, chegava a franzir o cenho.
- Algum problema?- indagou Miguel se sentando.
- Me sinto estranho, irmão.- confessou o loiro.- Podemos ficar doentes? Pois é a única explicação para o que estou sentindo.- algo se remexia em sua barriga, seu peito parecia ficar pequeno, e uma falta de ar inexistente que o sufocava.
- Não ficamos doentes, Lúcius.- cruciou o outro.- Fale com o Pai, ele saberá o que fazer.- aconselhou.
O loiro suspirou resignado. Depois falaria com o Pai. De certa forma temia o que sentia. Ficar perto dos humanos estaria o afetando? Pegara alguma doença deles? O Celeste não sabia. Apenas queria que aquela coisa estranha parasse.
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Anjo Negro
FantastikAzrael, um Ceifeiro foge de sua prisão no inferno. Seu delito, falar com um humano. Ele foge para a terra, e procura a ajuda do único humano que conheceu, pelo qual foi castigado, torturado e mutilado. Um humano que irradiava pureza e benção. O úni...