O Maverick parou em frente à casa na Rua 17. Mirela desceu do carro antes que Júnior desse sossego ao motor que ronronava em marcha lenta.
— Vê se tira um cochilo, Mi. Eu acho que vou fazer o mesmo. – Sorriu. – Tomar um tiro porque tava cagado de sono não vai pegar bem com o pessoal do departamento.
Mirela sorria enquanto esfregava o rosto, apoiada na janela do carro.
— Entra, Júnior. Vem tomar um café comigo e com o Víni.
— Se a gente beber mais café – disse, entre risos -, vamos abrir uma úlcera no estomago, além de não descansar...
— Entra logo, Júnior. – disse, arqueando uma sobrancelha.
— Já que você pediu com jeitinho, eu entro.
Júnior se esticou pelo banco do passageiro e começou a rodar a manivela da máquina do vidro, descendo o pino da porta no final. Ele saiu, encarando a mulher de olhos vermelhos que o encarava de volta com um sorriso cansado. Mirela foi à frente, abrindo passagem pelo portão até a porta com o homem a tiracolo.
— Víni! – disse, assim que entrou, retirando os sapatos – O Júnior tá aqui, veste uma calça!
A mulher não obteve resposta e caminhou até o quarto do menino com o cenho franzido. Vinícius não costumava sair do quarto.
— Ele não tá em casa? – disse, da porta.
— Parece que não... Onde será que esse moleque se meteu?
— Namoradinha?
— A tal da Luna anda mesmo virando a cabeça dele do avesso.
A palavra "namoradinha" fez geminar uma ideia na mente de Mirela, enquanto caminhava para a cozinha. O homem riu com o comentário da parceira e, sem saber do processo que se formava na mente da mulher, se acomodou no sofá, bocejando. Cinco minutos depois, Mirela retornava com duas xícaras bem servidas de café.
— Obrigado – disse, ao segurar a xícara.
— Não me agradeça ainda, Júnior – disse, com olhar malicioso por sobre a caneca.
— Quê?
— Nada não – disse, baixando a caneca –, Só tava falando pra não me agradecer. É solúvel.
O homem sorriu.
— Eu percebi... Essa modernidade é aguada.
A mistura de nojo e sono expostas pelo semblante do homem fez Mirela sorrir.
— Sinto muita falta do Netflix, sabia? – disse, encarando o próprio café.
— Se fosse só você – disse, tomando mais um gole –, eu ficaria feliz...
A investigadora levou o último gole do café à boca e encarou a xícara vazia em suas mãos.
— Droga... O café sempre acaba rápido de mais.
— Eu tô dando graças a Deus que o meu vai acabar agora. – Virou a caneca na boca. – Enfim... – Pôs a caneca sobre o criado mudo. – Obrigado pelo café, mas preciso ir.
Júnior se levantou e foi em direção a porta, cruzando os dedos em um levantar de braços banhado por um forte bocejo.
— Magina...
A mulher pôs a caneca no sofá e se levantou, encarando as costas do homem que caminhava para porta. Os braços formaram um xis na frente do umbigo e as mãos correram para a bainha da camisa, puxando-a para cima.
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UMA NOVA CHANCE - O Velho Ryan
Misterio / SuspensoChristini não sabia quanto tempo o passado levaria para cobrar sua dívida, até o dia em que acordou acorrentada àquela cadeira. Ryan, um velho amante, à sequestrou, e agora usava todas suas lembranças contra ela, em um desesperador jogo de tortura...