Ano 1. Enfim, Marotos

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Perguntas insolentes que precisavam ser feitas para, assim, verem seus jovens coraçõezinhos mais calmos. Respostas enigmáticas que deixaram as crianças confusas. A isso fora resumido o encontro entre alunos e diretor perante a mesa de mogno naquela convidativa manhã ensolarada de sábado.

— Têm noção de quantas regras quebraram e quão horríveis foram as consequências? — Olhos azuis penetrantes fitaram cada alma assustada pelo bobo perigo da detenção.

— Desculpe-nos, senhor...

Alvo ergueu a mão interrompendo-o e sorriu divertidamente de alguma piada secreta realmente engraçada que não poderia ser mantida em segredo.

— Entretanto, os males que enfrentaram equivalem ao pior dos castigos que este colégio poderia oferecer.

— Obrigado, senhor. — Murmúrios excitados acompanhados de olhos esbugalhados e rostos estupefatos foram ouvidos.

Dumbledore bateu as pontas dos dedos enrugados.

— Alguma pergunta?

Remo foi o primeiro a falar.

— Por que não ataquei o Hagrid?

— Sua, por falta de palavra melhor, humanidade, o impediu.

— Mas os lobisomens esquecem-se de quem são ao se transformarem...

— Exatamente. E, certamente sentiu vontade de agredir seus amigos, não? — O garoto assentiu. — Você não se lembrou de quem era. Contudo, sua alma sim. A necessidade de carne era extrema, no entanto, ama seus amigos intensamente. Um amor tão forte que deixou de ser apenas carnal. Ele passou a faze parte de quem é, de sua essência, sua alma. Não os acometeria nenhum male se pudesse evitar. Ao compreender que poderia machucá-los, sua humanidade despertou. Ela conseguiu exercer algum poder sobre o monstro, naquele momento, libertado. Assim, se machucou para impedir a si mesmo de feri-los.

— Então... Fui eu o tempo todo?

— E quem mais seria? — Dumbledore sorriu marotamente para eles. — Mais alguma coisa?

— Por que meus feitiços não atingiam os centauros?

— Caro Sirius, devo dizer que as criaturas as quais chamamos, erroneamente quero acrescentar, possuem certos conhecimentos que ignoramos.

— E por que eles nos ajudaram?

— Creio que gostam bastante do Rúbeo.

O diretor voltou à atenção para a janela e só então pareceu notar que o dia já nascera.

— Aposto que desejam aproveitar esse belo Sol e reterem-se aqui não irá ajudá-los com isso —dispensou-os com um aceno.

Desceram as escadas correndo felizes. Pouco depois, se encontravam no corredor que dava acesso ao pátio externo. A luz solar atravessava os arcos de mármore banhando quem por ali passava com sua quentura. O gramado logo adiante estava repleto de alunos. Alguns conversavam animadamente, outros corriam ou voavam baixinho. Cada um fazia algo diferente, porém todos se divertiam. Seguiram até uma grande árvore de grossos galhos, as folhas num esquisito tom de marrom-esverdeado anunciando a proximidade da primavera. Sirius puxou uma das folhas e rasgou-a em pequeninos pedaços.

— Isso está um tédio...

— Vai passar rapidinho. Olha quem vem vindo. — Tiago apontou para as sombras de Severo e Lílian, que se aproximavam. — Ei! Ranhoso!

— O nome dele é Severo — a garota revirou os olhos, cansada da repetitiva conversa.

— Não me lembro de falar com você, Evans.

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