WILD HEART

Jealous

Brad me evitou o resto do jogo, nem ao menos me olhava. Na verdade, mal interagia com o jogo mais, foi ele quem sugeriu que o jogo acabasse. Assim que os convidados começaram a ir embora, Brad subiu as escadas sem falar com ninguém, isso não era normal dele. Sem me despedir de ninguém, subi as escadas atrás dele e caminhei em direção ao seu quarto que estava com a porta entreaberta. Dei dois toques mas não obtive resposta então entrei.

— Brad? – Chamei ao não vê-lo no quarto, encostei a porta, caminhando pelo quarto até ele aparecer na porta do banheiro sem camisa, ainda com a cara fechada. — Você subiu sem falar com ninguém, achei estranho. Tudo bem?

— Só estou cansado. – Disse me dando as costas e caminhando para seu closet.

— Brad, você sabe que pode me dizer qualquer coisa, não sabe? – Parei na porta do closet, me encostando no batente enquanto ele tirava sua roupa, ficando apenas de boxer, virado de costas para mim. Já havia visto ele dessa forma inúmeras vezes, mas nunca me acostumava. Mordi meu lábio inferior, observando seus músculos das costas e dos braços.

— Eu sei. – Ele continuou me evitando, passando por mim ao voltar para o quarto. — Acho melhor você dormir aqui em casa, já está tarde para voltar para o seu apartamento. Fica com o meu quarto e eu durmo com um dos meninos ou na sala. — Ele estava prestes a sair do quarto quando seguro sua mão, puxando ele para mim, obrigando-o a me olhar.

— Por que você está assim comigo? Você está me evitando há horas. Acha que não percebi? — Questionei com o cenho franzido, o vendo suspirar baixo. — Quantas vezes já dormimos na mesma cama? Por que hoje, depois de tanto tempo de amizade, você decide dormir em outro lugar? – Ele se manteve em silêncio então soltei sua mão. — Quer saber? Eu vou para a minha casa.

Sai do quarto sem olhar para trás, descendo as escadas enquanto pisava duro, não sabia se estava mais furiosa ou magoada. Passei pelas pessoas sem nem olhar, mal percebi que já estava do lado de fora da casa quando senti alguém me puxar pelo braço. Pensei ser ele, mas era Blake. Não que fosse ruim, mas eu realmente odeio ficar desse jeito com um dos meus melhores amigos.

— O que aconteceu? Você passou pelas pessoas sem nem olhar para ninguém, determinada demais a ir embora sem falar.

— Eu e o Brad brigamos. Quer dizer, não brigamos porque ele nem fala comigo então não teria como, mas a situação não está boa. Só quero ir pra minha casa e dormir o resto do dia. – Suspirei baixo, mexendo no meu cabelo.

— Vem, eu te dou carona. No caminho podemos conversar sobre isso, se quiser.

— Blake, não precisa se incomodar, posso pegar um táxi. – Sorri amarelo, mas ele insistiu então acabei aceitando.

Já dentro do carro, ele colocou meu endereço no gps e deixou o volume do rádio bem agradável, o que era ótimo depois de tanto barulho. Ele desviou o olhar da rua para mim por um momento e me questionou.

— Quer conversar sobre isso? – Neguei com a cabeça, abraçando meu corpo. — Você ao menos sabe o motivo dele estar te evitando?

— Não sei... Talvez por causa do jogo, o body shot, mas isso não é motivo pra ele ficar assim comigo, ele também jogou. Nós somos amigos, já jogamos Verdade ou Desafio outras vezes e ele nunca ficou desse jeito. Tá tudo muito estranho... – Suspirei baixo, desviando o olhar para a janela.

— Talvez ele esteja cansado e tenha bebido demais. Tenho certeza que tudo vai voltar ao normal em breve. Nós dois sabemos como você é importante pra ele e posso garantir que ele não te perderia por causa de um jogo. – Ele sorriu confiante para mim, não pude evitar sorrir para ele. Ele tinha aquele jeito de sorrir que poderia derreter gelo em um segundo, aquecia o coração e confortava.

Pouco tempo depois ele estacionou o carro em frente ao meu prédio e me virei para agradecê-lo após tirar o cinto de segurança.

— Muito obrigada pela carona! Foi muito gentil da sua parte. – Coloquei a mão na maçaneta e tornei a olhá-lo. — Você quer entrar?

— Não, melhor eu te deixar dormir em paz e fazer o mesmo. – Ele riu baixo, passando a mão em um dos olhos. — Mas o que acha de sairmos mais tarde?

— Acho uma ótima ideia. 19h?

— Perfeito! Passo pra te buscar.

Sorri e acenei para ele após sair do carro. ntrei no meu prédio, indo até o elevador para chegar ao meu andar. Normalmente eu subiria de escadas, aquelas pequenas práticas saudáveis do dia a dia, mas não hoje. Eu só queria a minha cama, dormir, descansar, esquecer os problemas com o Brad e torcer para não ter uma ressaca daquelas.