Monólogos

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Abaixo do imenso céu azul, o sol dizia adeus dando chegada as trevas e os mistérios da noite. Era aquele mesmo céu que cobria toda terra e que agora caia em cima de sua cabeça. Ali mumificado, Will observava Oscar ir embora para sempre de sua vida e sentia-se um pouco mentiroso. Oscar era o único que despertara o que existe de puro no seu coração despedaçado e agora ele iria embora para todo o sempre. Quando o menino sumiu de sua vista, o mundo, assim como o céu, cairam entorpecidos sobre si. Jamais imaginara que, sorrateiramente e progressivamente, o menino de Independência instalara o rastro de animal marcado a ferro e fogo com sua presença. O que fora, por ventura, um entretenimento mesquinho, converteu em um amor nascido dos desertos da vida e, com o cabal dedo de Deus, o destino lhe batia no rosto, cara a cara, olho por olho. Derrotado, caminhava sem pressa e sem rumo, ausente pela orla praiana que se tornara uma miragem desértica.
Talvez Danny haveria de acudí-lo em tal infortúnio, porém sentia que nada nem ninguém o ampararia nessa queda sem para-quedas na qual se tornara sua vida. De certo modo, feliz por ter finalmente encontrado Oscar e triste por ao mesmo tempo tê-lo achado e perdido, era como tivesse asas e por castigo as perdesse e fosse condenado a rastejar na eternidade pelo chão e olhar para o céu que, num dia, ousou tornar-se a profunda tortura da saudade. Quando chegou em casa, logo sepultou-se no quarto e ao pegar o celular deparou-se com diversas ligações de Chinaski, Danny e de um estranho número que não estava em sua agenda. Não retornou, foi direto para o privado de Oscar e ali escreveu uma mensagem tão intensa quanto a culpa. De tal não foi aliviado ao término da mensagem, pois intimidade era o fim.
Apenas rogou que o garoto aceitasse um novo encontro, assim teria a chance de mostrar que tudo agora poderia ser diferente. Enquanto fumava recordou que quando traía o menino por puro instinto de carne, o invólucro de culpa e repúdio de si, o faziam ter a certeza cabal que amava Oscar mais do que deveria. Estava fazendo o que fazia sempre, afogar a culpa em adjetivos em cima do garoto ferido.
Daria tudo para saber como estaria o adolescente agora, se havia comido, bebido, se dormia, e várias e várias questões que lhe comiam as vísceras pela ansiedade por o imediatismo de resposta.

Perigosamente feliz aquele encontro na praia,fez Oscar chegar aos extremos de um prazer tão antigo quanto sua idade com aquele beijo que Will lhe dará. Deitado agora no quarto que não era seu, amor e ódio beijavam-se na boca e fazia o garoto não encontrar repouso quando as 1:17 da manhã tentava outra vez encontra a si uma razão para recomeçar . De um modo estranho por incompressão cognitiva, alcançara Will ao fazer-lo de um animal selvagem um felino domesticado pelo dono. Resolveu estão aceitar  o novo encontro com Will, de modo que seria melhor chegarem ao denominador comum para os dois. Respondeu então a mensagem confirmando um novo encontro, sinalizou isso de modo seco e acre. Era um esforço descomunal pelo o mesmo poder que o fez ama-lo o faz odia-lo. Foi então dorme pensando onde e como seria o próximo encontro, mesmo irado não poderia voltar para Independência com tamanhas divergências.

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