🍁 - Capítulo VIII

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Freydis apreciava a cada dia mais a amizade de sua nova dama. Ficava feliz quando madame Hilde escolhia a mesma para lhe fazer companhia. Acelin era cômica, hilariante e sempre conseguia fazer a jovem princesa sorrir.

Acelin também ficava feliz quando era escolhida para fazer companhia à princesa. As duas passeavam pelo jardim enquanto conversavam e riam. Também gostavam de ver o treinamento dos soldados. Lá, Acelin podia ver o Lobo, pois quase nunca o via no escritório de contabilidade, uma vez que, quando ele estava presente, era sempre silencioso ao ponto de a garota não notar a presença do mesmo.

Seu jeito frio e distante despertava em Acelin certa curiosidade. Por que ele não dormia com os outros soldados? Por que não contava seu verdadeiro nome? Por que era sempre tão fechado? Eram perguntas que Acelin não tinha como saber as respostas, pois, quem saberia?

Segundo Freydis, na habitação real, poucos sabiam algo sobre ele que não fossem apenas mentiras e achismos. No entanto, Acelin lembrou, aquele soldado airoso e estranho era amigo do Lobo. Talvez, fosse o único que saberia lhe dizer coisas verídicas sobre aquele homem. E Acelin, estava determinada a questioná-lo.

A dama já estava a uma semana na habitação real e, aos poucos, começava a sentir-se a vontade naquele lugar. Sentia muita saudade de sua família, mas a sensação era suportável.

Todas as tardes, a princesa tinha aulas com um senhor de idade avançada que lhe dava aulas das mais diversas áreas, enquanto uma senhora, também de idade avançada, lhe ensinava artesanato, costura e culinária. Todavia, esses conhecimentos domésticos lhes seriam inúteis.

No fim do dia, Freydis encontrava Anzel e eles conversavam até que um dos dois necessitasse, por algum motivo específico ou apenas pelo horário avançado, ir embora.

Acelin ainda não tivera oportunidade de conhecê-lo, mas Freydis lhe falava muito sobre o mesmo. Eram primos e amigos de infância, além de compartilharem o mesmo gosto pela leitura. Pelo que Freydis lhe contava, o rapaz parecia ser adorável. Decerto, não estava errada em acreditar nisso.

O horizonte começava a se acinzentar. Freydis e Anzel estavam juntos no jardim e Acelin estava a caminho do casarão dos funcionários do palácio dos reis, uma vez que madame Hilde chamara todos os funcionários da princesa para uma reunião. Acelin entrou no casarão dos funcionários reais e notou que era muito maior do que o do pavilhão da primavera.

Os funcionários de todos os pavilhões estavam ali. Apenas o pavilhão administrativo ficou de fora. Acelin aproximou-se de Agda, uma das poucas damas com quem tinha algum vínculo mais forte.

- Sabes por que ela nos chamou? - Acelin sussurrou no ouvido da mais alta.

- Como eu saberia? Estou tão curiosa quanto você.

A dama da rainha estava lá. Ela se chamava Frigga. Era uma mulher que viera de Sidony junto com a rainha Hakana. Era cadavérica e magricela, seus cabelos caíam em pesados cachos dourados sobre os ombros. Os olhos verdes eram redondos e observadores, gritantes devido a pele pálida.

- Espero que estejam todos aqui - a mulher olhou em volta e, por milésimos de segundo, Acelin sentiu os olhos verdes da mulher sobre si. - Como sabem, o festival do nosso deus Belenos está próximo. O sábio da rainha viu que haverá falta de chuva em nosso reino. Portanto, devemos clamar a Belenus que se compadeça de nós e nos conceda a chuva...

- Quem é esse? - sussurrou Acelin à Agda.

- Belenus é o deus da chuva, nos concede prosperidade e abençoa nossas colheitas. Todos os anos, em Cadmus, acontece um grande festival onde pedimos a ele que mande chuva.

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