Escolhas

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Vic

Capítulo 18            Escolhas


Era o quinto dia a bordo do Monih em direção a Porto Eirel e tudo corria bem, apesar do tempo estar mudando para pior, com nuvens escuras e muitas vagas a balançar a embarcação, não estávamos tão preocupados, pelo menos eu não estava, confiava no capitão Skipp e ele repetia que passaríamos sem problemas pelas escarpas.

Caleb manteve-se calado quanto a sua identidade e continuava agindo como se fosse um simples marinheiro. Ninguém suspeitava, nem mesmo Celandine foi capaz de perceber, já que ele ocultou sua energia.

Max e eu estávamos bem, eu conseguira manter a gravidez em segredo e apesar de sua preocupação exagerada por conta do pedido descabido de Celandine, ele não desconfiava de nada.

Então, naquele dia ao anoitecer, os ventos aumentaram e uma chuva começou a cair, pouco depois do jantar ela se tornou mais intensa e vi alguns dos marujos tomando providencias para evitar algum prejuízo ao barco. Apesar disso, me recolhi a cabine e juntamente com Celandine e Alexandra ficamos conversando sobre os preparativos para o casamento.

__Eu gostaria de uma cerimônia simples em Padenlesce, somente alguns poucos amigos. – ela falou e completou __Claro que você e Max estarão convidados, e você também Celandine. – Celandine riu.

__Desse jeito a lista vai só aumentando. Se toda vez que lembrar de alguém, inclui-lo, não será tão íntima assim. – Alexandra ergueu os ombros e riu, acho que sabia que seria mesmo uma tarefa difícil.

__E você Vic, como quer que seja seu casamento?

__Na verdade, me arrependi de não ter aceito a oferta de Celandine. Eu só queria já estar casada com Max.

__Não fique tão chateada, logo que voltarmos, você se casam e tenho certeza que todos ficarão felizes com as novidades.

__Será?

Já era bem tarde quando resolvemos dormir, o balanço do mar me incomodou por algum tempo, mas depois acabei apagando. De madrugada, a tormenta começou, o navio começou a adernar, levantei-me às pressas e tanto Celandine quanto Alexandra me acompanharam. Ao chegar ao convés fiquei aterrorizada com a cena de terror. Uma cortina de relâmpagos clareou o céu entre nuvens gigantescas, e a cada clarão era possível enxergar uma cena extática que ficava gravada nos olhos algum tempo depois. O vento forte enfureceu as ondas e o mar de negro ficou branco com a espuma formada. As escarpas negras estavam à vista e quando as ondas arrebentavam em sua encosta ouvia-se um barulho, que me lembrava o rosnar de um urso.

Eu estava de camisola, uma que ia até os tornozelos e com mangas, o vento a fez colar-se ao meu corpo quando avancei aos tropeços para o meio do convés, ouvi Celandine me gritar, mas a ignorei, meus cabelos soltos chicoteavam meu rosto, juntamente com a água, que vinha de todos os lugares.

__Vic! O que faz aqui? Volte já para dentro. – Max gritou comigo. Neste instante a imensa montanha de água desabou sobre a popa e alagou o navio derrubando e arrastando tudo, homens, cabos e amarras. O convés cobriu-se de espuma branca, e a onda, retirando-se deixou as velas baixas e a enxárcia escorrendo água como uma cascata.

Bem como todos os demais, eu havia sido envolvida neste turbilhão geral, e levantando-me como pude e com ajuda de Max, me segurei na amurada. Os botes, que com o golpe do mar, viam-se pelos lados da embarcação batendo uns contra os outros, como se estivessem lutando um combate naval. Os marujos recolhiam a água que adentrava o porão e as jogava para fora, numa tarefa árdua e infrutífera.

Andirá - o retorno a AtlantisOnde histórias criam vida. Descubra agora