Capítulo 21 - Direto da fonte

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Não sei como, mas os outros conseguem aguentar sossegados até a hora do intervalo para voltar a falar direito do assunto.

Eu só não fugi da sala antes para investigar tudo sozinha porque surgiram coisas mais importantes no meio do caminho.

E o que poderia ser mais importante do que um mistério sobre uma lenda urbana local? você pergunta.

Pois bem.

A resposta é simples, e tem só quatro letras: Rubi.

No meio da aula, enquanto todos estavam concentrados na matéria para o ENEM e blá blá blá, eu precisei mandar mensagem para minha irmã contando sobre as novidades, porque achei de verdade que ela iria adorar saber. Afinal, ela acompanhou a saga desde o início. Ela me ajudou a pesquisar sobre o Sanatório. Ela incentivou minhas investigações. E ela me fez prometer que eu voltaria a averiguar o assunto quando eu estivesse me sentindo melhor dos ataques de pânico e tudo o mais. Então nada mais justo do que correr para contar para ela sobre Toni e sobre possíveis novas fofocas, né?

Só que Rubi não me respondeu.

Não que eu exija que ela fique plantada com a cara no celular pronta para me responder a qualquer momento, nem nada assim.

Mas ela ficou duas horas sem responder.

Quando isso começou a me incomodar, eu notei que fazia um bom tempo desde sua última mensagem.

Aliás, ela não tinha me dito absolutamente nada desde sábado de manhã. Ela não tinha nem respondido a um meme de gatinho que eu mandei — e ela AMA memes de gatinho.

O sinal de alerta soou na minha cabeça nesse momento e desde então eu alimentei a paranoia de que Rubi mudou de ideia quanto a me odiar.

Agora estamos no intervalo e vagamente sei que Toni, Paulo e Leta estão falando sobre o que de misterioso João estava fazendo dentro do Sanatório.

Eu desligo a tela do celular, decidindo que está na hora de focar no mundo real e esquecer Rubi, pelo menos por enquanto, para conseguir sobreviver ao resto do dia.

— Admito que é estranho, mas você tá indo longe demais, Antonella — Paulo está falando. — João não tem motivo nenhum para esconder segredos assim.

— Por que a gente não vai lá e pergunta pra ele? — pergunto para meus amigos, imaginando por que ninguém pensou naquela obviedade antes.

Os três se me olham como se estivéssemos na Espanha da Inquisição e alguém tivesse acabado de me acusar de bruxaria.

— Claro que não! — Toni diz.

— Tá louca? — Leta fala ao mesmo tempo.

— Ué, gente! — Eu sou obrigada a rir. — Por que não? É o jeito mais simples de a gente descobrir tudo, e além do mais o João não pode fugir pra sempre, né?

Toni ergue o dedo no ar.

— Hm, como stalker oficial do João, eu atesto que ele pode sim. Ele é muito bom em fugir, aliás.

Paulo dá uma risada, mas sacode a cabeça, meio sério.

— Mano, a gente não pode chegar assim, acusando o cara sem provas.

— Acusando? A gente não tá acusando ele de nada — eu digo. — Não é como se ele tivesse assassinado alguém. A gente só quer saber o que ele tava fazendo. Só isso. Que que custa perguntar? Eu, hein.

— Belzinha, o João é meio... Fechado — Leta diz.

— Tá, mas o que vocês querem fazer então? Espionar o menino? Muito mais fácil ir logo nele e perguntar.

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