Onde está você?

Capítulo 11

Rosangela

Quando as crianças viram Lucas e Alice entrando, ficaram muito empolgados. Sentamos todos à mesa. Vendo a infinidade de sabores de pizza à nossa frente,  eu não consigo segurar a emoção. Fico feliz de ver meus filhos alegres brincando com esse casal tão lindo enquanto comem. Lucas claramente é bem mais velho que ela, levando em conta que ele é delegado deve ter quase 30 anos e ela é bem nova, pelo que eu sei vai começar a faculdade agora. Deve ter seus 20 anos. A diferença de idade para muitos casais é um problema, mas eles são felizes assim e eu admiro muito os dois.

As vezes até chego a pensar se algum dia terei uma pessoa assim também. Não que eu não seja feliz sozinha, eu sou feliz solteira. Na verdade, não fui muito feliz com relacionamentos. Há 10 anos conheci um cara, eu tinha apenas 18 anos e me encantei pelo rapaz, começamos a namorar e alguns meses depois estávamos morando juntos.

Ele era um perfeito cavalheiro comigo, romântico e tudo mais... Mas em um momento ele mudou e começou a me agredir em nossas brigas, que eram diárias. Sempre acreditei que ele mudaria e ele sempre dizia estar arrependido depois que me batia. Eu o amava demais para largá-lo, então continuei com ele. Ele sempre deixou bem claro que não queria ter filhos, mas quando descobri que estava grávida de Marina, achei que talvez ele mudasse, parasse de me bater. Na noite em que eu ia dar a notícia, ele chegou em casa bêbado mais uma vez e me agrediu como nunca, fazendo com que eu quebrasse algumas costelas.

  •Foi muito difícil pra mim porque eu ainda assim o amava, mas não podia me permitir passar por isso tudo de novo, e o mais importante, não queria submeter minha filha à aquele sofrimento. Então eu fugi. Minha mãe havia acabado de se mudar aqui para São Paulo, sem muita escolha, vim atrás dela e ela me ajudou bastante a criar minha menina. Sempre fomos só nos duas, não conheci meu pai, ele tinha morrido um pouco antes de eu nascer.

Quatro anos depois conheci o pai do Pedro. Ele me fez realmente acreditar no amor e o melhor, me ensinou sobre o amor de Deus. Ele era da igreja e um tempo depois antes de começarmos a namorar eu também comecei a ir. Namoramos, noivamos e casamos. Fomos muito felizes, mas dois anos após nos casarmos ele morreu em um acidente de carro enquanto voltava do serviço. O Pedro já tinha quase dois anos, foi um baque muito forte pra mim, ele cuidou da Marina como se fosse dele também e nunca deixou diferença entre os dois. Foi aí que minha situação piorou mais ainda, porque minha mãe e eu não tínhamos condições de criar meus filhos. Mas Deus nos ajudou, e agora minha vida está mudando mais uma vez.

—Mamãe! Tio Lucas disse que podemos comer sorvete agora! —sou tirada de meus pensamentos, pela empolgação de Pedro.

—Hum... Parece ótimo meu amor... —digo sorrindo.

—Posso te pedir um favor?—Lucas diz, parando ao meu lado.

—Claro que sim!

—Você deixa eu e a Alice virmos sempre visitar vocês? Sei que assim como eu, ela gostou daqui. —ele fala com um brilho no olhar. Posso imaginar o quanto eles gostam de crianças.

—Vocês serão sempre bem-vindos aqui. Foram usados por Deus para mudar a minha vida e eu sou muito grata por isso. —digo, olhando em direção à Alice que se aproxima.

—O dia foi muito bom hoje, mas precisamos ir. O Lucas trabalha amanhã cedo e você e eu também... —ela diz olhando para o relógio no pulso —Já passa das 21:00h. —conclui

—Obrigada mais uma vez a vocês dois. Por tudo! —abraço-os.

—Nós que agradecemos, e amanhã viremos te buscar para levar até a loja. —Alice diz depois de me abraçar —Tchau crianças, amanhã a gente volta.

—Eba!—os dois se animam.

—Pode trazer mais sorvete amanhã, tio Lucas? —Pedro pergunta.

—Não sei, minha namorada é muito brava e ela gosta de comer todo o sorvete sozinha. —ele brinca apontando para Alice —Pede pra ela, se ela deixar eu trago.

—Tia Alice, o tio Lucas pode trazer sorvete amanhã? —ele pergunta, agora de frente para ela.

—Só se você e a Marina me derem um beijo! —ela fala enquanto corre atrás deles, que se divertem com a brincadeira. Poucos minutos depois eles estão na porta novamente. —Trago sim meus amores, agora temos que ir... —ela diz abraçando-os e lucas faz o mesmo. Eles se despedem e vão embora.

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