Uma guerra

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- Vai dar tudo certo, anjo. Daqui a poucas horas estaremos na Itália.- reinterou a morena.- Alguns dias naquele lugar vai trazer um pouco de privacidade para nós dois.- comentou condoída pelo fato de Matt não os deixarem sozinhos. O ruivo sempre aparecia no apartamento da amiga.


Estavam na sala de embarque do Aeroporto Internacional de Cincinnati/Northern Kentucky localizado em Kentucky. O sr. Von queria que ela fosse ao congresso e que fosse uma das palestrantes. Gwendolin aceitara, contanto que pudesse levar Áz. Seu chefe tentou fazê-la mudar de idéia, mas a moça era teimosa quando queria algo. Certo que era um pouco de chantagem, porém, conseguira convencer o homem que a deixou levar o loiro na viagem.

- Preciso entrar nisso?- indagou o Ceifeiro apontando para a janela onde passava um avião.

- Se não quiser, entenderei. Assim que eu chegar no aeroporto de lá, lhe chamo.- ofereceu.

- E o que ficarei fazendo nesse tempo?- franziu o cenho.

- Pode visitar Joe. Faz dias que ele não liga.- pontuou beijando-o rapidamente ao ouvir o chamado do voo. O loiro assentiu. Não gostava da idéia de estar deixando Gwen viajar sozinha, mas ele também não queria entrar naquela coisa. Se tivesse o poder, os levava da forma que os anjos viajavam, mas só sabia levar a si mesmo. - Te chamo em algumas horas, anjo.- murmurou puxando suas bagagens para a posta de embarque.

Seguindo as orientações de Gwen, o loiro viajou ao modo dos anjo para a casa do mecânico. A oficina estava aberta, funcionando normalmente. Alguns carros e motos estacionados na frente.

Trajando roupas humanas passou pelos funcionários como um velho conhecido ali. Steve, um dos mecânicos, acenou antes de se deitar no chão para fazer algo em baixo de um carro.

- Joe está?- perguntou para ninguém em especial.

- No escritório.- alguém gritou, e o anjo notou ser Mandy que apertava algum parafuso de uma moto.

Havia muito tempo que não ia naquele lugar. A casa do Mestiço era de um astral bom. Iluminada de vibrações positivas.

A porta do escritório estava fechada quando ele bateu e entrou logo em seguida.

- Áz?- estranhou o moreno se levantando de trás da mesa.- Aconteceu alguma coisa com Gwen?- indagou após um breve abraço no amigo.

- Não que eu saiba. Ela viajou pra Itália, e como eu não quis andar naqueles aviões...estou aqui matando o tempo.- sorriu sem graça.

- Se é isso mesmo, sente-se. Veio em boa hora. Eu iria ligar caso estivesse certo...- Joe abriu uma gaveta da mesa e tirou papéis amarelados e uma espécie de livro um pouco mal cuidado, ou de muito uso.- Desde que eu soube do acordo da morena, comecei a pesquisar sobre algum modo de desfazer isso.

- Somente o demônio do acordo pode cancelar o tal.- pontuou o Ceifador.

- Sim. Mas...- começou abrindo o velho livro.- Podemos induzir ele a cancelar o pacto.- cruciou mostrando as páginas amareladas. Estava escrito em hebraico antigo.- Segundo, Hellyan Kryzt, ele conseguiu o fim do pacto fazendo o demônio cancela-lo...

Azrael começou a ler o relato de Kryzt.

"[...]E a cada minuto que passa estou mais perto do abismo em que me meti.

Não sei como poderei encarar minha família quando Baal chegar para cobrar a dívida.

A uns dias, estava na taverna que fica próxima a província de Mossur. Conversando com alguns homens, soube de um curandeiro que diziam falar com demônios.

Mesmo bebado, fui até a cabana deste curandeiro. O portão de entrada era ornamentado por uma cabeça de búfalo que parecia me encarar com aquelas fendas escuras onde eram os olhos.

Tentando me manter em pé, parei na frente da porta. E antes de bater, ela se abriu. Um homenzinho de cabelos brancos estava ali encarando o nada.

- Sr. Krytz.- gorgolejei bebado.

- Apesar do cheiro de rum, o odor do inferno está impregnado em você, rapaz.- comentou me dando espaço para entrar. Notei que andou pelo casebre de forma fluída até se sentar numa cadeira. Indicou com um gesto das mãos para que eu me sentasse também.- Seu tempo está acabando não é jovem.- fiquei espantado por ele saber daquilo.- Ou não viria até aqui.- continuou.

- Fiz o pacto em um momento de desespero.- comentei.- Não quero morrer ainda. Tenho filhos...

- Um acordo só pode ser desfeito pelo próprio demônio que o fez.- suspirei derrotado. Eu já sabia daquilo.- No entanto, o que deves fazer, é que esse demônio queira cancelar...- cruciou.- Induzir.

