Hitting the road

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Antes da turnê começar, passei o tempo me organizando, queria garantir que não em esqueceria de nada e tudo sairia como o planejado. Eu estava ansiosa para começar, pensava nisso todas as noites e até tive dificuldades para dormir, recorrendo aos bons e velhos chás de camomila e erva doce antes de me deitar. Outra coisa que me ocupou o tempo de forma positiva foi me aproximar de Brenda, estávamos cada vez mais amigas e unidas, juntas de um lado para o outro para qualquer coisa, nem que fosse pra ir ao banco com a outra e ajudar a passar o tempo daquela espera imensa em consultas e exames de check-up geral antes dos shows, todos faziam e nós não seríamos exceções.

Finalmente o dia de pegarmos a estrada chegou e eu não poderia estar mais animada com isso, acordei antes mesmo do despertador tocar. Brenda e eu combinamos de dividir um táxi até o ponto de encontro, depois dali eu e ela iríamos em ônibus diferentes.

Ela me abraçou antes de entrar no ônibus e sussurrou no meu ouvido.

— Use camisinha e lembre-se que no outro ônibus tem outro pra você aproveitar então não gaste toda sua energia nessa beliche. — Riu, dando um tapa na minha bunda antes de se afastar, me deixando boquiaberta e com o rosto queimando. Essa é a minha mais nova melhor amiga.

— Bia? — Ouvi Tristan me chamar na porta do ônibus. — Você vem ou desistiu de ficar presa com a gente por horas no ônibus? — Ele brincou, me fazendo rir com ele enquanto caminhava em direção ao ônibus, entrando nele pouco antes de fecharem a porta.

— Pronta pra cair na estrada com seus quatro melhores amigos? — Connor questionou quando entrei na sala da frente do ônibus, onde haviam dois sofás, uma mesa e um frigobar. Atrás de uma porta que dividia o ônibus tinham as beliches, em seguida um pequeno banheiro na lateral. No fundo do ônibus, depois de outra porta dividindo os ambientes, tinha outra sala com sofás, essa com televisão, vídeo game e tudo que ajudasse os meninos a relaxarem e se distraírem durante o caminho.

— Eu nasci pronta, meu caro. — Disse em tom divertido, observando eles sentados nos sofás.

— Eu acho que deveríamos brindar. — James disse enquanto pegava latas de refrigerante, ouvindo a reprovação dos outros. — Não podemos começar a turnê bêbados.

— Ele tem razão, guys. — Eu ri enquanto olhava para eles, Tristan revirava os olhos enquanto Connor afundava no sofá e Brad estava rindo.

— Tão chato... Agora temos um pai e uma mãe na turnê. — Tristan debochou, James fez careta e eu ri.

— Sendo assim, é melhor me obedecer. — Pisquei para ele, pegando minha lata de refrigerante. James pigarreou, chamando nossa atenção. — Hora de ouvir o papai, crianças. — Continuei a brincadeira, fazendo James me olhar estranho e rir, balançando a cabeça negativamente.

— Um brinde a primeira turnê com a nossa melhor amiga a bordo. Que seja apenas o começo de mais uma das nossas aventuras. — Eles começaram a gritar enquanto nossas latas se tocavam, em seguida bebemos um pouco do refrigerante. Brad me puxou para o seu colo, sorrindo para mim, depositando um beijo no meu ombro.

— Bem vinda a sua nova casa por algumas semanas. — Eu sorri para ele e afaguei seu cabelo por um momento, mantendo meu olhar nele enquanto ele me abraçava pela cintura.

— Se forem fazer algo nas beliches, sejam silenciosos. E se protejam, jovens. — Tristan comentou antes de dar um gole no seu refrigerante. Brad e eu estávamos corados e os outros riam. — Ou não, eu até gostaria de ser tio. Cara, eu poderia ensinar tantas coisas para ele. Ou ela.

— Tristan. — Ele desviou o olhar para mim. — Cala a boca. — Eu ri, passando um dos braços pelos ombros de Brad. Eu e ele ainda não estávamos nesse estágio e acho pouco provável que a primeira vez aconteceria em uma beliche minúscula com nossos amigos dormindo próximos.

