O Fim Do Começo

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Dez minutos andando na areia, Will pára a caminhada, olha o menino, se aproxima de maneira que lhe desconsertou todo, pois as pessoas ao redor embora não existissem lhe causava desconforto e vergonha.
Will então beija Oscar...
O menino estava aos extremos de sua própria existência: há minutos atrás estava sendo agredido e agora estava sendo beijado pelo seu agressor. Automáticamente Oscar fechou os olhos, imitava cenicamente os filmes de amor que vira. Quando sentiu a língua de Will no céu da boca, tremeu por completo ao mesmo tempo que tentava com a língua chegar ao céu da boca desconhecido de Will. Até mesmo para o experiente garoto da cidade aquele beijo era diferente de todos, excessivamente idealizado. Ambos estavam ao topo alto de todas as emoções pintadas com todas as cores do universo. Will beijava o garoto de maneira tão gentil envolvido de uma ternura jamais imaginado por ele. As mãos do menino sertanejo tocavam o rosto do amado enquanto era beijado e abençoado por um espécie de ato supremo jamais entendido. Um frenesí nos dois era recíproco, em especial em Oscar que agora estava dando seu primeiro beijo. Embora para o ele o movimento da língua o fazesse se perder em seus lábios, sentia que os dentes iam, às vezes, ao encontro dos dente de Will. Logo com toda sua experiência notou que o menino nunca havia beijado. Will sentia-se contemplado por isso. Oscar sutilmente notará fora o êxtase que o governará ao corpo junto ao ser amado, algo que lhe parecia seios. "Talvez seja doideira minha", pensou o menino que brevemente receberia um soco forte chamado verdade. Cessaram o beijo, quando abriram os olhos, finalmente acreditaram que existiam realmente. Sentaram na areia, o sol estava um pouco mais frio. Ali de frente ao horizonte Will arrancou forças dos confins de si e fala.
- Oscar, existe algo que não falei pra ti, mais direi agora.
Dentro de si já sabia que coisa boa não era pelo timbre sério de Will.
- Como assim?
- Na verdade.... Meu Deus....
Lágrimas corriam enquanto tentava falar.
- Fala, Will!!!
- Eu não sou... bem, olha, escuta... Desculpa.
Oscar segurou firme a mão do menino da cidade grande.
- Eu não sou homem!
Falou abrupto, com a cabeça baixa ,de olhos afundados na areia.
- Não sou necessariamente homem, sou homem mas nasci mulher, como em uma metamorfose. Perdão, nos envolvemos de tal modo que meu medo de ti perder me fez omitir esse detalhe.

Como se estivesse caindo, rezava para não chegar no chão. O que acabara de ouvir deu a sensação de estar sendo fuzilado. Os olhos doce, vindo do sertão árido de terra seca, pela qual fez florescer uma linda rosa chamada amor tinha acabada de ser despedaçada e arrancada do cal.
Atônito, lançou um olhar de enorme ponto de interrogação para Will. Uma dor tão grande e aguda no peito fez levar a mão ao coração, caso saltasse do peito seguraria. As lágrimas até então de felicidade inesgotável tornaram sofrimento por ser enganado aquele tempo todo. Imaginaria qualquer tipo de acontecimento ruim mais não de ser enganado e iludido por aquele falso ser humano. Um silêncio de barulho intangível os cortaram ao meio. Oscar levantou e disse:
- Filho da puta!
Berrou e saiu correndo em direção ao seu porto seguro chamado Chicão. Correu e correu pela areia levantando poeira que aos olhos de Will. Correu, mas não podia conter a dor tamanha que chorava por ser sido engando. Will correu atrás, rapidamente alcançou o menino. Segurou firme pelo braço e gritou um gutural "eu te amo". Oscar, igual a uma fera ferida lhe deu um abraço que parecia dizer adeus. Abraçados na praia, os dois choravam.
- Por que? Por quê? Por que, em nome de Deus, mô você me mentiu?
Quando Will ouviu ser chamado de "mô", tantas vezes escrito e escutado por áudio, aquele "mô" lhe desarmou a ponto de quase lhe fez ajoelhar-se e pedir perdão.
- Perdoa, mô? Suplicou Will aos prantos.
O menino delicadamente afastou-se do corpo do amado que tanto queria estar junto, respondeu sem lágrimas nos olhos para Will.
- Vá se fuder, quase morri até chegar a você!!!
Empurrou Will que caiu na areia e Oscar prosseguiu, em passos largos, na direção a Irene, Chicão, Juliana, que em pequeno intervalo de tempo lhe dava segurança que não encontrara em Will. Will estava parado como uma estátua de cera que se derrete e se decompõe. Oscar, enquanto caminhava com pressa, assistia a todo um filme na sua cabeça de tudo até agora. No íntimo, tudo que queria era voltar, amar e amá-lo com toda força que habitava no seu ser. Porém o que amava era uma miragem, uma grande mentira tão bela quanto a praia ao redor e tão mortífera quanto arsênico. Tudo doía, aquela cruz era pesada demais para aquele garotinho carregar só. Queria tanto sua mãe, brincar tentando prender o bezerro, conversar sobre livros e desabafar com Miriam. . . Tudo que ele qeria era ir pra casa e esquecer que alguém lhe fez passar por papel de idiota. Conteve as lágrimas, olhou para trás e viu Will cada vez mas distante, parado e observando-o ir. Há menos de 40 metros a família de Chicão o aguardava preocupada.
Quando estava perto, Irene logo perguntou:
- O que foi, menino?
- Não foi.
Respondeu áspero Oscar.
- Vamo embora que essa praia já deu no que tinha que dar, disse Irene diante daquela situação.
Ela sabia que nada estava bem pra aquela pobre criança. Tanto ela quanto o marido desejavam perguntar mil perguntas mais respeitaram o espaço do adolescente. Pagaram a conta, foram em direção ao calçadão, pediram um táxi e foram embora .

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