Alice
Há cinco dias atrás quando entrei naquele avião, mesmo sabendo que tudo estava no controle de Deus chorei bastante, é difícil ter que ir para um lugar onde não conheço ninguém e muito menos sozinha.
Nesses poucos dias conheci pessoas incríveis que me ajudaram desde o primeiro momento. Tenho aprendido bastante coisa e hoje será meu primeiro dia atendendo sozinha. Sou tirada de meus pensamentos quando escuto alguém bater na porta e em poucos segundos vejo ela sendo aberta.
—Bom dia, doutora! Posso entrar? —uma moça diz e confirmo com a cabeça. Ela entra e senta na cadeira em minha frente.
—Em que posso te ajudar? —digo.
—Eu estou com um problema, e resolvi te procurar porque a outra doutora disse que você poderia me ajudar. —ela me olha atenta.
—E o que você quer fazer? —pergunto. Ela me encara como se a resposta fosse obvia, só então reparo sua barriga, com um pequeno volume e me lembro de quando descobri que estava grávida. Uma alegria toma conta do meu peito ao ver aquela moça gerando um bebê. —Imagino que queira fazer um prenatal... —ela fica em silêncio por alguns segudos.
—Na verdade, não. Eu não quero esse bebê. —ela diz, sem me olhar nos olhos. Meu coração dói ao ouvir isso.
—Por que não quer ele?
—Eu só tenho 18 anos e cometi um erro. —ela diz como se estivesse ensaiado aquilo por muito tempo, seus olhos estavam cada vez mais cheios de lágrimas e ela me evitava olhar nos olhos, mesmo assim eu notei.
—Entendo que seja nova para tamanha responsabilidade, mas você acha justo tirar a vida de uma criança inocente?
—Não... Mas, eu não tenho escolha!
—Todo mundo tem uma escolha, minha jovem. A decisão está em suas mãos.
— Não!— ela altera um pouco a voz e pela primeira vez ela me olha nos olhos. —Se a escolha estivesse em minhas mãos, eu não estaria aqui. —ela diz abaixando a cabeça novamente.
—Do que tem medo? Dos seus pais? —ela morde os lábios segurando o choro.
—Não... É muito mais complicado do que isso, você não entenderia...—ela diz suspirando em completo desanimo.
—Se você me explicar, posso entender.
—Meu namorado, ele não quer essa criança. Disse que é novo demais para ser pai...
—Não contrariou ele?
—Sim. Eu disse que ele não precisaria cuidar se não quisesse mas que pelo menos deixasse eu ficar com a criança.
—Ele não aceitou, não foi? —ela nega com a cabeça
—Ele me agrediu e disse que se eu não tirasse essa criança, ele iria embora. E eu não tenho escolha, não conheço ninguém aqui não tenho família nenhuma.—posso sentir o medo em sua voz.
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Onde está você?
RomanceAlice sempre sonhou com seu futuro marido, pensava em seus momentos lindos em família, mas o que mexia com seu coração era sua decisão de esperar por alguém especial, algo que não era nada fácil. Esperava por um princípe como nos contos de fadas? N...