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- Maximus. – Saudou Rang.

- Garakh Narkh. – O Ikno respondeu.

O Ikno de onze asas tinha um corpo musculoso coberto por uma roupa de guerra, vestia calças com tecido de Negretura, e seu peito era coberto por um colete de fibras de aramida resistentes o suficiente para parar tiros de rifle. O Ikno tinha a pele num tom escarlate escuro, um de seus olhos era coberto por um tapa olho ocultando feridas de guerras antigas, seu braço direito brilhava em um totemismo ativado.

Rang não era tolo algum, ele sabia o quão difícil era para um Totêmico manter suas marcas ativas por tempos longos, o totemismo só se mantinha ativado enquanto pudesse drenar adrenalina ou outros hormônios como raiva e ás vezes até medo, o Ikno estar mantendo aquelas marcas ativadas era desgastante, e uma provável tentativa de ameaçar Rang exibindo seu poder.

- Rang, o que nos dá a honra de você ter vindo até aqui sozinho? - Maximus perguntou, com um tom irônico.

- Você sabe bem por que. - Ele respondeu, com a postura perfeita. - O que está fazendo aqui Maximus?

- Estou ajustando a balança um pouco. - Ele respondeu com um sorriso. - Sabe, você e Magnar foram bons em ocultar seus rastros, mas enquanto tiver alguém vivo do meu posto, sempre haverá o risco de um conflito.

- O que você quer?

Galvo riu, como se a pergunta tivesse sido estúpida, então, vendo o semblante sombrio no rosto de Rang ele sentiu um impulso de deixar suas intenções mais claras.

- O posto do maldito Magnar Vanko! - Ele berrou, e os outros homens rugiram em aprovação. - Eu tinha mais honrarias de guerra do que ele, sou mais velho do que ele, eu sempre fui um soldado melhor do que ele!

- Você também é mais tolo do que ele. - Rang disse, austero. - Sua honra acaba no fundo de uma garrafa de cerveja, seus soldados são indisciplinados como cães de guerra e você os lidera como um ditador, você daria um péssimo líder.

- E o que você sabe sobre liderança? - Ele rugiu, andando em círculos ao redor de Rang. - Você não tem concorrência, seu povo lhe segue como ovelhas com medo de um grande lobo. Um Genghatt não pode viver seiscentos malditos anos!

- Eu posso. - Ele disse, solenemente.

- Você não tem honra! - Ele bradou.

- E que honra tem em estuprar mulheres e matar crianças? Você é a escória da escória, até mesmo sobre o comando do seu antigo General ele sempre o usou como um guerrilheiro que faz o trabalho sujo, você está afundado até a cintura em lama. - Rang de um passo para trás. - Mesmo assim eu vim aqui lhe dar uma chance de negociar.

- Uma chance de... - Ele fez um som ridículo com a boca como zombaria, seus soldados riram.

Os soldados agora estavam se dispondo ao redor de Rang, cercando-o como hienas atrás de sua presa indefesa, mas nesse caso a presa não era tão indefesa assim, muito pelo contrário.

- Eu não quero negociar, eu vou chutar essa sua bunda, e te deixar sair daqui vivo pra chorar para Magnar o que você escutou aqui. – Galvo disse. – E então, quando eu provar que Magnar é um traidor e me tornar o novo rei, eu irei adorar devastar suas terras.

- É assim que vai ser, Maximus? – Rang deu um leve sorriso. – Acha que pode me ameaçar? Não ouviu as lendas a meu respeito?

- Seu povo acha que você é um deus. – Ele fez pouco caso. – Não me importa se você vive 60 ou 600 anos, você não é um deus, pode morrer como qualquer um dessa sua raça merdinha.

- Esse será o último erro de sua vida. - Rang assumiu um semblante intimidador. – Saiba que, eu não vou lhe dar uma segunda chance.

- Eu tenho praticamente uma centena de soldados nessa colônia, você acha mesmo que pode enfrentar um exército sozinho? - Ele bradou, fazendo sinais de que os soldados avançassem. - Faça-me um favor Rang... Enfie sua chance no meio de seu ânus!

Soldados caíram sobre ele, Rang não se moveu, ele apenas sorriu.

Do seu sobretudo surgiram formas perfeitamente brancas e translúcidas, três formas de energia vivas se materializaram como cobras fantasmagóricas, sua forma pulsante parecia alternar-se entre um estado rígido e um estado espiritual, o rosto daqueles demônios parecia a fusão nefasta entre os olhos de cobras d'água brilhando em um tom vermelho sombrio, a boca distorcida de piranhas e uma resistente pele coberta por um exoesqueleto de placas sobrepostas.

- SOLDADOS! SOBRE ELE! - Berrou o Comandante Maximus, recuando atrás de uma parede de Iknos.

O Primeiro soldado Ikno ergueu dois sabres investindo em uma corrida suicida contra o Garakh Narkh, Rang nem mesmo se mexeu enquanto suas crias demoníacas se moveram involuntariamente despontando de dentro dele.

Uma delas moveu-se com velocidade sobrenatural para baixo dos pés do soldado, mordendo-o pela perna e usando uma força impressionante para ergue-lo no ar como um uma mão erguendo um boneco, a segunda monstruosidade então saiu de dentro de Rang investindo contra o peito do soldado em linha reta, saindo pelas costas dele pintada pelo sangue carmesim e ainda expulsando pedaços de órgãos e carne do interior do sujeito, ela mordiscou o ar como se arrancasse restos do cadáver antes de voltar por onde havia saído, deixando um buraco de grosso como um braço humano no meio do peito do indivíduo.

"RANG... Á QUANTO TEMPO NÃO BRINCAMOS DESSA FORMA" - As vozes distorcidas se avivaram dentro da cabeça dele como alfinetes penetrando seu cérebro.

"AQUELE ALI É O GRANDE GALVO MAXIMUS? ELE ME PARECE...COMIDA DE PEIXE." - A voz sombria riu dentro da cabeça dele, induzindo-lhe com os mesmos instintos selvagens que ele se esforçava pra controlar.

Os olhos de Rang brilhavam em uma malícia descontrolada que não pertencia a ele, aqueles mesmos olhos alienígenas e reluzentes como mercúrio que eram ao mesmo tempo seu diferencial e seu tormento, parte de uma maldição antiga que o atormentava, agora atormentava também seus inimigos em um campo de batalha.

Ele era Rang, o Garakh Narkh de Velns.

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⏰ Última atualização: Jul 23, 2023 ⏰

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