Ano 2. A derrota

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Minerva McGonagall não admitia, em hipótese alguma, que seus alunos a desrespeitassem ou fossem de encontro a suas ordens. Quando isso acontecia, seus castigos eram muito severos. Não era de se admirar, então, que os alunos que saiam de sua sala naquele momento estivessem tão abalados. As pernas de Pedro ainda tremiam e os rostos do Sr. Lupin e da Srt.ª Le Fae não podiam estar mais pálidos. Apenas Marlene, Tiago e Sirius ainda tinham o olhar selvagem de sempre. Porque quase nada podia afetar estes três.

Contudo, não se pode negar que o olhar de Tiago tinha muita influência da raiva que sentia. De todos os seis, ele fora o mais punido, além de ter sido o que mais perdeu pontos para a Casa. Todos eles receberam apenas detenções leves — durariam um mês, é verdade, mas ajudar Hagrid nos afazeres de guarda-caça do colégio era fichinha perto do que ele iria enfrentar.

Voltaram silenciosos, entretanto, para a Sala Comunal. O local estava deserto e os eficientes elfos domésticos de Hogwarts já trabalhavam limpando a bagunça da festa ilegal. Um deles — o que serviu os meninos na noite do primeiro dia de aula — acenou para o grupo, num súbito ataque de coragem. O grupo deu um "alô" desanimado e foi direto para o dormitório, não havia mais nada para fazerem naquela noite.

No dia seguinte pela manhã, Tiago foi o primeiro aluno da Grifinória a sair dos dormitórios. Não tinha mais paciência para dormir. Ainda estava chateado com o castigo que a Minerva lhe dera. Achava-o muito injusto. Sentou numa poltrona transtornado, e ficou resmungando coisas sem sentido. Até que percebeu que algo lhe observava.

Tinha grandes e brilhantes olhos negros, pele cinzenta e vestia uma espécie de avental muito sujo. A criatura possuía orelhas pontudas e sorria bastante.

— Olá — disse, com sua vozinha fina, e Tiago caiu da poltrona em que estava, assustado.

— O-olá. — Estava em choque, e apenas depois de muitos minutos percebeu que a criatura era um elfo doméstico. Não apenas qualquer elfo, mas aquele que o cumprimentara na noite anterior.

— O senhor é o senhor Tiago Potter?

— Sou — respondeu Tiago, levantando-se do chão. — O que você quer?

— Eu sou Zinkys, senhor, e eu vi o senhor Tiago Potter entrando na Sala Precisa. Como o senhor Tiago Potter conseguiu entrar na Sala Precisa?

Tiago franziu o cenho ao ouvir o que o tal elfo falava. Ele nunca tinha ouvido falar de nenhuma Sala Precisa, quem dirá conseguir entrar em uma! Mas, só se... Rá!

— O que você disse? Sala Precisa, é isso?

— Sim, senhor Tiago Potter — o elfo respondeu, animado por conversar com um bruxo. — Aquela sala mágica que não tem porta, mas que aparece quando você quer que ela apareça. Zinkys nunca viu ninguém entrar nela, mas o senhor Tiago Potter entrou!

Então é esse o nome daquele lugar, pensou Tiago sorrindo.

— Obrigado, Zinkys — Tiago gritou pro elfo, deixando-o com um sorriso ainda maior no rosto pequeno.

Tiago subiu as escadas do dormitório correndo, pulando a maior parte dos degraus para chegar mais rápido. Assim que entrou no quarto, tirou logo as cobertas de cima de Remo, Sirius e Pedro. Balançou os três, mas nada os fazia acordar.

— Vocês me deixam sem opção — Tiago constatou, pegando a varinha, apontando para Sirius e gritando: — Aguamenti!

— Ai! — Sirius berrou, saindo correndo de cima da cama e, de quebra, acordando os outros dois.

— Pelas barbas de Merlin, Sirius, não são nem sete da manhã ainda — Pedro disse, abrindo os olhos.

— Pelas barbas de Merlin digo eu! Olha o que Tiago fez comigo! — O menino apontou para o próprio corpo, correndo para o banheiro para se secar. Remo apenas revirou os olhos com o estardalhaço que os amigos faziam.

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