Profundezas Ethéreas

17

Era uma noite calma, embora a mente de Kheyran fosse por si só uma tormenta.

Ele correu pelos telhados das casas unidas, saltando de casas com telhas terminadas para varandas abertas e terraços vazios, observando a cidade do topo enquanto seus movimentos escalavam, saltavam e giravam de forma praticamente natural.

Velns era um País de territórios pequenos, mas com uma das maiores cidades do continente, que se espalhava como uma praga pelos territórios verdes e montanhosos no topo do continente. Ele estava diretamente na capital de Velns, uma cidade que compartilhava o mesmo nome do país, cuja qual morava o próprio Garakh Narkh sob seu castelo no Bico do Corvo, ou numa tradução literal usando a língua antiga dos Genghatts, o Deus-Rei Rang.

Por um momento ele até mesmo parou de correr pelo telhado de uma capela, pegando fôlego antes de continuar e virando os olhos para o alto, onde muito distante, entre vários morros de distância ele podia ver o maior de todos, sendo quase uma montanha repousava o Bico do Corvo, com várias construções maiores separadas no meio daquele morro colossal, como a sede dos corruptores onde moravam a guarda de elite antimagia, ao lado do enorme Arco do Crescimento, uma estátua colossal simbolizando um arco vermelho representando o ciclo de sofrimento que os Genghatts sofreram antes de construírem seu refúgio naquela região.

Genghatts, Kheyran riu, sua espécie era completamente louca, entre surtos de violência nos becos da cidade e orgias frequentes em tavernas locais, ele ponderava com frequência sobre o que esses seres deviam pensar sobre a vida, se é que eles pensavam. Ele não se via como um indivíduo normal no meio da massa gigante de outros semelhantes como ele, ele tinha uma mente treinada e aguçada, havia buscado um método de manter-se focado em um objetivo maior do que sua própria vida, muitos chamariam isso de culto, um cultista, se ele realmente era? Difícil dizer, de certa forma sempre havia sido, embora não se visse como um.

Em seus trajes fechados ele suspirou, poderia ser diferente de outros Genghatts mas ainda se parecia com um, tendo um corpo magro e sem muitos músculos, sua pele tinha um tom rosa como o de um humano, mas era repleta de listras de diferente pigmentação, no caso dele elas lembravam as listras de uma Hiena, tendo uma coloração perfeitamente preta em listras onduladas pelo seu corpo. Elas se destacavam nos olhos, onde a pigmentação negra na pele formava duas bolas ao redor de seus olhos, quase destacando sua fraqueza genética...seus olhos.

Todo Genghatt possuía sua fraqueza genética, eles eram uma raça completamente louca e isso parecia se refletir na genética, enquanto alguns deles podiam nascer com problemas graves como braços grandes demais, cabeças tortas e garras monstruosas, ele havia tido um problema simples mas destacado sempre no seu rosto, Heterocromia, um dos seus olhos era verde, enquanto o outro era perfeitamente vermelho.

Enfim parou sua ponderação, havia gasto tempo demais naqueles telhados e precisava se ater á responsabilidade atual, seu crescimento pessoal como pessoa e a conquista de uma meta que outros como ele iriam sonhar por ter, mesmo assim, ele temia o que estava por vir.

Desceu da capela com um salto ágil, caindo no chão com um rolamento e ficando de pé com facilidade, por sorte não havia ninguém nas ruas noturnas para ver um homem como ele audaciosamente andando pelas ruas e becos escuros de Velns, pelo menos não ali. Ele percorreu agilmente agora pelo chão, atravessando ruas apertadas e becos com fedor pungente de dejetos, sua mente devaneava em magia e implicações do que ele faria naquela noite.

Quando finalmente chegou, alguém o surpreendeu.

- Você está atrasado - Disse o Encruzilhado, seu tom de voz era duro, embora ele parecesse ser um homem alto de aparência chamativa.