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Ela tremia pela adrenalina.

Fazia menos de três minutos que tinha saído da arena, e nas mãos dela descansava um revólver pesado com o pente cheio, o guarda de quem ela havia tirado aquilo não precisaria mais dele já que ela o havia matado.

Ela era boa com os punhos, mas e com armas? Nunca tivera a oportunidade de saber. Mas agora estava ansiosa para descobrir enquanto mirava em um dos guardas que se aproximava. Ele vestia-se com um coturno verde, péssima escolha de cores para uma luta no escuro.

Nika apertou o gatilho e um buraco se formou no ombro dele, manchando de vermelho aquela roupa clara, derrubando-o contra o chão no mesmo instante.

"Nada mau" ela pensou.

Ao lado ela ouviu o rugido quase animalesco do Garagung enquanto ele brutalmente esmagava um guarda com os dois braços erguidos. Nika pensou por alguns instantes sobre a tal dose de Koltrina que ele havia recebido de uma mulher. Seria a mesma mulher que deu Sangue Férreo para ela? Sem aquele frasco ela provavelmente não teria conseguido se erguer depois de ter apanhado da primeira vez.

A violência novamente chamou a atenção dela quando um dos guardas saltou para cima dela pelas costas, derrubando-a no chão e erguendo um sabre curvo para degolá-la em um só ataque, ela tentou virar o revólver contra ele, mas errou atirando para cima e longe do alvo.

Antes que o guarda descesse o sabre nela, a cabeça dele foi agarrado pela mão larga do Garagung, que o puxou para trás com tanta força que o pescoço provavelmente tinha sido quebrado no meio do movimento.

Nika ergueu-se, era fato que eles jamais iriam sobreviver aquela luta se não existisse algo mais que chamasse a atenção dos mafiosos, eles haviam acabado de conseguir sair da arena e estavam agora no meio do acampamento do Monte Golypus, o único lugar que não havia casas ambulantes. Uma pequena vila, onde agora mulheres e homens comuns da plateia corriam desordenadamente passando por eles, enquanto ocasionalmente guardas saltavam do meio da multidão aqui e ali, vindo para atacá-los, atravessando a multidão com armas erguidas.

- Vamos sair daqui lutadora! - O Garagung berrou.

- Nós temos que de salvar os outros escravos também. - Nika disse, enquanto estava na verdade pensando em duas escravas específicas.

- Não vai dar tempo! - Ele gritou, enquanto erguia o corpo de um homem comum e o jogava contra os guardas. - Não tente bancar a heroína. Saia daqui enquanto dá tempo.

- Existem pessoas com quem eu me importo! - Nika berrou, enquanto tentava acertar em outro guarda a distância, precisou de três tiros. - Eu não conseguiria ir embora sem elas.

Ele olhou para ela por alguns segundos, o seu olho esquerdo ainda sangrava e provavelmente nunca voltaria a enxergar, mas ele tinha uma expressão de quem compreendia, sendo condescendente com o fato de que Nika não iria embora dali sem as pessoas que eram importantes para ela.

Então por fim ele tomou uma decisão.

- Boa sorte garota. - O braço dele se encheu de marcas totêmicas brilhando em roxo na escuridão. - Eu vou usar o resto da minha Koltrina para criar uma distração, vá agora!

Nika assentiu, dando um último olhar para o Garagung antes de se virar e correr na direção que parecia mais segura. Atrás dela o Garagung exalava chamas vindas do próprio braço contra um amontoado de casas de madeira, incendiando-as em labaredas mágicas enormes.

Koltrina - seja lá o que fosse - dava á antimagos um poder excepcional.

Ela se questionou por que a habilidade que tinha permitido que as luzes se apagassem não funcionavam com as chamas dele, mas ela realmente não queria se preocupar com as regras de poderes que ela não controlava, e aquele era o último dos momentos para isso.

Profundezas EthéreasOnde histórias criam vida. Descubra agora