A cerveja descia devagar pela garganta.
Aldebarã estava sentado na mesma mesa que Violetta e um homem chamado Arthur Yernam. Mas mesmo que tivesse um estranho ali também, a Cruzídea lhe intrigava desde que o tinha resgatado daquele comboio Ikno, ela era ruiva com cabelos levemente cacheados, estava vestida com uma camiseta branca abotoada que parecia ter sido confeccionada por Bartropos, e ao invés de vestir roupas socialmente apropriadas para uma dama como ela, ela vestia uma calça comum e provavelmente masculina.
Violetta parecia ter um apetite largo por álcool, mas já estaria bêbada? Era difícil dizer, a personalidade sóbria dela já era tão excêntrica que a única diferença que Aldebarã podia perceber agora era que as suas bochechas estavam avermelhadas, como se ela estivesse permanentemente corada com seu tom de pele levemente azulado.
A respeito de Arthur Yernam, embora ele já tivesse se apresentado para Aldebarã, seu propósito naquela missão era ainda misterioso...
Ele até tinha sido informado sobre o objetivo da missão, aquela história sobre encontrar as portas da morte era tudo muito interessante, mas lhe parecia ter saído de um conto infantil.
"Talvez seja astuto da minha parte que eu tente entender mais sobre o assunto". - Ele concluiu em seus pensamentos.
- Então, o General Vanko realmente permitiu a minha presença nessa loucura? - Aldebarã perguntou com um sorriso irônico, tentando ser despretensioso.
- Já tinha lhe dito que sim. - Violetta confirmou com um sorriso zombeteiro que sempre a acompanhava.
- E mesmo assim a moça correu para tirá-lo da cadeira da prisão do método antigo. - Yernam sorriu com seus dentes levemente amarelados. - Através de porradaria e tiroteio.
- Funcionou. - Aldebarã sorriu.
- Foram as ordens, eu ia tirar ele de lá mesmo que Vanko discordasse da ideia. - A Cruzídea encarou Aldebarã com uma expressão cheia de segundas intenções. - Sabe como é, eu adoro uma oportunidade de mostrar que eu sou Proditora e tudo o mais, mas sinceramente é muito mais divertido quando as coisas terminam em explosões.
- É, você parece optar por esse método a todo momento, muitos chamariam isso de irresponsável. - Yernam a observou, ele não parecia estar a atacando, mas sem dúvidas estava jogando algumas informações na mesa.
- É, obrigado Capitão óbvio, não duvido que você tenha feito uma visita na minha ficha pessoal de Obelisk nos últimos dias. - Ela riu, encarando-o como se conseguisse confirmar sua teoria apenas lendo os olhos do humano. - Sim, você estava mesmo me estudando, mas que ousadia, você não sabia que é feio bisbilhotar a vida de uma dama?
- Há Há, você não seria uma dama nem se estivesse vestida como uma, Capitã. - Ele riu, enchendo a própria caneca com mais daquele líquido espesso. - Uma pena que uma mulher bonita e habilidosa como você seja completamente louca.
- Obrigado. Eu acho. - Ela colocou os dois braços na mesa e afundou o rosto neles, deixando a cerveja de lado.
"Conversa estranha, não vai dar pra descobrir muito dessa forma." – Aldebarã pensou, cogitando mudar de assunto.
- Então, qual é a daquela garota Ikna? - Aldebarã perguntou.
Violetta deixou um olho escapar do confinamento dos próprios braços, era possível ver seu olho pequeno o observando através da fina máscara natural que o exoesqueleto provia, mesmo assim, ela não disse nada. Yernam olhou para Violetta como se esperasse que ela respondesse, mas ela não o fez, então ele pegou fôlego.
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Profundezas Ethéreas
FantastikNika quase sempre foi uma escrava, vivendo num submundo repulsivo de crime e violência ela viu a própria mãe morrer e foi obrigada a lutar em ringue por toda a adolescência, sem perspectiva de fuga. Mas em uma discussão política duas grandes nações...