Ano 1. As Casas

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Desde que se encontraram, os quatro amigos não pararam de conversar por um só instante. Falaram sobre tudo, desde os segredos que acreditavam estarem escondidos no castelo ao quadribol — famoso esporte bruxo. Por fim, especularam sobre as quatro famosas casas comunais da Escola: Corvinal, Lufa-Lufa, Sonserina e Grifinória. A unânime preferência pela última talvez se devesse ao fato dos amigos, exceto Sirius e Pedro, pertencerem a famílias grifinórias.

A antiga linhagem sangue-puro dos Black era também sonserina. Algo que o jovem primogênito repugnava. Em se tratando da família, era extremamente rebelde. Sempre fora assim e sempre seria. E rebeldia era, aliás, a qualidade que Tiago Potter mais gostava e prezava no melhor amigo. Afora esta, a característica que mais o marcava era o gosto e a atração pelo perigo. Algo que tanto Remo quanto Pedro desejavam adquirir com o tempo.

Ao chegarem à Estação de Hogsmead, se viram obrigados a pararem com as divagações sobre Hogwarts e tudo que a circundava. Desceram, em fila, felizes por estarem mais perto que nunca de ingressarem no mundo da magia. As vozes excitadas dos outros alunos indicavam o mesmo. Estavam todos no mesmo barco. Medo e curiosidade: tudo se misturava, principalmente no pequenino Pedro Pettigrew, que teve seu corpo tomado por um grande arrepio ao ver, à curta distância da pequena Estação, centenas de carruagens. Isso tudo seria normal, não fosse o fato de não haver cavalos por perto. Em nenhum lugar.

— São puxadas por testrálios. Só os enxergam quem já viu a morte. — Remo apontava para um lugar onde não havia nada, à frente da carruagem, demonstrando seu conhecimento sobre o mundo mágico.

Pettigrew ficou ainda mais assustado ao ouvir as declarações de seu amigo. Agora todo seu corpo tremia e o pavor estava estampado em seu rosto; olhos esbugalhados e respiração pesada marcavam ainda mais a expressão em seu rosto.

— Não se preocupe — uma voz doce e maternal foi ouvida pelos amigos — nós iremos de barco.

Ao se virar, o quarteto se deparou com uma bruxa atarracada e gorducha, de rosto bondoso e com longos cabelos ruivos.

— O-obrigado, acho — sussurrou o medroso, engolindo em seco, o medo ainda evidente em sua voz.

Porém, a menina já não estava mais lá. Desaparecera tão misteriosamente quanto aparecera. Embora quisesse especular mais sobre quem era a menina, não teve tempo. Uma voz grossa e assustadoramente alta falou, acima de todo o barulho:

— Alunos do primeiro ano, por aqui, por favor. Alunos do primeiro ano!

Uma figura surgiu da escuridão. Era alta e larga. Mais alta e larga que a maioria dos homens. Também tinha uma barba, grande e espessa, que lhe cobria metade do enorme rosto. Nas mãos, um lampião. Esta visão tirou o pouco controle que Pedro possuía por seu corpo, que passou a tremer descontroladamente. Ao seu lado, Tiago e Sirius admiravam, boquiabertos, o tamanho do bruxo. E, mesmo que extremamente diferentes, o sentimento de Pettigrew, Potter e Black se assemelhavam na surpresa que o desconhecido causava. Porém, o mais quieto de todos não se assustou ou ficou surpreso; a sombra que perpassava por seus olhos era de total conhecimento:

— Provavelmente é um híbrido; o homem quero dizer.

— Híbrido? — Sirius não sabia o significado do termo.

— É... Ele provavelmente é meio bruxo, meio gigante.

— Você quer dizer mestiço, não?

— Mestiços são uma "mistura" entres seres da mesma espécie, enquanto híbridos são uma "mistura" entre seres de espécies diferentes.

— Mas, não é a mesma coisa?

Remo abriu a boca para dizer que eram coisas totalmente diferentes, mas Tiago interveio. Sabia que uma discussão viria se os dois continuassem a conversa, conhecia muito bem seu melhor amigo.

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