❄️ - Capítulo XX

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❗️ O Vídeo acima é um trailer e contém cenas desse capítulo e dos próximos.



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— Não podes fazer isso! — Sandor bradou exasperado. — Anzel nunca fez isso antes, ele não tem experiência.

—  E é exatamente por isso que esta é uma esplendida oportunidade para ele — o rei alegou. 

— Vossa majestade, não estamos falando de uma negociação habitual. Sabemos a seriedade de que se trata esse negócio —  Sandor embirrou.

— E é por ter conhecimento disso que escolhi mandar meu sobrinho.

Sandor fumegava. 

— Como podes dizer que amas Anzel e enviá-lo para Palama sem sequer ter tido alguma experiencia como essa antes? 

— E o que achas que eu deveria fazer, meu irmão? Sabes que devo mandar alguém importante, alguém com nome.

— Mande-me no lugar de Anzel — propôs inutilmente. 

— Sandor, não mandarei meu conselheiro para um reino inimigo — esclareceu o que Sandor sabia. 

— Por favor, meu irmão, não mande meu filho — suplicou. 

Magnus começava a irritar-se com a insistência audaciosa do irmão.

— O que pensas, Sandor? — encarou-o firmemente. — Achas que mandarei meus filhos para lá? Achas tu que mandarei meus herdeiros para Palama? Anzel é um garoto sábio, pois tu o criastes bem. Não o estou mandando-o para a morte, mas sim em direção ao amadurecimento. Deves confiar em seu filho, meu irmão. 

— Chega a ser risível ouvistes falar sobre seus herdeiros como se...

 — Basta! — Magnus bradou. — Não tolerarei mais a tua irreverência. Anzel irá Palama e se ousares questionar-me, terei-te como meu opositor e terás de lidar com isso. 

Não havia mais o que ser dito. sandor sabia que a discussão acabara ali.


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Nevava na tarde daquele dia e as árvores usavam cobertores de gelo. 

Anzel estava junto de Rurik no pavilhão de inverno. 

— Não estou apaixonado! Devo estar repetindo isso pela milésima vez. Por que não acreditas em mim?

— Porque não há outro motivo que justifique sua atitude ontem quando Nukenin estava ensinando Acelin a usar o arco e flecha — explanou. 

— Ele estava, gritantemente, aproveitando-se da situação.

 — Mesmo que ele estivesse, que eu acredito que não estava, por que isso  incomodaria-te tanto assim?

Rurik bufou.

— Porque um homem não deveria agir daquela maneira.

Anzel riu.

— Está com ciúmes — cutucou o ombro do mais novo.

— Não estou.

— Claro que está.

— Não gosto dela, então não tenho motivos para isso.

— Hum — o mais velho avaliou a situação. — Então, tudo bem se Nukenin decidir namorar Acelin, não é?

Rurik voltou seu olhar para o mais velho.

— Do que estás a falar? Nukenin está aqui para trabalhar e não para perder tempo com garotas. 

Anzel riu, fazendo Rurik enfurecer-se.

— Anzel! — a voz de Sandor ecoou.

O filho voltou o olhar para seu pai que fez sinal para que fosse até ele. Anzel despediu-se de seu primo e seguiu o pai até o palácio. Não sabia se era o silêncio ou a expressão do mais velho que o incomodava.

Sentados sobre a cama de Anzel, o olhar do pai era intrigante, misterioso.

— Aconteceu alguma coisa, pai?

— Sabes que estamos tentando voltar nosso comércio com Palama, não sabes?

— sei sim, meu pai.

— Mandaremos um representante para lá em dois, com o fito de convencê-los a voltar a negociar conosco — explicou.

— Estou sabendo disso, pois Anton contou-me. Porém, isso não é arriscado?

— Mandaremos soldados também e eles trarão alguém para cá como garantia.

— Se nosso enviado morrer, o enviado deles também morrerá —  analisou. — Parece justo. E quem enviaremos? Tem de ser alguém importante e eloquente como o senhor, meu pai.

— O rei não pode enviar seu conselheiro para tal missão meu filho.

Agora Anzel começava a entender o que seu pai estava tentando dizer. 

— O seu tio decidiu que tu és a melhor pessoa para isso — não dava parar prolongar mais. — Não se preocupe, vou tentar convencê-lo novamente a não deixar-te ir e...

— Não, pai —interrompeu-lhe.  — Não faças isso. Eu quero ir.

Sandor o encarou.

— Filho, tu não tens experiência. Essa não é uma negociação habitual. Tu não entendes a seriedade disso — alegou.

— Pai, eu não sou uma criança — retrucou. 

— Sei disso, Anzel. 

— Então, confie em mim — os olhos cinzentos do filho imploravam tanto quanto suas palavras.

— Não posso deixar-te ir.

Anzel bufou. 

— Por que não? Eu posso fazer isso, pai!

— Não sinto que tu estejas pronto para algo tão grande — replicou.

— Devias confiar em mim como meu tio. 

— Ele só está enviando-te porque não há mais ninguém para isso — argumentou.

— Exato. Meus primos não podem ir, pois são herdeiros do trono e o senhor também não, pai. Então, se resta apenas eu para isso, não posso acovardar-me. Eu imploro, pai, confie em mim. 

Sandor respirou profundamente. 

— Sei que estás preocupado, mas eu ficarei bem e o senhor ficará orgulhoso de mim quando eu voltar. 

Não havia o que discutir. 

Sandor sabia disso. Não conseguiria convencer seu irmão, então deveria apenas aceitar. Não dá para ficar prolongando certas coisas. Sempre irá chegar a hora de puxar o curativo, mesmo que isso doa. 

Abraçou o filho com força, apertando-o contra seu peito. 





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