CAPÍTULO 2-SINTONIA ESPIRITUAL

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"Um homem aponta o céu. 

O tolo olha o dedo...

O sábio vê a lua." (Provérbio Chinês)


(Brasil) 

Davi Pedro Souza, 35 anos, remexeu-se na cama, tentando achar a melhor posição para dormir naquele noite quente e abafada!

O sono demorou a vir, apesar de estar cansado do dia intenso de trabalho.

Deitara-se mais cedo, lá pelas 21 horas, mas o sono só veio depois das 23. 

O sonho estranho começou assim que ele atingiu um estado de sono profundo.

Viu  um salão enorme, vazio e todo branco. As janelas refletiam a luz intensa de uma manhã magnífica! 

Davi estava numa janela olhando os campos a perder de vista numa planície que não tinha fim. 

Respirou e sentiu o cheiro da terra molhada, indicando que a chuva não partira há muito tempo.

Vestia apenas uma cueca branca e o vento batia suave em seu rosto, seus cabelos, seu peito completamente nu.

Sentiu uma mão suave em seu ombro, enorme e macia...bem diferente das mãos de uma garota...mas ele não se importou, pois estava bom aquele toque, aquela carícia, aquele aconchego gostoso em seu pescoço, nuca, cabelos.

O agricultor fechou os olhos e deixou-se conduzir pela pessoa que tampou seus olhos suavemente, sem violência alguma, apenas conduzindo de forma sedutora o seu corpo em passos suaves, seguros, cadenciados para longe da janela.

Davi permitiu que o estranho o posicionasse bem no meio do quarto, ele percebeu ainda sem abrir os olhos, retirasse sua última peça de roupa de forma lenta e gentil.

Ele não quis reagir...não havia por que...não tinha nada de errado naquilo...ele sabia em algum ponto de sua mente que era o certo a fazer...aceitar sem protestar.

Agora, as mãos macias deslizavam pelo seu corpo totalmente nu...cabeça, ombros, boca, peito, braços, barriga, sexo, pernas...espalhando um desejo que o fazia eriçar-se todo, gemer alto, num prenúncio de gozo carnal!

Sentiu que aquela presença masculina ajoelhava-se aos seus pés e ia subindo lentamente, feito uma serpente que se desenrola, cheirando os seus pés...cheirando o seu sexo...cheirando as suas axilas...o seu pescoço...o seu rosto...E aí vieram os beijos pelo seu corpo totalmente nu...totalmente quente e receptivo...totalmente  entregue àquela experiência extremamente excitante!

O agricultor sentiu o corpo esticar-se na ponta dos pés, cabeça erguida com os olhos voltados para o céu, rangendo os dentes como se a espera fosse insuportável, quando, lamentavelmente,  sentiu o homem afastar-se!

Estendeu a mão direita com urgência, tentando pegá-lo, trazê-lo de volta... e abriu os olhos aflito, querendo mais...a tempo de ver que o outro  agora não  era mais corpo, mas apenas tinta...muita tinta grossa, encorpada...brilhante...azul anil intenso!*

O agricultor Davi percebeu, paralisado, a tinta dançar enorme...mais alta do que ele...do formato  de uma onda...tomando formas majestosas de figuras abstratas...fonte...onda...árvore...cachoeira...braços e mãos enormes e azuis!

O agricultor sorriu sem perceber...excitado como se pressentisse o que viria a seguir!

Não queria se afastar...não queria sair dali...a tinta dançante o prendera em seu feitiço! Sabia que o corpo azul disforme a sua frente era, na verdade, o que outrora fora o seu observador ousado...o homem que lhe cobrira o corpo de carícias...de cheiros...de beijos...de toques excitantes...que lhe arrepiara a pele e acendera  o fogo em seu sexo agora duro...seu esfíncter pulsante!

MATÉRIA BRUTA- Armando Scoth Lee-romance gayOnde histórias criam vida. Descubra agora