Vic
Capítulo 53 Amor e perdão
Tudo foi uma grande loucura, do momento em que eu cheguei ao mosteiro até a hora em que acordei, eu não me lembrava de nada com exatidão, somente flashes, vozes, choro. Quando acordei, vi Max sentado em uma cadeira, ele estava com o corpo recurvado de uma maneira que o faria sentir dores depois. Tentei me mover, mas todo o meu corpo doeu, acho que gemi, pois ele abriu os olhos e veio até mim.
__Vic, está acordada! – a sua voz e sua expressão de alívio me comoveu. __Você dormiu por quase dois dias. – ele disse e me assustou.
__Onde está minha filha? – me ergui desajeitada e ele me ajudou a sentar, colocando travesseiros em minhas costas.
__Ela está com Celandine. Ela é linda!
__Quero vê-la. – ele sorriu e assentiu saindo do quarto. Não demorou muito e a porta do quarto se abriu, Celandine entrou e Max veio trazendo um pacotinho nos braços.
__Como você está se sentindo Vic? – Celandine perguntou tocando minha fronte com as costas das mãos. __A temperatura voltou ao normal – ela disse e olhou para Max. __Nos deixou preocupados.
__Estou bem. – falei ansiosa e estiquei os braços para que Max me desse minha menina. Eu a peguei com o coração batendo forte, senti seu corpinho quente através da manta. A desembrulhei para ver suas mãozinhas, ela remexeu-se e abriu os olhos, eram lilases como do pai, seus cabelos era suaves, uma penugem cor de mel. Comecei a chorar e Max beijou minha cabeça.
__Como vamos chamá-la? – Max perguntou.
__Maxine. – falei e ri com a lembrança de Caleb e sua preocupação com o nome da minha filha. Max repetiu o nome baixinho cheio de orgulho enquanto Celandine tinha a testa franzida. __Onde está Caleb? – perguntei e ambos ficaram sérios.
__Ele voltou para Malie. – Max respondeu e se sentou ao meu lado.
__Mas nem se despediu de mim. – falei com tristeza.
__Você estava adormecida querida e ele precisava voltar a Malie. Ele sabia que estava bem. – Celandine falou depois de alguns segundos de um silêncio constrangedor, pois Max também ficou triste após o meu comentário.
Tive certa dificuldade em aprender a amamentar, mas no fim peguei o jeito. Maxine era uma menina boazinha, mas acordava à noite para mamar e chorava quando estava molhada. Max me ajudava sem reclamar, passei os dias necessários à minha recuperação no mosteiro e logo que Celandine me deu permissão para levantar, eu decidir ir embora.
__Vic, você é a pessoa mais teimosa que conheço. – Celandine falou ao meu lado no pátio do mosteiro, o mesmo que um dia lutei contra os soldados de Malie e acabei caindo no Meiavi.
__Tenho consciência disso. – respondi enquanto cobria Maxine, da luz forte do fim da manhã, em seu bercinho, fazendo uma espécie de sombrinha com a fralda. __Mas já fiquei tempo demais aqui, e só por que você me pediu, pois melhorei rápido depois que acordei do parto.
__Por que é o certo. Você teve um bebê e todas as mulheres passam pelo resguardo.
__Não sou como todas as mulheres. – falei bem prepotente, depois me arrependi. __Estou bem Celandine, sabe que me curo rápido.
__É uma viagem muito longa para uma bebê tão pequena.
__Maxine está bem e é uma menina muito forte.
__Já falou com Max, pelo menos? – ela me perguntou com uma expressão vitoriosa, já que eu estava protelando aquela conversa com Max.
__Falou o quê comigo? – Max chegou até nós e nos surpreendeu. Celandine se levantou de sua cadeira e sorriu para Max e nos deixou a sós. Ele olhou a filha e fez um carinho em seu rosto adormecido, depois se sentou no lugar que antes Celandine ocupava e me observou, esperando que eu falasse.
__Max, eu tenho algo para lhe dizer. – ele abaixou a cabeça e passou as mãos nas calças em um movimento nervoso, depois se levantou.
__Eu sei Vic, você quer partir, quer ir até ele. Eu entendo, não vou impedi-la. Eu só... só sinto por ficar longe da minha filha.
__O quê? Max...o que você está falando...
__De Caleb. Não é isso que você quer? Ir até ele.
__Não Max. – eu disse num suspiro __Eu quero ir para Zorah, quero trabalhar no templo de cura, me tornar uma anciã do templo.
__Achei que quisesse ficar com Caleb, afinal, vocês se amam.
__Não quero ficar com ninguém a não ser minha filha. – ele me encarou surpreso. __Só quero trabalhar e cuidar de Maxine.
__Você nunca vai me perdoar não é mesmo?
__Max, não tenho nada que perdoar, nem a você, nem a ninguém.
__Não podemos ficar juntos? Eu amo você.
__Mas não confia em mim. – respondi com tristeza e ele se aproximou ajoelhando-se no chão diante de mim.
__Eu confio.
__Não Max, você não consegue nem mesmo sentir o meu amor por você. – ele fechou os olhos e ficou bastante tempo em silêncio e depois os abriu com um sorriso, seus olhos lilases e intensos.
__Eu posso sentir, posso sentir o seu amor Vic. Eu amo você e não consigo imaginar minha vida sem você e nossa filha. Eu sei que você me ama e sei que também ama Caleb, mas eu não me importo mais. Eu entendo, eu sei o quanto ele é importante em sua vida por tudo que vocês passaram e... – não deixei que ele terminasse, eu o beijei e nos desequilibramos e caímos no chão, comecei a rir e ele também. Senti suas mãos retirando meus cabelos do rosto. __Vic eu te amo.
__Eu também te amo Max, mas não sei se posso conviver com seu ciúme.
__E se eu prometer não ter...
__Não ter ciúme? – perguntei incrédula.
__Bem, não. Mas posso prometer me conter e não fazer besteira de novo. – fiquei em silêncio __Casa comigo Vic?
__O que vocês estão fazendo deitados no chão? – Celandine nos inquiriu e nos levantamos. Ele me encarou esperando uma resposta, assenti movendo minha cabeça.
__Sim, eu me caso com você. – ele vibrou com um grito e Maxine acordou chorando.
__Max!
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Andirá - o retorno a Atlantis
AventureMax consegue levar Vic de volta a Atlantis e estão cheios de planos para se casarem, mas não contavam com uma invasão hostil ao planeta, que leva Vic a lutar novamente por Atlantis.