Andirá - o retorno a Atlantis

Ciúme

Max

Capítulo 24                  Ciúme

Senti a mão de Filipe em meu ombro quando fiz menção de levantar.

__Não faça isso! – ele disse ao meu lado.

__Preciso fazer alguma coisa. Preciso confrontá-la, não aguento mais isso Filipe. – falei em desespero __Depois do que houve no rio, depois de vê-la enfrentar aquele animal... – balancei a cabeça em desalento __tive tanto medo de perdê-la, cheguei a pensar que deixaria tudo de lado por ela. Meu orgulho, minhas convicções... eu só queria estar com ela.

__E você está certo em pensar assim. Ela te ama, não deve desistir dela.

__Me ama? Não viu o que acabou de acontecer? Eles dois tão próximos, quase...

__O que vi foi a Vic devolvendo o colar que é dele. Não era isso que você queria?

__E precisava chegar tão perto?

__Você precisa esfriar a cabeça antes de conversar com ela, se for agora vão brigar outra vez. – ele disse de modo tranquilo e resolvi escutá-lo, mas algo dentro de mim queimava.

Filipe acabou indo se deitar ao lado de Alexandra e fiquei sentado ao lado da fogueira a observar Vic em seu sono e a Caleb à distância. Ele mantinha-se acordado fazendo companhia aos guardas de vigia, depois de dar uma volta no acampamento sentou-se novamente em seu lugar e tocou o colar com as mãos, fechando-o em seu punho. Ficou algum tempo com os olhos fechados e depois me encarou com um sorriso sarcástico. Então ouvi sua voz em minha mente "Seu ciúme o está distanciando dela camponês e cada vez mais ela se torna minha" – o choque inicial de ter minha mente invadida passou e me levantei irritado indo até ele.

__Isso é o que veremos! – repliquei.

__Com certeza, veremos!

__Vic é minha, ainda não nos casamos, mas ela já é minha mulher. – falei para provocá-lo.

__E você acha que me importo com isso? – ele disse com aquele ar superior que me tirava a razão e completou: __Eu a amo mais do que você ou qualquer um aqui possa imaginar. Eu sou capaz de tudo por ela e Vic sabe disso. – avancei para ele e percebi que um dos soldados de Malie, que estava de vigia, se moveu ao observar nossa discussão. __Péssima ideia Camponês! Não vou lutar com você, já que isso a faria sofrer, mas tenha certeza que se eu quisesse, você já estaria morto.

__Sei disso. – respondi contido. __Mas você não é um deus, é humano e sangra como qualquer um. Senão fosse tão covarde, lutaria comigo sem seus truques e veríamos quem acabaria com quem.

__De acordo. – ele disse ainda sorrindo. __Quando livrarmos Atlantis dos Handarianos, poderemos ter essa luta. Sem meus poderes e veremos quem é o mais forte, mas enquanto isso, me concedo o direito de lutar pelo amor de Vic. – não lhe respondi nada, dei-lhe as costas e voltei ao meu lugar.

Passei a noite sem dormir, remoendo nossa conversa. Assim que as primeiras luzes da manhã surgiram no céu, comecei a arrumar minhas coisa e ela apareceu. Nossa conversa não foi amigável, eu ainda estava com tanta mágoa por ela ser gentil com Caleb. Eu esperava que ela o repelisse, que se sentisse enojada, mas não era o que ocorria. Eu a ofendi e a fiz chorar. Que espécie de monstro eu estava me tornando? Vê-la chorar me fez sentir uma pequena satisfação, mas depois me martirizei durante o caminho. Principalmente porque ele a fez sorrir, lhe oferecendo flores com seus truques impressionantes.

No dia seguinte continuamos a percorrer o caminho até as montanhas, que se tornava mais pedregoso à medida que subíamos. Era perceptível que estávamos a cada dia mais distante do nível do mar e mais próximos das montanhas das minas de cristal. Vic parecia doente, estava pálida, havia recusado comer e vi quando Caleb lhe ofereceu frutas e ela as comeu e conversaram por algum tempo. Filipe voltou a se aproximar de mim.

__Olhar para ela de longe, não vai resolver a situação.

__Eu sei, tenho agido feito um idiota. Você está certo, mas... – suspirei derrotado __acho que a magoei demais dessa vez.

__Então peça desculpas. – Filipe falou e apontou. Levei meu cavalo para perto dela e bem a tempo a segurei para que não caísse no chão.