~Laura~
Ainda bem que nossa visita aos Andrews ocorrera muito bem. Sinceramente, eu estava tomada pelo nervosismo, mesmo tentando relaxar o máximo que podia. Dona Cecília adorou Theo, assim como o pai de Dimitri. No fim do dia, ela insistiu para que ficássemos mais um pouco.
O quintal que Cecília nos sugeriu para que conversássemos era simplesmente lindo. A noite estava bem agradável, também. Apesar de Dimitri e eu termos trocado poucas palavras, eu senti que ele estava diferente. Algo tinha acontecido, mas não fiz muita questão de perguntar. Talvez algo coisa relacionada com a empresa, sabia como as coisas eram corriqueiras em seu emprego.
No dia seguinte, acordei em minha própria cama, enfim. Talvez Dimitri tivesse percebido que eu precisava ficar sozinha, ou talvez ele mesmo precisasse. Fiquei satisfeita quando ele me levou pra casa sem reclamar. Levantei calmamente e sem pressa. Ainda eram por volta de sete horas, ou seja, bem cedo. Normalmente, Theo dormia até às oito e meia, então eu teria um tempinho para mim mesma.
Fui ao banheiro e fiz minha higiene, pensado seriamente em encontrar alguém para ficar com meu pequeno. Por mais que eu não gostasse da ideia, sabia que era preciso. Eu tinha que voltar a trabalhar: nunca gostara de ficar parada. Não que eu não quisesse passar tempo com Theo, mas eu precisava fazer minhas coisas, também.
O dia foi bem agradável, meu pequeno sempre me trazendo alegria. E, bom, Dimitri não apareceu na hora do almoço como sempre fazia. Estranhei, mas não dei muita bola.
Tinha acabado de pôr Theo para tirar seu cochilo da tarde quando bateram na porta. Estranhei. Dimitri nunca aparecia essa hora: ele sempre vinha depois das cinco e ainda eram quatro horas. Como já estava na sala, fui à porta.
– Boa tarde. Laura? – perguntou um rapaz que segurava embrulho na mão.
– Pois não?
– Pediram para entregar isso à senhora – disse me entregando o embrulho.
– Posso saber quem é o remetente? – perguntei.
– Eu não sei, senhora, apenas me mandaram entregar. Aquilo não estava me cheirando bem, mas agradeci ao rapaz e fechei a porta. O embrulho não era pesado; na verdade, era bem leve e pequeno, do tamanho de um porta-retratos. Como minha curiosidade era muita, não esperei nem mais um minuto e abri o pacote. Não fiquei surpresa que, por baixo do papel, houvesse uma caixa, acompanhada de um pequeno bilhete:
Saudades, espero que o presente lhe agrade.
Minha consciência me dizia que aquilo não era coisa boa. Quem poderia ter mando aquilo? Fiquei receosa, mas abri a caixa e no mesmo instante meus olhos se arregalaram. Uma raiva enorme me subiu pelo corpo; minha cabeça gritava de dor e eu não acreditava no que estava vendo. Não pensei, apenas joguei o embrulho no chão.
Sem saber o que fazer com aquela informação e com aquela imagem, sentei-me no chão e chorei até desidratar. Eu não acreditava que Dimitri, o homem que eu amava, tinha feito aquilo comigo. Por um minuto eu pensara que ia ser diferente, que ele tentaria, mas a foto dele com outra me disse o contrário. A moça estava de costas, mas o rosto de Dimitri estava bem visível na foto. Talvez ela tivesse sido tirada antes de eu ficar com ele, mas não era isso que eu sentia.
– Como fui boba – pensei alto.
Ouvir batidas na porta, mas não me importei com elas no começo. No entanto, a pessoa ficou insistindo, então me levantei sem ânimo algum, com o olhos vermelhos de tanto chorar. Ao abrir a porta, a raiva me consumiu e fechei-a no mesmo instante.
– Vá embora – falei.
– O que houve, Laura? – perguntou Dimitri através da porta. – Deixe-me entrar!
– Eu já disse para você ir embora! Eu não quero vê-lo.
– Abra a porta, Laura! Juro que se não abrir eu vou entrar de algum jeito – sua voz soava firme.
– Você não é louco de arrombar essa porta, Dimitri.
– Não me teste, Laura! Você sabe que eu posso fazer isso. Se não abrir, eu vou entrar, por bem ou por mal.
Respirei fundo, tentando me controlar o máximo que podia para que, quando abrisse a porta, eu não pulasse em cima dele e começasse a espancá-lo.
– O que foi que aconteceu? Por que você estava chorando? – perguntou, adentrando o apartamento assim que abri para ele.
– Eu não lhe devo satisfações – falei. – Eu não quero mais você aqui e não quero mais vê-lo, então é melhor que saia logo – disse apontando para a porta pela qual ele acabara de passar.
– Eu não vou sair até que você me fale o motivo de você estar agindo desse jeito – vociferou em voz alta. – Me diga logo o que diabos aconteceu!
– Você pode baixar seu tom de voz, Theo está dormindo e eu não lhe devo resposta alguma – disse novamente. Dimitri veio na minha direção, mas parou subitamente, vendo o embrulho do chão. Ele se abaixou e pegou o porta retrato de madeira.
– Quem lhe deu isso? – perguntou com raiva na voz . – Fala, Laura! – Me assustei com seu tom de voz.
– Eu não sei, não veio com nenhuma assinatura. Mas é você quem deveria se explicar! Não sou eu quem estou agarrada em outro homem na foto – disse ríspida. Dimitri me olhou. Por um segundo pensei que ele fosse me atacar ou algo similar, mas ele se afastou, o olhar suavizando.
– Isso não é exatamente o que parece. Perdoe-me – ele disse rápido.
– Ah, não! – Exclamei. – Nem tente mentir, Dimitri, eu vejo muito bem seu rosto nessa foto – disse prestes a cair em prantos novamente, mas me segurei.
– Eu posso explicar!
– Eu até queria que você explicasse – disse, debochada.
– Mas a única coisa que eu quero é que você saia do meu apartamento – gritei. - Nunca mais apareça na minha frente.
Dimitri me olhou com os olhos arregalados, admirado com minha reação.
– Você sabe que isso não é possível. Você não tem o direito de fazer isso, Theo também é meu filho!
Eu sabia ele estava certo, mas a raiva me tomava por inteiro, impedindo-me de pensar racionalmente.
– Se você não for embora, eu vou – ameacei. – E se não quiser que eu suma com o Theo, é melhor você ir agora.
Dimitri suspirou e, então, falou:
– Eu vou, mas eu vou voltar e vou mostrar para você que eu não fiz nada.
Dimitri saiu, batendo a porta. Em segundos, lágrimas rolaram dos meus olhos novamente.
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Encontrada por você
RomanceLaura Wolfe, 25 anos, formada em fisioterapia, estava de licença médica por conta de sua gravidez. Laura foi deixada grávida por um CEO, Dimitri Andrew, 28 anos, que a tempos a procura, para tentar se redimir da traição e tentar se aproximar de seu...