CAPÍTULO 20_DAVI FICA CONFUSO...

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"A educação é a chave para abrir a porta dourada da liberdade. "– George Washington Carver


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Davi achou estranho chegar na cozinha e ver a mesa do almoço posta sem ter Arlete para servi-lo...sem ter Arlete para perguntar se ele iria querer mais alguma coisa especial...um ovo frito com a gema bem mole, talvez? Ou uma omelete com queijo e orégano?

Arlete sabia do que ele gostava e como ele gostava!

Na falta de Arlete, Iolanda sabia como ele preferia as coisas! Sentia-se sem rumo, sem chão, fora do prumo: as duas mulheres que poderiam estar cuidando dele estavam longe e isso nunca havia acontecido em sua vida! Na falta de uma...a outra sempre estava perto!

Reconheceu que foi triste não encontrar o seu pão já com manteiga e teve dificuldades em tomar o café com leite que não tinha sido preparado por ela. Arlete sabia a dose  certa do leite e do café que ele gostava...como nunca prestou atenção, não ficou igual.

Érick já estava sentado almoçando e se cumprimentaram formalmente.

_Esta empregada devia ter pegado algumas dicas com a Arlete!_reclamou sem se conter._Odeio cebola picada em cubinhos...prefiro rodelas fininhas e a gema do ovo está dura demais! 

Érick fingiu que não o tinha ouvido e continuou a comer.

O silêncio do outro incomodou o dono da casa.

Sabia que o empregado devia estar alimentando os cães e limpando o canil que ficava atrás da casa e também que a empregada aproveitava que os quartos estavam vazios para limpar o segundo andar, por isso todo aquele silêncio incômodo no primeiro andar.

_Êita que o arroz virou um grude! "Unidos venceremos!"_tentou fazer piada, mas ou outro não riu, o ignorou.

Aquela postura do hóspede o deixou desconsertado: será que ele o ignoraria por quinze dias? Seria essa a técnica dele para "educar" o futuro dono daquelas terras?, pensou Davi curioso.

Tentou novamente manter um diálogo com o outro.

_Bom que combina com o suco que está melando!_fez uma careta._Agora não vai ter açúcar para o café, pode apostar!

O artista  o encarou sério, enquanto Davi sentava-se visivelmente contrariado com o almoço preparado pela empregada.

_Você nunca passou fome, né?_disse Érick sem se conter.

_Graças a Deus nunca!_falou com entusiasmo exagerado, percebendo que demonstrara estar muito feliz por ter com quem conversar, finalmente._ Você já?

_Pior. Não só eu como também a minha  irmã já passamos muita fome! A gente não consegue sorrir, dormir, ter energia pra nada...a gente só pensa em comida, em saciar a fome, em eliminar aquela dor que corrói o estômago vazio! Você  nem imagina o que é isso, Davi...ver a pessoa que você mais ama na vida e que está sob sua responsabilidade passar fome ao seu lado...e você não ter nada pra dar pra ela!_desabafou com sinceridade sem desviar os olhos sérios dos olhos surpresos  do dono da casa.

Davi ficou chocado com aquela declaração tão direta!

_É...acho que deve ser terrível!_gaguejou desconsertado.

_Não...você não  acha, senão não reclamaria tanto da comida! Está tudo perfeito...uma delícia!

O dono da casa bateu as costas do garfo  no monte de arroz que fizera no meio de seu prato mal feito, pois era Arlete quem fazia o prato dele sempre!

MATÉRIA BRUTA- Armando Scoth Lee-romance gayOnde histórias criam vida. Descubra agora