A ausência de madeira paladiana prejudicava o comércio. O povo se desesperava quanto mais os dias passavam e as críticas ao rei Magnus se intensificavam.
Ah, mas o grande rei recuva-se a ouvir as críticas que lhe eram dadas. Estava ofendido demais com o rei Farid para preocupar-se com o que seu povo dizia.
O sol ainda espreguiçava-se naquele dia quando Hakana retirou-se em direção a floresta escoltada por um guarda de confiança. Um capuz vermelho escondia a face da mesma.
Uma trilha sigilosa e árdua, para aqueles que não a conheciam, levava para o interior da floresta, onde o lugar tornava-se estarrecedor.
Hakana conhecia a trilha como uma guia. Embrenhava-se naquele lugar com a certeza de onde queria chegar.
Em uma área pantanosa dentro da floresta, havia uma casa de madeira tão amedrontadora quanto o cenário que a rodiava. Plantas em decomposição, palmeiras, salgueiros e bordos.
Animais espreitavam os paços firmes da formosa rainha na terra alagada.A casa era escura, apenas os raios de sol que entravam pelas frestas das madeiras iluminavam o lugar. Balder, o feiticeiro, estava sentado no chão com as pernas cruzadas. Ao ver Hakana adentrar, ele sorriu.
— A que devo a honra de sua visita, minha rainha?
Hakana aproximou-se, sentando de frente a Balder que sorria com seus dentes sujos de sangue.
— Quero saber se meus filhos estão vivos.
O sorriso no rosto do feiticeiro se alargou.
— Certamente que sim. A deusa Frae a abençoou com filhos fortes.
Hakana sorriu orgulhosa.
— E Anzel? Ele vive?
— Ah, sim. O garoto luta como um toro valente movido por seus instintos.
Você bem deve saber que não era isso o que a rainha queria ouvir.
— Tão irritante quanto o pai — Hakana disse, revirando os olhos. — Mas, diga-me, o que mais os deuses tem para dizer-me.
Balder então ajeitou a postura e segurou a mão direita da rainha. O feiticeiro fechou seus olhos, levando alguns segundos para tomar a fala. Hakana estava apreensiva, encarando-o com ansiedade.
— O que vês? — O perguntou.
O feiticeiro abriu os olhos com o rosto inexpressivo.
— Eu vi o seu primogênito. Ele estava sentando em um trono com uma bela mulher ao seu lado.
— O que mais vistes? — Hakana ainda segurava as mãos de Balder.
— Com uma das mãos ele segurava a da bela moça e com a outra continha uma taça de ouro — disse lentamente, fazendo Hakana imaginar o que o homem falava. — Na taça tinha vinho. Ele estava feliz, muito feliz.
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CADMUS
General Fiction"Por trás de grandes reinos há sempre sangue e traição. O poder em Cadmus tem cheiro pobre." Quando se fala em arquitetura e intelecto, qual reino ousaria competir com Cadmus? Ele era o maior reino dentre as nações. Governado pelo egocêntrico rei Ma...