❄️ - Capítulo XXXIV

20 5 26
                                    


— Pai, deixe-me ir junto.

Sandor arregalou os olhos para o filho. Em sua expressão era perceptível que ele não conseguia acreditar no que estava ouvindo.

— Anzel...

— Por favor, pai, eu preciso ir.

Sandor respirou profundamente. Não arriscaria a vida de seu filho novamente. O que Anzel poderia fazer em uma invasão no estado em que se encontrava?

— Filho, tu não podes ir. Sinto muito, mas não arriscarei tua vida novamente. Eu deixei-te ir uma vez para aquele lugar e nunca mais permitirei novamente.

Anzel tinha os olhos fixos no pai, observando sua expressão de reprovação.

— Por quê? — o rosto do garoto era inexpressivo. — Achas que eu não posso lutar porque estou manco?

Sandor ainda estava de pé. Os olhos mantiveram-se parados sobre o filho e depois encararam a mesa quando um longo suspiro deixou seus lábios.

— É exatamente isso, filho. Eu não quero colocar tua vida em risco.

Anzel soltou um riso forçado, encarando o chão e depois o pai.

— Achas que eu sou um inútil?

— Filho, eu jamais acharia isso. Apenas temos de admitir que por causa do que aqueles intratáveis fizeram contigo, tu tens agora algumas limitações. Porém, continuas sendo um menino inteligente e astuto. Jamais serás um inútil.

Ainda encarando o pai, Anzel soltou um suspiro frustrado.

— Nukenin está a me treinar para que eu não precise mais dessa bengala — apontou para o objeto de madeira ao lado da cadeira. — Eu posso conseguir lutar se ele me treinar. O senhor sabe que ele é o melhor soldado do reino.

— É diferente conseguir andar e conseguir lutar, filho.

Anzel estava ficando aborrecido.

— Pares de tratar-me como um coitado, pai! — O garoto levantou a voz. — Por favor, deixe-me tentar.

Sandor o encarou. Era a primeira vez que Anzel levantava a voz para com ele.

— Não fales assim comigo, Anzel — disse, olhando-o com firmeza. — Independente do teu sofrimento, eu sou teu pai.

O garoto bufou.

— Apenas deixe-me ir. Se sente muito pelo o que aconteceu comigo, deixe-me ir para Palama — agora o tom de voz do garoto era de súplica. — Sei que a tua intenção é de vingar o que me aconteceu, mas o único que precisa dessa vingança sou eu. Sou eu quem sentiu na pele a crueldade deles e se vós invadires Palama sem mim, esse peso em meu coração nunca cessará. Quero eu estar presente para vingar o que aconteceu comigo e assim, quem sabe, sentir algum alívio.

Sandor tinha medo, mas sabia que não era justo invadir Palama sem o filho.

— Mostre-me que podes. Treine com Nukenin e se eu ver que és capaz de lutar apesar da dificuldade física, então deixarei que venhas comigo.

Então, Anzel abriu o que seria o rascunho de um sorriso e agradeceu ao pai.

Mal conseguiu esperar o tempo passar. Em seu quarto, tentou inúmeras vezes ficar em pé sem a bengala. O dia inteiro, Anzel tentou, até conseguir fazê-lo sem dificuldade.

Quando a madrugada atingiu, então, seu ponto alto, Anzel foi o mais rápido que pôde até o pavilhão dos soldados. Lá, encontrou Nukenin de pé no campo o esperando. No tempo em que treinaram juntos, devo dizer que o soldado nunca atrasou-se.

CADMUSOnde histórias criam vida. Descubra agora