Misericórdia?

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Caleb

Capítulo 38                          Misericórdia?

Max estava dormindo, sentado no banco da sala de refeições, com sua cabeça apoiada na mesa. Senti pena dele e me surpreendi com meus sentimentos. Quando foi que me tornei tão sentimental?

Celandine se aproximou e tocou em meu ombro, me assustando.

__Desculpe-me. – ela pediu ao notar minha surpresa.

__Eu que peço desculpas, estou cansado e invigilante. – ela sorriu para mim e depois olhou para Max.

__Ele não quis dormir na cama. – ela falou com ternura de mãe.

__Eu o entendo. – falei baixo __Na verdade não posso dizer que sei exatamente o que está sentindo, mas posso imaginar.

__Caleb. – ela me encarou e percebi que queria me perguntar algo, mas não ousava fazê-lo.

__O que quer saber? Se Vic vai voltar? – ela assentiu com um mover de cabeça. __Não sei Celandine. Não sei se ao fim de tudo isso a teremos de volta. A criança é quase certo que não sobreviva ao grande fluxo de energia de Andirá, que circula no corpo de Vic agora.

__O que você disse? – Max nos encarava horrorizado, se levantou e seu olhar de desespero me tocou.

__Exatamente o que você ouviu Max, não sei se seu filho vai sobreviver a isso. Você precisa ser forte e encarar essa possibilidade.

__Como pode permitir isso? – ele gritou __Deveria tê-la impedido. Achei que a protegeria! Que espécie de homem é você? – ele ergueu os braços para o alto, estava visivelmente transtornado. Em outra época, jamais permitiria que alguém falasse assim comigo, mas eu podia sentir seus sentimentos em relação ao filho...aquilo era novo para mim. A dor lancinante que emanava dele me fez sentir algo que nunca senti – compaixão.

__Max... – toquei em seu ombro, não sabia como agir, principalmente quando ele começou a chorar. Olhei para Celandine e ela veio ao meu socorro.

__Max, venha, sente-se aqui. Vou preparar um chá para você.

Deixei a sala de refeições quando ouvi o ruído de naves sobrevoando a Vila, ao passar pela sala, Tita estava encolhida no sofá.

__Vai ficar tudo bem. – falei para ela e a menina me sorriu de volta. Quando cheguei do lado de fora, avistei o ataque a uma das casas, que explodiu em chamas. Corri até o centro da praça e Andirá se voltou para mim.

__Comandante, cuide do fogo, eu vou deter as naves. – ela flutuou sobre a praça e enquanto eu corria até a casa em chamas, percebi que as naves eram abatidas e despencavam do céu sobre a vegetação ao redor. Os Handarianos saiam e imediatamente começavam a dispara, mas nenhum disparo a atingia.

Depois de algum tempo, consegui apagar o fogo, não houve feridos, pois a casa estava vazia, seus moradores deviam estar nas minas ou escondidos em outro lugar. Voltei à praça e vi quando os soldados invasores se ajoelharam diante da deusa, todos subjugados pelo seu poder. O comandante Handariano, com quem conversei em Sogni, estava imobilizado e muito irritado.

__Isso não ficará assim. Nós acabaremos com esse planeta, sua maldita! – ele gritava em nossa língua para que todos pudessem ouvir. Andirá pousou no chão e caminhou até ele com uma calma enervante até para mim, mas seus olhos eram assustadores com aquele brilho que impedia-nos de ver suas pupilas. O Handariano começou a diminuir o tom de voz e o teor de suas palavras. __Poderíamos governar mundos com seu poder e minha direção. Eu poderia torná-la rainha do universo.

Andirá - o retorno a AtlantisOnde histórias criam vida. Descubra agora