Vingança

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Vic

Capítulo 13                  Vingança

Desci as escadas após tomar um banho e trocar de roupa, deixei os cabelos molhados e soltos para que secassem e notei o olhar de Max. Ele me confessara certa vez que gostava de ver meus cabelos molhados, sorri para ele e fui em sua direção.

Ainda era possível ouvir o ribombar dos trovões e o barulho da chuva. Eles me encaravam com receio, principalmente meus próprios amigos, não achei que fossem se assustar. __Você pode fazer chover? – Alexandra havia me perguntado surpresa. __Na verdade, vou manipular o vento e trazer algumas nuvens. – falei de forma inocente.

Max me ofereceu a mão e me sentei ao seu lado, deitei em seu ombro, de repente me senti tão cansada.

__Deve estar com fome. – ele disse gentil e acenou para Lorna, que trouxe um prato com uma torta de vegetais e um copo de suco. Comi em silêncio, mas a cada estalo de um raio, Lorna pulava e se encolhia no lugar dela.

__Acho que você já pode acalmar o tempo Vic. – Celandine me pediu após chegar a janela. __As pessoas já voltaram as suas casas, a praça está vazia.

__Como ficou escuro, parece até noite! – Filipe comentou ao olhar pelo vidro da janela.

__Gosto de ouvir o barulho da chuva. – Alexandra comentou e Celandine olhou para ela com reprovação.

__Vamos Vic. – Celandine falou com autoridade. __Faça o tempo melhorar. Não é assim que os impressionará.

__Não quero impressionar ninguém. – respondi de forma mal criada.

__Quer castigá-los pelo que fizeram na praça. – ela disse com reprovação e fiquei quieta. Eu realmente ficara bem aborrecida pelos puxões em meus cabelos e a roupa rasgada. Celandine estava certa, eu queria mostrar um pouquinho do meu poder. Mas... como ela mesmo disse, já estava na hora de parar, então levantei e fui até a janela, abrindo-a para sentir o vento e fiz com que ele afastasse a maioria das nuvens e a chuva passou a um chuvisco fraco. Voltei ao meu lugar e acabei de comer, depois deitei no ombro de Max novamente e quando acordei, estava no quarto.

Sentei na cama e como de manhã, ele estava olhando para fora, sentado na janela.

__Eu dormi? – perguntei e ele me olhou surpreso.

__A impressão que eu tive, – ele falou __foi de que você desmaiou de cansaço.

__É, eu estava bem cansada. – falei e passei a mão pelo cabelo, parecia uma massa disforme. __Ai! – gemi e Max riu.

__Quer ajuda para desembaraçar? – ele me perguntou e se aproximou. Sorri antevendo o momento de puro deleite. Enquanto eu sentia suas mãos deslizarem o pente pelos meus cabelos, fechei os olhos. __Você ficou mesmo muito brava. – ele comentou e eu abri meus olhos.

__Não, é claro que não. – tentei convencê-lo e ele riu.

__Como se eu não pudesse sentir seus sentimentos. – ele disse. __Não consegue me enganar.

__Você acha que eu exagerei? – perguntei envergonhada.

__Um pouquinho, mas eles mereceram. – ele disse e riu. Quando terminou de desembaraçar meu cabelo, ele beijou meu pescoço e me entregou o pente.

__Obrigada.

__Posso fazer sempre, é só me pedir. – ele brincou e eu suspirei. __O que foi?

__Você acha que os soldados de Malie vão demorar muito para chegar?

__Depende muito da velocidade de suas embarcações, pelo que eu pude perceber, são bem velozes.

__Não sei se vou conseguir ficar presa aqui por muitos dias. – reclamei. __Podíamos voltar ao barco. – sugeri. __Você acha que o capitão Skipp se importaria?

__Com certeza não, mas... tem os outros. Celandine, Alexandra e Filipe.

__Não quero ser egoísta, mas acho que não me importo onde eles ficarão. – ele ergueu as sobrancelhas e se aproximou mais, me abraçou envolvendo minha cintura.

__Não está parecendo a Vic que eu conheço, sempre preocupada primeiro com os outros. – eu dei de ombros. __Não fique desanimada, amanhã podemos sair disfarçados.

__Me desculpe.

__Pelo o que?

__Você não queria vir e eu insisti, agora estou me lamentando.

__Não tem nada para se desculpar. O dia hoje foi mesmo terrível! Não imaginei que a população de Wolfran fosse dada a esses fanatismos.

__E se em todos os lugares de Atlantis as pessoas começarem a me tratar assim?

__Não em Lenora. – ele disse cheio de certeza.

No dia seguinte, acordei antes de Max e procurei na praça a multidão do dia anterior, mas só haviam os mercadores de sempre. O dia estava limpo e decidi que sairia, prenderia meus cabelos e os cobriria com um lenço.

__O que faz de pé? – Max perguntou ao me ver prendendo os cabelos em um coque e cobrindo a cabeça com o lenço, como um véu.

__Vou falar com o Capitão Skipp.

__Sozinha?

__Claro que não Max, você virá comigo. – olhei para ele e pisquei os olhos fazendo charme.

__Saímos, após um desjejum rápido, pela porta dos fundos e nos encaminhamos para o cais. O Capitão Skipp nos recebeu com um sorriso caloroso e nos convidou a seu gabinete.

__Que terrível aquela situação Senhora, o povo se exaltou com vossa presença.

__É, foi mesmo terrível. – falei e olhei para Max. __Eu queria agradecer a sua intervenção Capitão, não sei como faríamos para chegarmos a pousada.

__Com vossos poderes, não seria problema para a Senhora. – ele falou e eu corei. __Mas fico feliz que tenha podido ajudar.

__Talvez possa me ajudar com outra coisa.

__Diga, seja o que for, eu farei.

__Eu gostaria de saber se o Senhor conhece uma ilha onde se encontra um templo... – falei e o capitão Skipp mudou sua expressão, seu sorriso morreu e seus olhos se tornaram sérios. __Eu disse algo errado? – perguntei preocupada.

__Está me pondo a prova Senhora? – ele perguntou e eu olhei confusa para Max. __É claro que conheço, eu não me esqueci como a Senhora foi benevolente e me salvou da tempestade. Quando ainda era um rapazote e naufraguei, roguei a ti que me socorresse e a ilha surgiu em meio as brumas, nadei para lá e me abriguei em seu templo.

__Ela existe afinal! – exclamei ansiosa. __Como chegamos lá? – perguntei afoita.

__Eu não sei. – ele disse e me entristeci. __Quando saí de lá em uma jangada que construí com os restos do barco que surgiram na praia, fui resgatado e nunca mais consegui encontrar a ilha novamente. Mas não deve ser difícil para a Senhora encontrar seu próprio templo.

__Bem, na verdade, tenho sonhado com a ilha, mas não sei como fazer para chegar até lá. Onde o Senhor naufragou?

__Mais ao norte, em mar aberto.

__Não passaremos por lá, estamos adentrando o canal. – Max comentou.

__Não mesmo. – o Capitão confirmou.

Andirá - o retorno a AtlantisOnde histórias criam vida. Descubra agora