Andirá - o retorno a Atlantis

Tita

Vic

Capítulo 28                     Tita

Os dias que se seguiram foram tensos, não só pelo medo que sentíamos, mas por causa do ciúme de Max em relação a Caleb, que se prontificou em me ensinar a técnica de ocultar a energia das pessoas, todas as noites até que eu conseguisse manter um pequeno grupo escondido por várias horas.

Logo que chegamos à Vila, fomos recebidos pelo líder comunitário, pois a Vila era pequena demais para ter um ancião. A maioria dos moradores eram trabalhadores das minas de cristal e com a chegada dos Handarianos, ficaram presos, à mercê dos invasores. Nas casas ao redor de uma praça central, só ficaram as crianças e os idosos.

Nossos homens ficaram às margens da Vila, escondidos sob a vegetação que circundava o local, grandes pinheiros com troncos largos e copa frondosa em forma de cone. Chegamos em um grupo pequeno, descemos de nossos cavalos e o homem idoso de cabelos ralos e cinzas veio ao nosso encontro se apresentando como Ernesto. Mantive-me escondida dos olhares curiosos cobrindo meus cabelos e fiquei ao lado de Max sem nada dizer.

__Não acredito que vieram. – ele falou nos encaminhando apressado para o interior de uma casa de dois pavimentos, de madeira escura e janelas sem vidro. O interior estava escuro, iluminado por algumas poucas velas. Ele então se moveu para fechar a porta atrás de nós e continuou __Soubemos que Sogni recebeu embarcações com soldados equipados com armas. – ele falou apressado e Caleb se adiantou.

__Dividimos o nosso contingente em dois grupos. Nossos homens estão na floresta aguardando instruções.

__Graças a deusa. – ele disse juntando as mãos. Ela... ela não veio? – ele perguntou olhando para nosso grupo, como a procurar. __Quero dizer, ouvimos dizer que ela estava em Wolfran... e que estava vindo nos ajudar. Talvez tenha ido a Sogni?– ele falou com olhos arregalados a nos observar. Fiquei com pena dele, o homem parecia prestes a perder as esperanças, ele depositava tanta fé na "deusa", então resolvi me pronunciar.

__Eu estou aqui. – me aproximei retirando o lenço de sobre os cabelos, e avivei as chamas das velas para que pudesse me ver. Senti a insatisfação de Max, mas o sorriso do velho me reconfortou.

__Graças, graças. – ele se abaixou, ajoelhando-se diante de mim. __Estamos salvos.

__Senhor, por favor levante-se. – pedi angustiada e Max se prontificou em ajudá-lo a se erguer.

__A Senhora precisa de alguma coisa? O que podemos fazer pela Senhora e seus amigos? – olhei ao redor e vi que o que todos nós queríamos era um bom banho e uma cama para descansarmos.

__Acho que um banho e uma refeição decente é o que todos nós queremos.

__Vou providenciar. – ele chamou por uma mulher de cabelos grisalhos, presos em uma longa trança que descia por seu ombro esquerdo, ela se apresentou como Rosita, era a esposa de Ernesto, então nos levou aos quartos no andar superior.

Após o banho, vesti uma das roupas que Caleb me dera e fiquei muito tempo olhando para meu corpo, que se modificava dia-a-dia. Em meu ventre era possível observar uma ligeira ondulação, mas que passava despercebida com as roupas mais largas que eu usava agora. Alexandra me deu um olhar de aprovação.

__O conjunto azul ficou muito bom em você. – eu sorri constrangida, descemos e nos encontramos na sala de refeições. Caleb me sorriu ao me ver com a roupa e o brilho em seus olhos verdes me fez sentir o rosto queimar.

__Roupa nova? – Max me perguntou ao puxar a cadeira para que eu me sentasse.

__As outras não estão me servindo. – justifiquei.