Andando Em Círculos

42. Andando Em Círculos

Novembro é a época em que são dadas as últimas provas, e é nisso que a maior parte da turma está focada.

Menos eu, porque não consigo pensar em qualquer outra coisa além do meu primeiro encontro oficial com Tulio.

Não sei como essa transição de amigos para namorados vai acontecer, só sei que amanhã é quando as coisas começarão a tomar forma.

O garoto não quis me contar para onde nós iriamos e agora estamos assistindo a nossa série preferida juntos deitados na cama dele.

Pauso o episódio quando noto que ele está de olhos fechados, já dormindo.

Durmo também alguns minutos depois.

***

- Ok, agora você já pode abrir os olhos. - Tulio diz e obedeço.

Olho para o lugar onde estou: um grande campo de futebol. Estamos no meio dele e vejo todas as grandes arquibancadas ao nosso redor.

- Tulio, não querendo ser chato, mas se assistir jogo de futebol é a sua ideia de encontro... Não vamos dar certo.

- Para com isso, idiota! - Ele diz rindo - A gente vai fazer um piquenique.

O garoto está usando uma calça jeans com uma camisa social listrada mesmo estando um calor infernal. Vesti uma camisa cinza e uma bermuda preta. Eu juro que fiquei bastante tempo escolhendo, mas o menos é mais, certo?

Ele estica uma toalha quadriculada e coloca a cesta no meio dela.

- Como você conseguiu esse lugar só pra nós?

- O nosso técnico conhece um cara. - Ele dá em ombros.

Sento no chão assim como ele, que já começa a montar o piquenique.

- Ok, aqui tem tudo o que eu consegui fazer... Então não tem muita coisa.

- Ninguém é perfeito. - Digo sorrindo.

Mas ele fez sanduíches, trouxe biscoitos e sucos.

- Certo. - Ele diz depois de dar uma mordida em seu lanche - Se você estivesse numa ilha deserta...

Ergo a sobrancelha.

- Eu vi isso na internet: “Tópicos de conversas para primeiros encontros".

Quase dou uma gargalhada ao ouvir isso.

- Sério? Por quê?

- Ah, sei lá... Fiquei com medo de ficar chato e não termos sobre o que conversar.

- Tulio, eu divido quarto com você! A gente conversa o tempo inteiro.

- Você tem razão. - Ele diz - Acho que a gente fala até demais.

- E? - Pergunto.

- Talvez a gente devesse fazer mais do que apenas conversar.

Ele se aproxima e me rouba um beijo, fazendo com que eu largue o pacote de biscoito que segurava.

Coloco minha mão em seu pescoço e a gente acaba caindo na grama. Começamos a rir e ficamos ambos deitados olhando para o céu.

- Ainda não acredito que isso esteja acontecendo.

- Muito menos eu.

- Você já contou tipo... pros seus pais?

- Eu vou contar. Em breve. - Ele responde - Podemos falar sobre outra coisa?

- Foi você mesmo que fez esses sanduíches?

- Simone fez pra mim. - Ele admite arrancando uma risada de mim. - Mas eu ajudei!