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O GPS informou o destino final e o Maverick parou a poucos centímetros do meio fio. Souza girou a maquininha de vidro e encarou a velha casa.

— Quando eu era moleque, costumava vir aqui com meu pai. – Cochichou.

Mirela franziu o cenho, encarando o parceiro.

— Sério?

— Sim, isso era uma pizzaria antigamente. – Virou-se para ela.

A mulher riu baixinho

— Que bela sessão nostálgica, Júnior, mas temos serviço.

Mirela soltou o cinto de segurança e retirou a arma do coldre, conferindo-a. O motorista repetiu a mulher e ambos guardaram suas armas novamente.

— Vamos? – Mirela Puxou o pino da porta.

— Não esquece o mandato.

Júnior já havia batido a porta do carro antes mesmo de terminar de dizer, não fosse o vidro baixo, Mirela não teria ouvido o final da frase. As mãos da mulher estavam vasculhando a papelada dentro do porta-luvas em busca do envelope pardo, quando ouviu o disparo ecoar pela rua vazia, e viu Júnior parar a quatro passos da casa. Ela puxou o envelope e saiu do carro, tomando cuidado para não bater a porta e alarmar o silêncio a sua volta.

— Tarde? – disse, Mirela.

Júnior já desabotoava o coldre quando a parceira emparelhou ao seu lado.

— Tomara que não... – disse, analisando a casa.

O investigador vasculhou a rua há procura de civis, antes de menear a cabeça, retirar o revolver do coldre e seguir Mirela até o portão, sempre apontando o revolver para frente, junto ao corpo. A rua estava deserta, não havia uma única alma sequer, a brisa soprava um ar dominical, mesmo sabendo que era meio de semana.

Mirela analisou o trinco do portão enquanto Júnior montava guarda.

— Destrancado? – disse, Júnior.

— Destrancado.

Com um movimento rápido, Mirela abriu o portão evitando o barulho, dando passagem para o parceiro que caminhou pela rampa de acesso até pressionar as costas contra a parede que flanqueava a porta de entrada, Mirela se posicionou a frente da porta ainda fechada, com arma em punho e olhos atentos. O homem esticou a mão direita para a maçaneta e fixou os olhos nos da Mulher, aguardando o sinal. Um sorriso largo surgiu nos lábios da mulher e Júnior sentiu a adrenalina crescer dentro de si. O sinal foi dado e a maçaneta girou escancarando a porta. Mirela se jogou para dentro, primeiramente revistando o banheiro e dando passagem para que Júnior novamente tomasse a frente.

*****

Pressionando o botão vermelho do aparelho, Ryan empurrou arma e gravador para o meio da mesa, sem deixar de fitar os olhos verdes de Christini.

— Tá na hora de escolher, Tini. – disse – Pode me matar e ir pra cadeia ou pode pegar o gravador e me jogar na cadeia. A decisão é toda sua.

Christini respirou fundo, agora encarando o revolver a sua frente.

— E o que vem depois da segunda opção?

— Você pode se unir a nós, construir um mundo que valha a pena viver e se livrar de toda dor que ele causou nesses últimos dias – disse, Pâmela.

Christini encarou a loira recostada sobre o gaveteiro de arquivos, sustentando um olhar sombrio, antes de voltar a encarar os olhos do homem que sorria a sua frente.

UMA NOVA CHANCE - O Velho RyanOnde histórias criam vida. Descubra agora