Lembranças de Lúcius

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Joe esperava o Ceifeiro e Gwen ao lado de sua moto. Sua noite tinha sido boa. Conhecera uma garota com a qual ele dormira. Não se lembrava do nome, mas teve a sensatez de se certificar de que não era mais um demônio.

O mestiço estranhou quando viu os dois vindo abraçados e rindo. Ergueu a sobrancelha e coçou a barba que estava por fazer. "Isso não é nada bom..." pensou ao notar que eles agiam como namorados.

- Se manteve vivo, Joe.- brincou a moça abrindo a porta do carro.- Nenhum demônio?

- Tomei precauções para não cair nessa de novo, morena.- o homem afirmou.- Vamos indo?

Joe foi na frente com sua moto, enquanto o carro de Gwen o seguia. Ao seu lado, Áz ficava olhando-a de forma analítica.

- O que foi, Áz?- a moça indagou sentindo o olhar do louro sobre si.

O Ceifeiro negou com a cabeça, nem ele sabia o que estava havendo. Sabia somente que gostava de olha-la. Passaria muito tempo fitando-a, sem se dar conta do tempo. Riu e segurou a mão dela que estava passando a marcha do carro.

Em sua Halley, Joe pensava no que estava acontecendo com o anjo negro. Já fazia uns dias que notara a aura tomando a cor vermelha intensa. E um cheiro diferente irradiava dele. Isso começara no dia em que mandaram o Djinn de volta para o inferno. Nunca vira o loiro descontrolado daquele jeito quando acharam que Gwen tinha morrido. Ele era um anjo da morte, devia estar acostumado com aquilo. Porém, Azrael parecia tão...humano. O desespero, a dor, a revolta de se perder alguém foram fortes e se via nos olhos do anjo negro que ele estava sofrendo com a suposta morte da moça.

O mestiço se perguntava o que estava acontecendo com o loiro. Temia pela Abençoada. No entanto, sentia que se havia um lugar seguro para a morena, este lugar era ao lado do Ceifeiro. Decidiu que teria de conversar com o loiro sobre o que estava acontecendo.

***

Ouriel seguia o rastro de Listh quando Lúcius o mandara para Washington segurar alguns Gohuls. Eae fora junto para que pudesse se livrar do serviço e voltar a busca por Listh.

Chegara ao cemitério que Lúcifer lhe mandara. As criaturas estavam destruindo os túmulos de forma feroz e irritadiça. Eae o olhou confuso, sem saber o que fazer com aqueles demônios. Saber, ele sabia, mas não era seu trabalho.

Ouriel olhou a destruição nervoso. Poderia estar perto de Listh, e não ali cuidando daqueles inúteis. De seu cinturão tirou seu chicote e o estalou nas criaturas. Os Ghouls gritaram de dor pelo castigo e pararam de depredar o cemitério. Começaram a comer as carnes humanas em silêncio, olhando para o arcanjo com medo.

Cansado, Ouriel olhou para o amigo num pedido mudo de ajuda, que logo foi atendido. Eae não era um anjo que fazia exorcismos, nem lidava com demônios como aqueles, mas sabia o que fazer. Com sua voz Celestial, entoou o cântico necessário. Um a um, os demônios corriam desesperados, mas nada escaparia da voz angelical do jovem anjo. Depois que terminou de catar, Eae viu o lugar deserto, a destruição era grande.

- Obrigado, amigo.- o arcanjo suspirou e ondeou as mãos limpando e arrumando o cemitério antes de partirem. E esperava que Lúcius não o chamasse novamente.

****

Há muito tempo que não aparecia por ali. Muitos anos, que ele sequer notara passar. Ficara preso na dor, na decepção que tivera e na vingança que trilhou.

Lúcius andou pelas ruas asfaltadas do que antes era uma área, de certa forma calma. Pensou em como passara bons momentos ali. Era incrível que ainda sentia sua presença, mesmo naqueles escombros. Por que a lhe fora tirado achance de ser feliz? Sua única resposta foi que o Pai era egoísta demais, e queria os humanos só pra si.(1)




Anjo NegroOnde histórias criam vida. Descubra agora