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Gyerda chamou o nome dele.

O sujeito riu, e agora sem capuz era possível ver o que ele usava sob o rosto. Tratava-se de um instrumento de guerra e morte, uma relíquia de um passado monstruoso e de atos inomináveis, ele vestia no rosto uma Máscara Totêmica.

Uma máscara perfeitamente branca, parecendo feita de uma madeira que não pertencia aquele mundo nem qualquer outro, era recoberta com finíssimas linhas e formas geométricas avançadas que vez ou outra brilhavam em poder. A máscara tinha uma forma que se assemelhava a uma versão macabramente minimalista de um corvo.

Todos sabiam quem era aquele homem, já ouviam escutado lendas que ousavam proferir o seu apelido, histórias que ninguém sabia se eram verdadeiras ou falsas.

Nekkro era um país distante, uma cidade onde viviam predominantemente a espécie dos Bartropos, onde começara a estranha lenda de um assassino imortal e impossível de vencer.

- Eu mesmo. – Ele respondeu, sua voz era abafada pela máscara. – Hoje eu farei uma demonstração de como a mensagem na carta era verdadeira, eu vou ressuscitar alguém, mais especificamente Karine Vanko, sua filha General Magnar.

- Vocês estão achando que isso é algum tipo de piada? - Magnar pareceu verdadeiramente alterado.

- Piada? Eu adoro piadas! Mas ouso dizer que essa não é uma General, senão ao invés de terem me permitido estar aqui, teriam chamado um bufão. – Ele deu uma risada, mas ninguém se atreveu a rir junto.

Magnar apenas encarou-o, o Demônio de Nekkro se parecia com uma pessoa muito magra, ele era alto para os padrões de um humano ou de um Bartropo, mas próximo do Ikno não havia competição.

- Karine Vanko, sua única filha, falecida em 3392 quando tinha 21 anos de idade, ela foi assassinada junto da mãe, Rosalind, certo?

Magnar bufou, ele parecia uma panela contendo sua pressão em níveis extremos, prestes a explodir em chamas e fumaça.

- Sente falta dela? - Ele perguntou, olhando Magnar nos olhos, mas não tinha nenhum tipo de empatia, parecia... Fria.

- Vão sentir falta de você se continuar falando sobre isso. - Magnar apertou o Maxilar, exibindo os dentes tortos numa expressão de desgosto.

- Eu já lhe disse Magnar, isso vai valer o seu tempo. - O Cruzídeo disse, ainda encarando a janela.

Rang olhou para Gyerda, ele parecia cansado de todo aquele teatro, então ele deu uma respirada profunda e falou.

- Demônio de Nekkro. – Ele chamou. – Aprecio toda a teatralidade com o qual fala e age, mas eu gostaria de uma resposta precisa sobre do que estamos falando aqui.

O Demônio de Nekkro assentiu, e desatou a falar.

- Existem muitos mundos além dos nossos senhores, muitos deuses estão no nosso mundo e muitos deuses não estão. – Ele disse, de forma indecifrável. – Existe um lugar sagrado para os sacerdotes do deus da morte, um lugar perdido que permitia que mortais fizessem a travessia para o mundo dos mortos, encontrassem seus entes queridos... e os trouxessem de volta de lá.

- E agora sabemos onde esse lugar perdido está? – Rang questionou. – Por que convocar essa reunião ao invés de simplesmente mandar alguém para lá.

- Não sabemos precisamente onde é o local, existe um informante decodificando as cartas em algum lugar agora mesmo. – N'gutta respondeu. – Mas existem outros que foram alertados desse poder, outros que o desejam e adorariam adquiri-lo á custa de qualquer um de nós. É uma corrida tecnológica, e queremos vocês do nosso lado.

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