III

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14 anos atrás...

Nu, o jovem casal fitava o teto, deitados em um fino colchão. Ryan brincava com os cabelos de Christini, enquanto sustentava um sorriso bobo no rosto cansado. Três empregos e um futuro com aquela garota. Este motivo bastava para justificar todo o sacrifício que vinha fazendo nos últimos tempos.

— Eu te amo – disse a garota, virando-se de bruços, apoiando o queixo no peito do jovem.

— Eu sei. – Ele alargou o sorriso.

Christini gargalhou alto, beijando o peito de Ryan em seguida.

— Por favor, Ryan. Já conversamos... Star Wars só quando estivermos vestidos e de preferência, fora da cama.

— Que, mané, fora da cama! – Ele riu, apoiando a cabeça por cima do braço. – Star Wars é puro charme, não tenho ideia de como você não fica excitada.

— Aham, sei! – A menina pôs uma mecha atrás da orelha, enquanto mordiscava o peito do garoto. – Vou tomar um banho, senhor Han Solo. – Levantou-se. – Vê se deixa a Millennium ancorada até eu voltar.

— Viu só! – disse, rolando no colchão – Eu já estou excitado... Essa deveria ser a lógica da vida.

A meio caminho do banheiro, ela voltou-se para o garoto que agora estava de bruços no colchão.

— Eu não estou na cama. – disse, erguendo as mãos – Isso se chama "respeitar as regras".

— Mas ainda tá pelada. – Um sorriso maroto acompanhado de sobrancelhas arqueadas nasceu na face de Ryan.

— Você tem um ponto. – A menina sorriu. – Mas não vá se acostumando.

O garoto gargalhou, deixando que as costas cansadas voltassem a bater no colchão. As duas mãos foram para trás da cabeça e ele fechou os olhos. Tudo seria compensado depois, quando se tornasse uma história a ser contada.

Há duas semanas finalmente conseguira alugar uma casa. Os móveis aos poucos apareciam nos cantos, mas alguns ainda estavam nos planos. A cama era a última de suas preocupações. Um colchão seria o suficiente por enquanto. E depois de tudo, Ryan voltara a ser feliz. Por ele e Christini, mas principalmente por seu irmão. John poderia finalmente começar sua própria vida, uma vez que o irmão caçula deixara de ser seu dependente. Depois de tudo que passaram, acreditava que seu irmão e ele mereciam isso.

Ryan se sentou na cama e buscou o velho vídeo game que ganhou do irmão mais velho como presente de "alforria". Por conta do corpo magro que possuía, John, sempre dizia que Ryan era como seu escravo mal cuidado que fora adquirido na guerra.

A tela inicial surgiu a sua frente, levando a memória do irmão consigo. O joystick foi firmemente preso em suas mãos enquanto o jogo se iniciava na televisão de tubo, com uma estranha mancha verde no canto superior.

O celular de Christini começou a tocar no exato momento em que ele iria começar a jogar. Ele encarou o visor, que mostrava um numero não registrado, com estranheza. Ignorando-o, ele voltou para o jogo. O celular emitiu vários alertas de mensagem, logo após a ligação ser encaminhada para caixa postal.

— Só pode ser a mãe dela – disse, torcendo o lábio. – Tini, acho que sua mãe tá te ligando! – Gritou.

— Quê?! – O som ecoou do banheiro.

O garoto levantou e caminhou até a porta. Os músculos, cada vez mais evidentes, desenhavam as costas.

— Sua mãe tá te ligando! – Gritou frente a porta.

— Ah! – A menina gritou. – Deixa aí que depois ligo pra ela!

— Mas ela não para de mandar mensagem! Já deve ser a quinta, eu vou responder, de repente é algo importante! – disse, pressionando o botão de desbloqueio.

UMA NOVA CHANCE - O Velho RyanOnde histórias criam vida. Descubra agora