*** Capítulo 16 ***

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Meu aniversário e o de Peter estava se aproximando, mesmo eu não comemorando ele há quase 4 anos, ainda não me sentia muito animada para isso, e por algum motivo, Peter também parecia se sentir da mesma forma.
- Ah, qual é? – começou Vivian enquanto tomávamos café da manhã junto com ela na cozinha – Será o primeiro aniversário de vocês dois junto comigo, sem contar que não é todo ano que vocês fazem 18 anos, certo? - perguntou ela novamente, tentando convencer a gente.
- Porque a gente não faz só um jantar? - perguntei
- É, só para a família. - concluiu Peter
Ouvimos o ronco de um motor diferente em frente de casa, olhamos pela janela da cozinha pra ver se víamos quem era, mas não conseguimos ver nada de lá. Levantamos indo até a varanda, e John estava sentado em um banco de frente para uma moto perto da entrada da garagem, quando ele nos viu, fez um gesto nós chamando para ir até ele.
- Isso é uma Harley Davidson? – perguntei me aproximando mais da moto
- Sim, - respondeu ele – é uma Dyna super glide 2008.
- De onde ela saiu? – perguntou Peter, olhando a moto mais de perto
- Um amigo estava me devendo, - começou John- resolveu me pagar com ela, mas ela precisa passar por uma manutenção.
Ele levantou do banco, limpando as mãos de graxa com uma flanela.
- Se me ajudar com isso, - disse ele me olhando – ela será sua.
- Sério? – perguntei quase sem acreditar
- E eu? - perguntou Peter com inveja
John tirou uma chave do bolso e lhe entregou.
- Você pode ficar com meu carro, - disse ele - considere um presente de aniversário adiantado.
Peter e eu nos olhamos, estávamos com um sorriso de orelha a orelha, soltamos um grito de empolgação e depois nos abraçamos. Eu estava começando a me acostumar a abraçar eles de novo.
Peter olhou pro John e em seguida saiu correndo, entrando em casa.
John e eu ficamos na garagem, eu não sabia nada de motos, mas estava disposta a aprender pra ficar com ela.
Já estava anoitecendo quando resolvemos parar, John foi na frente e eu fiquei um pouco mais fechando a garagem. Estava quase entrando em casa quando uma voz me chamou, fazendo meu corpo inteiro arrepiar.
- Sam?
Achei que era coisa da minha cabeça, mas quando me virei, ela estava lá parada na calçada, meu coração apertou ao vê-la. Ela parecia um pouco abatida, como se não dormisse há dias, mas continuava linda como eu lembrava.
- Vivian está em casa? - perguntou Alex
Afirmei, abrindo a porta pra ela. Fechei os olhos só de sentir aquele perfume no ar, todas aquelas lembranças ao lado dela vieram a tona como se eu tivesse levado um soco no estômago, balancei a cabeça em seguida, tentando não pensar em nada.
- O jantar está pronto, - informou Vivian quando entrei - lave suas mãos bem lavadas, ok?
Afirmei, indo até a pia. Vi Alex e ela conversando próximo a escada, parecia que algo muito sério havia acontecido, vi Vivian gesticular bastante como se desaprovasse alguma coisa, mas não consegui ouvir nada do que elas falavam.
Enxuguei as mãos indo me sentar ao lado de Peter ainda olhando para elas, até perceber que John estava me olhando.
- Sabe o que está acontecendo? – perguntei baixinho para ele
Ele apenas negou com a cabeça, voltei a olhar para elas, e vi Vivian se dar por vencido pela primeira vez. Ela abraçou Alex, e em seguida indicou um lugar a mesa a ela.
- Sobre o aniversário, - começou Vivian ao sentarem conosco - vocês tem certeza que não querem festa?
Peter e eu afirmamos. Alex parecia querer perguntar alguma coisa, mas ficou quieta na dela.
- Ok, - concordou Vivian - então eu vou fazer uma lasanha e um bolinho simbólico, só pra não dizer que teve bolo, ok?
- Está ótimo! - concordou Peter