— Trist, eles tem muito pra aproveitar antes de terem proles, se é que me entende. — Connor sorriu malicioso, cutucando o amigo com o cotovelo e Brad arremessou uma almofada na direção dele enquanto ria.

— Eu realmente não sei porquê eu sou amiga de vocês. — Comentei revirando os olhos enquanto ria. — Como vocês costumam passar o tempo no ônibus?

— Dormindo. — Brad comentou, rindo baixo.

— Jogando videogame. — Tristan acrescentou.

— Comendo. — Connor disse já pegando um pacote de bolachas para comer.

— Cantando músicas dos anos 90 como Backstreet Boys. — James sorriu já olhando para Brad porque ele tinha esse costume com sucessos dos anos 90. 

Eu ri baixo e alcancei minha bolsa, pegando minha câmera fotográfica. Era bom mantê-la em mãos e começar a registrar a turnê desde o ônibus, depois hotéis, shows, backstage, tudo. Registrei algumas de suas brincadeiras, caretas e danças, eu amava fotos espontâneas. Eu não preciso dizer que as horas sempre voavam com eles né? Mesmo quando não estávamos fazendo nada eu estava feliz, contanto que eles estivessem ali.

Por um momento, peguei Brad observando a janela, parecia longe, pensativo. A forma que ele olhava o horizonte e alguns raios de luz iluminavam seu rosto faziam ele parecer o modelo perfeito de uma obra de arte. Eu precisava registrar aquela cena, era boa demais para guardar apenas na memória e não ser compartilhada. Após a fotografia, analisei cada traço com um sorriso no rosto, como ele pode ser real e tão bom pra mim? Eu realmente mereço?

— Você está babando. — James sussurro no meu ouvido e riu baixo, se afastando,caminhando em direção ao frigobar. Brad percebeu a risada de James e se virou para nós com um sorriso.

— Ei... — Ele disse e eu sorri, me sentando ao lado dele. — O que eu perdi? — Ele riu baixo, apontando para James com a cabeça.

— Nada de mais... No que estava pensando? Parecia bem distraído. — Questionei curiosa.

— Só pensando no que essa turnê reserva. — Franzi o cenho sem entender, fazendo ele rir baixo. Era uma resposta muito ampla. Provavelmente por isso ele estava pensando tanto, são muitas possibilidades.

— Em que parte exatamente?

— No todo. — Ele se acomodou no sofá e voltou a me olhar. — Sobre nós, você e Blake, os fãs, os shows, como tudo pode mudar em um piscar de olhos... Pode ser de forma positiva ou não, com altos e baixos, como uma montanha russa, entende? — Ele me olhou com a sobrancelha arqueada e assenti, sentindo frio na minha barriga de pensar como tudo poderia virar de cabeça para baixo e senti medo do que poderia acontecer com nós e a nossa amizade, tem muito em jogo, muito a ser salvo. Eu precisava tomar cuidado a cada passo, não pisar em falso e ferrar com tudo. Escolher entre eles se machucar o outro é um caminho delicado e eu precisava me manter sã ao longo de todo o percurso.

— Não se preocupe com o futuro. Dê um passo de cada vez. — Sorri de canto para ele, segurando sua mão, queria passar confiança.— E, se as coisas derem errado, eu estarei bem aqui atrás pra te segurar. Sempre.

Ele me abraçou, suspirando baixo enquanto sorríamos e logo senti seus lábios depositando um beijo na minha testa.

— Eu te amo.

— Eu também te amo, Brad. — Ergui o rosto para olhá-lo e sorri. — Não hesite em me chamar quando precisar. Não me importa se é madrugada, se eu estiver dormindo, eu vou te ajudar.

— Você sabe que a recíproca é verdadeira né? — Concordei com a cabeça e sorri. — Ótimo! Sabe que, acima de tudo, continua sendo minha melhor amiga e eu não vou medir esforços pra te ajudar e te ver feliz.

Não poderia estar mais feliz. Trabalhando com o que eu gosto, cercada pelos meus melhores amigos e viajando, o bônus era estar envolvida amorosamente. Tudo isso mantém o coração aquecido. O que mais eu poderia querer? Esse é só o começo de uma grande e incrível jornada.

WILD HEARTOnde histórias criam vida. Descubra agora