- Como eu faria isso?- questionei intrigado com seu olhar vago.

- Não há muitas formas de fazer isso. Porém, não é impossível. Na estante, tem uma caixa de madeira. Pegue-a.- fiz conforme me pedira. Entreguei lhe a caixa e segurando um candelábro fiquei por perto. Perto o suficiente para ver que o homem era cego.- Aqui.- me entregou uma coisa que parecia garras secas, como pés de águia ressecadas.- Quando chegar o dia, desenhe o selo de Salomão com sal.- explicou virando a tampa da caixa para mim. Um símbolo estranho.- Segure isso com você enquanto invoca o seu demônio e espere que ele apareça.

- Só isso?- estranhei por ser simples demais.

- Mas é claro que não.- indgnou-se.- Não pode entrar dentro do desenho nem danifica-lo. Ou ele escapará e o levará.- me alertou.- Deve usar as palavras certas, para fazer um acordo com seu demônio que estará preso. Essas criaturas são pacientes, podem esperar na prisão do desenho enquanto os anos passam. Uma hora o desenho ficara danificado e ele se libertará, cobrando a divida com juros altos.

Fiquei calado. Já não me sentia embriagado. Somente o desejo de me livrar daquele pacto estava presente..."

O loiro olhou para o amigo sem realmente o ver. Sua mente voava pelas maneiras que poderia usar aquele rito para obrigar Lúcifer de cancelar o acordo com Gwendolin.

- Só tem uma coisa que não sabemos, Joe.- começou o anjo negro.- Lúcifer é poderoso, será que essa prisão o deteria?

- Não custa tentar.- o mecânico deu os ombros.

- Custa sim! Ele pode se enfurecer contra Gwen.- pontuou pensando em algo.- De acordo com esse curandeiro, tem de induzir o demônio a querer cancelar o pacto. E se Lúcifer achar que temos algo que ele quer...

- O que ele pode querer?

Azrael pensou na melhor forma de contar sua história para o amigo. Decidiu contar o que aconteceu quando foi levado por Miguel.


***


Gwen dormia em sua poltrona dentro do avião. Não havia sonho, mas sentia aflição como se estivesse tendo um pesadelo. O coração batia acelerado e a necessidade de fugir era grande.

Acordou com o balanço do avião ao pousar. Seus músculos doíam pela tensão que teve durante o sono. Queria poder chamar logo Áz, e sentir o conforto de estar junto dele. No entanto, estava trêmula pelas sensações estranhas que decidiu não chamar o anjo negro, ou ele se preocuparia atoa.

Esperava pegar suas malas na esteira quando alguém se colocou ao seu lado.

- Irmã.- era o arcanjo Gabriel.- Tenho uma mensagem do Pai.- a morena arfou com a aparição. Gabriel era alto, tinha o rosto fino e delicado, quase feminino. Os olhos de um verde puro sem qualquer outra cor misturada, e cabelos de un loiro escuro. Ele não era um amante dos humanos. Os via como seres irresponsáveis e selvagens.- O Pai pede que não chame Azrael para cá. Pois a guerra se aproxima rapidamente e o Pai quer que ele não lute contra Lúcifer.

- O que?- estranhou a mulher. Gabriel a olhou como sempre fazia, com indiferença, como se não a visse realmente.

- Esse foi o recado, irmã. Se faz algum sentido, eu não sei. O Pai só divide seus planos com Miguel. Se quer saber de algo, é com ele que deve falar.- falou antes de se virar e andar por entre as pessoas. Estranhamente ninguém esbarrava nele. Era como se o mar de pessoas no aeroporto se abrisse para ele passar.

Gwendolin pegou suas malas e tomou um taxi para o hotel. Tentava entender o que estava sendo planejado pelo Pai. Porém, nem quando era arcanjo compreendia os caminhos que ele demandava, muito menos agora...

O quarto que sr. Von pedira para passar os dias com Áz era grande e luxuoso, quase um apartamento. Com uma pequena sala logo que se entra no quarto, um sofá e poltronas. Duas portas de correr mostravam onde era o quarto. Uma cama grande King centralizada no meio iluminada pela luz que entrava da janela próxima a uma mesinha com duas cadeiras. Provavelmente para se fazer refeições.

Com um suspiro resignado, a morena deixou as malas na pequena saleta e se jogou na cama. Queria chamar Áz, mas se o Senhor pediu para que não o fizesse...ela não sabia se acatava ou se fazia o que bem entendia.

Os poucos minutos em que pensou no Ceifeiro, foi o suficiente para que ele fosse até ela como se tivesse o chamado. Viajou como os anjos. Veloz e invisível.