Depois do jantar, fui para meu quarto tomar um banho daqueles, ainda estava suja de graxa e aquilo era difícil de tirar.
- Alex parecia triste conversando com Vivian... – pensei, enquanto me banhava
Mesmo fazendo quase duas semanas que não a via, parecia que tinha sido ontem que tínhamos nos beijado. A forma que ela havia retribuído, parecia que eu não era a única que queria aquilo. Pensar nisso fez meu corpo esquentar.
- Que merda é essa que tô pensando? – suspirei um pouco alto
Terminei meu banho saindo do banheiro com a toalha na cabeça enquanto enxugava meu cabelo, quase dei um pulo ao ver Alex olhando para mim.
- O que está fazendo aqui? - perguntei me enrolando rapidamente, eu estava completamente nua, e mais uma vez ela tinha me visto assim
- Desculpa, - pediu ela desviando o olhar, seu rosto estava completamente vermelho – tia Vivian me pediu para esperar aqui.
- O que? Porque? – perguntei
Antes que ela pudesse responder, Vivian entrou no quarto segurando roupas que provavelmente eram para Alex.
- Alex vai passar uns dias conosco, - informou Vivian - a mãe dela está fora do país e... – elas se olharam fazendo Vivian suspirar – só não se matem, ok? Já percebi que vocês estão brigadas, mas acho que vocês devem aproveitar o máximo agora para se entenderem, certo Alex?
Alex baixou a cabeça.
- O que isso quer dizer? – pensei, percebendo aquele clima estranho entre elas duas
Vivian colocou as roupas de Alex em cima da minha cama e me olhou em seguida.
- Algum problema em ela ficar aqui com você? - perguntou Vivian
Ela estava muito assustadora, nunca tinha visto ela assim, então apenas neguei, fazendo ela sair do quarto, fechando a porta em seguida.
Estávamos novamente sozinhas, juntas naquele quarto como na primeira vez em que ela veio aqui, naquela época, eu me sentia ansiosa por causa daquele plano, agora meu coração doía porque eu sabia que não seríamos mais como antes, e isso me fez querer chorar.
- Eu não queria incomodar você ou a tia Vivian, – disse ela meio sem jeito – mas minha mãe...
- Você não... - dei uma pausa olhando pra ela – você não incomoda, eu vou só... – comecei a falar, mas travei e me virei indo até o guarda-roupa
Peguei uma blusa e uma bermuda voltando para o banheiro em seguida sem olhar para ela.
- Isso dói... – pensei, levando a mão até o peito, e acabei começando a chorar ficando de joelhos no chão.

Sai do banheiro após me acalmar mais, e vi Alex parada de frente para meu quadro de recados, ela se virou para mim com o pingente da coruja que eu havia feito nas mãos.
- Você que fez? - perguntou ela me mostrando o pingente
- Foi, - respondi me aproximando da cama - isso é pra você.
- Pra mim? - perguntou ela olhando para a coruja - Porque faria isso pra mim?
Passei a mão na nuca meio sem jeito.
- Era pra agradecer pelo apanhador de sonhos. - respondi, apontando para ele em cima da cabeceira da minha cama
Ela levou a coruja ao peito com os olhos marejados.
- Obrigada, Sam.
Suspirei, indo tirar a cama dela de baixo da minha. Enquanto eu fazia isso, ela guardou suas roupas no espaço que eu havia separado para ela na época em que namorávamos de mentira, e depois pegou o travesseiro e o lençol que ela sempre usava quando ia pra lá.
- Qualquer coisa você pode me acordar, - comecei – ou pode ir falar com a Vivian se preferir.
Me virei para ir me deitar, mas ela segurou em meu braço fazendo meu corpo todo estremecer.
- Sam... – chamou ela, me fazendo sentir aquelas borboletas no estômago que eu achava que não iria mais sentir tão cedo.
Virei o rosto de devagar olhando para ela.
- Eu queria pedir desculpas, - começou ela – por todas as coisas que te fiz passar, principalmente pelo tapa...
- Está tudo bem Alex, - a interrompi – você não fez nada de errado, agora não vai ser preciso fingir um término quando as aulas voltarem.
Ela mordeu o lábio inferior olhando para baixo, como se algo no que eu falei a incomodasse.
- Eu não queria que tivesse terminado assim, - confessou ela – eu não queria que...
Ela cobriu o rosto com uma mão e pude perceber que seu corpo todo tremia. Segurei em sua outra mão, puxando-a para perto de mim, e a abracei.
Ela segurou em minha blusa, colocando o rosto em meu pescoço começando a chorar.
- Está tudo bem, - sussurrei em seu ouvido e isso a fez segurar firme em minha blusa – nos só terminamos uma relação de mentira, era apenas isso que ela era, certo? Um namoro de mentira? Eu que errei em me apaixonar por você.
Ela me olhou, com os olhos marejados.
- Nós ainda somos amigas? – perguntou ela
Meu estômago embrulhou, não sei como poderíamos ser amigas depois de tudo aquilo, mas afirmei.
- Sim, somos..

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