🍁- Capítulo IV

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No dia seguinte, Acelin acordou, um pouco depois de os primeiros raios de sol entrarem pelas janelas de vidro do velho escritório de contabilidade. Sempre demorava a se situar quando acordava, ficava sentada sem mover um músculo por uns cinco minutos com os olhos fixos em um ponto qualquer.

Depois desses minutos desperdiçados em nada, Acelin notou onde estava, lembrando-se do homem que habitava aquele lugar. De súbito, Acelin tentou encontrá-lo, procurando-o naquele pequeno escritório, mas ele não parecia estar ali.

Acelin pegou algumas de suas coisas e foi sozinha até o pavilhão da princesa, para o casarão dos funcionários. A menina banhou-se, enquanto seus pensamentos levaram-na até Sidony.

Estava há pouco tempo em Cadmus, mas já sentia uma saudade absurda do seus pais. Ela queria estar com eles novamente em sua casa. Suas memórias ainda eram vivas, tão reais. Quando fechava os olhos podia ver Erick, seu velho pai, no mercado, com um sorriso no rosto enquanto contava uma piada maliciosa para um amigo qualquer. Depois seria repreendido por sua mãe Helsa, dizendo para não falar essas coisas na frente do pequeno Aric. Sentia saudade de quando eles sentavam-se juntos para jantar e conversavam até o sono ser mais forte que eles.

Acelin não queria ter ido embora, não queria ter deixado seus pais. No entanto, uma mulher conseguir emprego em Sidony era algo muito difícil e Erick, pai de Acelin, estava a cada dia se aproximando mais da morte.

Enquanto a água morna corria sobre o seu corpo, a moça tomou o fôlego e pensou: "Não importa o quão difícil seja, Acelin, seu pai precisa de ti".

Pobre Acelin, com um coração tão cheio de angústia e, ao mesmo tempo, cheio de esperança. Tudo o que ela queria em Cadmus era dinheiro para salvar a vida de seu pai, mas devo dizer que o que Acelin viveria mais a frente, estava muito além do que ela podia esperar.

Estava alinhando seu vestido, defronte ao alongado espelho do quarto das mulheres, quando madame Hilde entrou para acordar as outras damas. Vendo Acelin já pronta, ela lançou um breve olhar de aprovação para a moça. Acordar cedo era algo que Acelin já estava acostumada, pois todos os dias acordava logo depois dos primeiros raios de sol para ajudar seus pais no mercado de Sidony.

Após as damas se alimentarem rapidamente, sem tempo para diálogos; madame Hilde ordenou que Acelin e mais três damas fossem ao palácio, acompanhando-a, para arrumar a princesa quando a mesma acordasse.

"Essas pessoas da realeza são tão estúpidas. O que há de difícil em vestir-se sozinha?", pensou Acelin.

As damas chamadas acompanharam a chefe das damas até o desmedido palácio. Ao chegar lá ficaram por uma hora e alguns minutos aguardando a princesa acordar. Entediante, como você bem pode imaginar.

- Dama Gela, você ficará responsável por preparar o banho da princesa e, madame Hannah, você ajudará Gela a vestir a princesa. Acelin e Ágda, todos os dias a princesa sai para um passeio no palácio, vocês irão acompanhá-la.

Enquanto esperavam a princesa acordar, madame Hilde dizia-lhes tudo o que elas deviam e tudo o que elas não poderiam fazer. Era uma lista grande de coisas que Acelin mal conseguiu absorver, mas daria seu melhor para não cometer mais nenhum erro.

Após uma longa espera, a princesa Freydis desadormeceu, madame Hilde foi a primeira a entrar no quarto demorando alguns minutos para abrir a porta e chamar as outras moças.

Era a primeira vez que Acelin veria a princesa Freydis. Estava receosa, pois sabia que era para a jovem princesa que trabalhava, o seu emprego dependia totalmente daquela jovem de apenas dezesseis anos de idade.

A princesa estava de pé, olhando para fora da janela. Usava um camisolo azul, bem longo e fino, com detalhes de flores bordados. O seu cabelo estava emaranhado e ela ainda parecia dispersa.

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