CAPÍTULO 3-CHEGAM ALESSIA E PIETRO

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"Não conte com o ovo no cu da galinha!" (sabedoria popular)



Davi chegou no bar de sempre, para encontrar os amigos de sempre e para tomar a bebida de sempre. Aquilo já se tornara uma rotina nos últimos dez dias após a morte do irmão  mais velho.

_Olha ele aí vindo bater o cartão de ponto!_comemorou um de seus amigos visivelmente bêbado.

_Achei que iria deixar os amigos na mão, Davizito! Errou a hora porque estava atolado no rabo de alguma puta?_gritou outro de forma enrolada.

Caíram na gargalhada já totalmente alterados pelo álcool.

_Respeitem um homem que bebe pela morte do irmão, cambada!_exigiu já se apossando de um copo cheio abandonado num dos cantos da mesa. Avaliou que fosse pinga, pois subiu à cabeça instantaneamente.

_O respeito vem junto com uma rodada para todo mundo?_incentivou um terceiro.

O bar estava quase cheio, mas ele sabia que o outro se referia àquela mesa com os sete amigos mais chegados.

Davi  riu de lado, virando dois copos de cerveja antes de responder. 

_Seus filhos da mãe...vão secar a fonte detonando o meu patrimônio só pra encherem a cara!_disse já jogando um bolo de cédulas sobre a mesa de maneira arrogante.

_E olha que ele está cheio da grana, gente!_comemoraram.

_E vou estar sempre cheio, porque eu não vou seguir o exemplo do Nicolau, podem acreditar! Eu estou aqui, firme e forte...bem vivo, enquanto ele, onde está? Comendo capim pela raiz, uma hora dessas! Todo certinho, nunca bebeu, nunca fumou...

_Nunca trepou..._uma voz anônima gritou ao fundo, fazendo todo mundo rir.

_Ôpa, que eu não vou deixar que falem mal do mano velho que está financiando as nossas rodadas!_protestou virando um pouco da cerveja no chão, como a dividir com o falecido.

A garçonete veio com mais cervejas. Ele percebeu que era Carla e que ela parecia ainda não tê-lo perdoado pela última noite juntos, há alguns dias.

Os homens contiveram uma risada ao ver o rosto da garota que parecia mais inclinada a quebrar uma das garrafas na cabeça do homem que bancava aquela rodada.

_Acho que esta daí não deita com  você mais, Davi!_provocaram.

_Não se eu puder evitar, porque me esfolou o pau e ainda queria mais! 

Os homens vaiaram, sem se preocupar se a garota estava vermelha de vergonha!

_Pior pra ela, porque o que não vai me faltar agora é mulher pra encher minha cama! Acho que vou fazer a minha parte e a parte do meu falecido irmão._soltou o agricultor.

A gargalhada corria solta, enquanto ele tentava afogar a dor da perda, mais ainda a mágoa por sentir-se enganado por Nicolau.

Sentia-se traído, pois sempre amara o irmão. Sempre acreditara que ele também o amasse. 

O  anúncio de que ele deixara um testamento que deveria ser lido nos próximos dias, e que para fazer isso deveriam esperar a chegada de um suposto amigo do falecido, o decepcionara! 

Davi achava que seria o único herdeiro, quando muito, o mais contemplado, deixando alguma lembrancinha para a sua mãe, irmã e, claro, a governanta que trabalhava há décadas com eles. Mas agora descobrir que  um italiano de quem ele nunca soubera da existência também fora convocado para estar presente à leitura do testamento, realmente o irritara profundamente!

MATÉRIA BRUTA- Armando Scoth Lee-romance gayOnde histórias criam vida. Descubra agora