🌼 - Capítulo XXXIX

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O sol já estava nascendo em Palama. Da aldeia, os soldados levaram algumas moedas, escravos e coisas que acharam que tinham valor. Em seguida, partiram para a aldeia vizinha.

Na cidade ninguém podia imaginar o que estava acontecendo. As notícias levavam dias para chegar e aqueles que moravam mais perto do porto de Dara, que poderiam contar o que estava acontecendo, haviam morrido.

A maior parte dos soldados estava no porto, colocando a madeira paladiana que iria para Lanh em carroças e levando-as ao navio. Em breve, iriam começar a aparecer pessoas ali, e os soldados já estavam preparados para atacar.

Os portões da aldeia estavam abertos, como uma presa convidando o predador. Já havia o movimentar de homens preparando-se para o trabalho, quando o galopar dos cavalos cadissins se fizeram audíveis.

Mal puderam pensar quando os soldados de Cadmus atacaram a aldeia com ferocidade. O cenário era quase o mesmo da aldeia anterior; gritos, choros e súplicas.

Nem mesmo o templo, onde os deuses paladianos eram adorados foi poupado. Amarraram-se cordas ao redor das estátuas e as puxaram, levando-as ao chão, causando um estardalhaço. Ainda ousaram levar uma daquelas cabeças de mármore para Cadmus, afim de zombar quando lá chegassem. Além disso, levaram seus sacerdotes como escravos.

Tudo o que puderam destruir, assim fizeram.

Para os paladianos aqueles deuses eram divinos, grandiosos, poderosos, davam a eles a vida e os meios para mantê-la. Porém, aquilo era o quanto os cadissins se importavam com aqueles deuses, nada. Aquelas estátuas eram apenas mármore, pedra e areia para eles.

Com o nascer do dia, era chegado o momento da cidade de Ismênia ser atacada. Alguns homens partiram para lá, incluindo Anzel, Rurik, Anton e o general Bacchus.

Outros partiram para a última aldeia que era bem menor que as outras, enquanto Nukenin, Sandor e alguns outros voltaram ao porto de Dara, afim de lutar quando os homens paladianos começassem a chegar lá.

No caminho de volta ao porto, o cordão que Acelin dera para Nukenin fazia um barulho ao bater na armadura quando o cavalo galopava. Isso o fez pensar na garota sidonesa e perguntar-se por um momento o que ela queria dizer com "quem usa este cordão, certamente voltará para o lugar onde é amado". Seria isto uma forma de ela dizer que possuía sentimentos por eles? Ou ela estava se referindo a amizade deles todos? Isso o deixou inquieto. Não sabia qual dos dois significados ele queria que fosse o verdadeiro.

O transporte da madeira para o navio era lento e cansativo. Ao chegar no porto de Dara, os soldados que haviam acabado de voltar das aldeias, começaram a ajudar.

De repente, ouviu-se o galopar de cavalos e o som sútil de uma flecha cortando o ar. A flecha foi disparada pelo Lobo e acertou um dos sete cavaleiros paladianos que se aproximavam do porto para vistoriar o lugar.
O homem que usava a bela vestimenta preta com detalhes vermelhos, caiu no chão a poucos segundos da morte.

Logo, os arqueiros cadissins, dispararam suas flechas contra os homens que avançavam. Porém, dois deles, um gravemente ferido e outro apenas com o arranhão de uma flecha que o atingiu de raspão, conseguiram fugir.

Os cavaleiros foram mortos, manchando de vermelho a areia da praia.

Deixe-me então contar-lhes um pouco da trajetória dos dois cavaleiros sobreviventes.

Devo dizer que o reino de Palama temia pelo dia em que o grande rei Magnus de Cadmus iria vingar-se. O silêncio diante de uma afronta à sua soberania não lhe era comum. No entanto, aqueles sete cavaleiros foram surpreendidos naquele amanhecer.

Os dois sobreviventes tinham agora uma árdua missão. Precisavam chegar o mais rápido possível à capital para contar ao rei Farid sobre a invasão cadissim. Porém, o trajeto levaria três dias à cavalo, nunca iriam conseguir interromper a invasão. No entanto, o rei ainda precisava ser informado.

O nome desses dois homens não nos é relevante. Devo dizer, porém, que um deles sangrava incessantemente. Era um homem forte, de olhos castanhos e cabelos escuros. Com a flecha ainda cravada em si, não pode suportar por muito tempo. Seu rosto empalidou logo, seu corpo perdeu a força, os olhos pesavam, a dor lhe atormentava e o ar começava a sumir. Sofreu até que caiu do cavalo e morreu.

Agora, o outro cavaleiro estava sozinho. Agradeceu até, pois seria difícil chegar rápido com um homem ferido. E assim, seguiu o mais veloz que podia, fazendo poucas paradas, afim de chegar ao palácio do rei Farid o mais rápido possível.

Enquanto isso, homens cadissins chegavam à pequena cidade de Ismênia.

- Não venhas bancar o salvador dos fracos dessa vez, Rurik

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- Não venhas bancar o salvador dos fracos dessa vez, Rurik. Sejas homem! - Exclamou com deboche Anzel ao seu primo.

O mais novo indignou-se quando os outros soldados riram dele, cochichando uns com os outros.

- Não preciso que digas o que tenho que fazer - revidou.

- Ei, não é entre si que temos que brigar - Anton interviu, fazendo até mesmo os soldados que riam pararem.

Ao chegarem na cidade, mataram todos os guardas que a vigiavam, e adentraram em seu interior. Não tinham tanto tempo quanto nas aldeias, mas causaram um grande alvoroço. Entraram nas casas, levando ouro, comida e tudo o que acharam valioso.

Rurik continuava sendo piedoso com as crianças, enquanto Anzel matava aquelas pessoas como se fossem apenas insetos. A mágoa o havia dominado e ele apenas pensava em fazê-los pagar pelos seus dias de angustia.

A vingança vem da vulnerabilidade das almas, que não podem lidar com os insultos, as infelicidades e mágoas passadas. E, para Anzel, não havia nada que fosse mais importante do que aquilo naquele momento.

Ao chegarem no mercado, os cadissins passaram seus cavalos por cima das pessoas, destruíram bancas, roubaram mercadorias, sujaram o chão paladiano de vermelho. Alguns homens de Palama ainda tentaram lutar, mas foram brutalmente mortos por homens banhados de suor e raiva.

O sol quente do Oriente foi coberto pelas nuvens, parecia não querer ver a maldade humana que acontecia ali.

A cidade de Ismênia era conhecida por seu comércio ativo, que levava as pessoas à rua, causando o som alto de vozes misturadas, carroças, risadas, choros de crianças impacientes e mercadorias sendo vendidas. Porém, o som alto daquele dia foi diferente do habitual. Era o som do desespero, do galopar de cavalos enfurecidos, das espadas e armas , dos gritos e choros.

 Era o som do desespero, do galopar de cavalos enfurecidos, das espadas e armas , dos gritos e choros

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