Nas últimas horas, o loiro passou com Joe estabelecendo um 'plano' para fazer o acordo com Lúcifer ser quebrado. O Mestiço ficara impressionado e temeroso com a hipótese do arcanjo caído descobrir toda a verdade sobre Áz. E tudo o que Ceifador não queria era qualquer tipo de aproximação com seu pai. Não saberia o que fazer se a verdade fosse revelada, provavelmente Lúcifer ficaria ainda mais furioso por ter sido enganado tanto tempo. Por ter o filho por perto sem saber.

Pousou no chão do quarto onde Gwen estava deitada na grande cama. Notou pela ruga na testa que ela fitava a janela pensativa.

- Gwendolin?- chamou sentando-se na cama. A moça levantou assustada por ele estar ali, não o chamara.

- Áz?- apenas em vê-lo ali, fez seu coração disparar. O abraçou forte sentindo seu cheiro que era do shampoo que usava.- Não o chamei.

- Estranho. Senti que me chamava.- pontuou deitando-a novamente e se colocando ao seu lado.- Por que não me chamou?

- Porque o Pai pediu que não fizesse...- murmurou encolhendo-se nos braços dele.

- E por que ele pediria isso?- as sobrancelhas claras se ergueram em confusão.

- Mandou recado por Gabriel. Algo me diz que a gerra está próxima de acontecer, anjo.- comentou angustiada.- O que quer dizer...logo Lúcius virá atrás de mim. Não quero ir, Áz. Mas se eu não for, Lúcius me matará.

- Eu o elimino antes disso! Não pense nisso agora, Gwen. Daremos um jeito de não se juntar a Lúcifer na batalha.- pediu beijando-a como gostava. Sem pressa, apreciando a textura, o encaixe, o calor, o sabor. A morena deixou seus temores de lado. Queria apenas o Ceifeiro.

Nunca viu Gwendolin como uma pessoa frágil. Ao contrário, ela era como aqueles arcanjos guerreiros, de atitudes fortes e nobres. Porém, sentia que devia protegê-la, mesmo que ela diga que é capaz de o fazer sozinha.

Virando o corpo se colocou sobre o corpo da morena beijando lhe o pescoço. Seus dedos abriam o casaco escuro que escondia o vestido azul dela. Tecido mais encorpado, sem estar justo demais em lugar algum. Nas pernas, meia calça. Era uma época fria na Itália, o que pedia vestes mais quentes.

Subiu as mãos pelas pernas sentindo a maciez da peça até encontrar o elástico onde puxou, a despindo das meias. Tocou cada parte da pele exposta com a boca. Numa carícia, vendo a pele se arrepiar e ouvindo os suspiros da jovem. O loiro era delicado no toque, mas voraz no olhar. O que fazia Gwendolin estremecer de antecipação.

O louro a virou de barriga para baixo afim de abrir o vestido que ela usava. O zíper deslizou fácil até a curva das costas. Ouviu uma risadinha quando mordiscou lhe a orelha.

- Senti saudades.- afirmou rouco descendo os lábios pelas costas que arqueavam.

- Eu também senti, Áz...- murmurou de olhos fechados.

O loiro estava domando bem os poderes Celeste, num ondeio de mão estava nu deitando-se sobre o corpo da morena. Sua rigidez se encaixou nas nádegas redondas dela. Era como se procurasse o núcleo para adentrar.

Os pelos da nuca da Abençoada estavam em pé. Arfava pelo contato dos corpos.

Nessa mesma posição, de joelhos na cama o loiro a penetrou devagar depois de tirar lhe a calcinha, vendo-a prender a respiração. A segurou pela cintura, fazendo-a erguer levemente os quadris, empurrando contra seu sexo.

Azrael se movia lento e delicioso. Como se fosse para eternizar cada segundo em que ficava com Gwendolin. O amor, o desejo, a paixão que sentia por ela percorria como ondas elétricas pelo seu corpo e se concentrava no seu membro que doía a cada pulsar.

A morena gemia como gata manhosa. Não se limitou aos movimentos lentos do anjo negro. Se apoiando nos cotovelos, elevou o corpo movimentando-o contra Áz que teve se segura-la pela cintura para ter firmeza nas investidas.

Naquela posição, o loiro podia ver sua rigidez sair e entrar da intimidade úmida dela. E era como um gatilho para que se transformasse e a tomasse rudemente. Deslizou a mão por baixou dela, passando pela barriga, seios, indo para o pescoço onde a segurou firme. O que fez Gwen arquear o corpo de uma forma que se formava um S.

Os cabelos negros da moça grudavam no suor das costas. Seu gemido antes contido, se tornara descontrolado a cada estocada que Áz fazia.

Próximo ao ápice, o louro soltou lhe o pescoço e passou a segurar seus cabelos enquanto aumentava as investidas.

Ao ouvir o gemido do Ceifeiro, e sentir ser inundada, o sexo de Gwendolin se contraiu convertendo em líquido os espasmos que passavam pelo seu corpo.




Anjo NegroOnde histórias criam vida. Descubra agora