Capítulo 2

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Ao ouvir o som vindo da porta, já podia imaginar que eu tinha dormido de forma tão pesada que meu despertador foi inútil na missão de me acordar cedo

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Ao ouvir o som vindo da porta, já podia imaginar que eu tinha dormido de forma tão pesada que meu despertador foi inútil na missão de me acordar cedo. Socorro!

- Isa? – Minha mãe chamou.
- Já acordei, mãe. Obrigada! – Eu disse e me levantei.

Eu geralmente gostava de acordar mais cedo, me deixava mais disposta e eu conseguia espantar o sono antes de chegar no colégio, mas hoje eu provavelmente ficaria sonolenta. Me organizei e depois de quase meia hora acabei descendo para tomar café.

- Bom dia, flor do dia! – Minha mãe disse.
- Bom dia – Eu respondi.
- Ih, dormiu tão mal assim? – Ela perguntou.
- Não, é que eu estou com sono ainda – Eu disse e bufei.
- Ô dó... Bom, mudando de assunto, eu tenho novidades! – Ela disse.
- Espero que não seja sobre ele – Eu respondi.
- Não, não é. A Cida volta hoje de viagem! – Ela disse.
- Ah, meu Deus. Isso é sério? – Eu perguntei.
- Sim! – Ela disse, rindo.
- Estava achando que ela já tinha trocado de trabalho – Eu disse, rindo também.
- Exagerada que só né, menina?! – Minha mãe disse.

Ótima notícia! Eu a amava muito. Cida sempre esteve presente, ela praticamente já era parte da nossa família. Ao encerrar o café da manhã, nos organizamos e minha mãe me deixou no colégio. Aparentemente a festa de sexta-feira era o grande motivo das fofocas alheias na rodinha de garotas que se formou perto da Alice e eu fiquei apenas observando e digitando algumas coisas aleatórias no meu celular.

- O que tanto você escreve aí, Isa? – Alice perguntou.
- Eu? Nada, ora – Eu disse, disfarçando.
- Sei... Com qual roupa você vai na festa? –Ela perguntou.
- Que festa? – Eu perguntei, confusa.
- De sexta-feira! – Ela gritou.
- Ah, essa festa. Acho que vou de vestido – Eu disse e, dando de ombros.
- Hum, vai ficar fofa. Acho que eu talvez vá de vestido ou de short, não sei... Que tal saia? – Ela perguntou.
- Vamos combinar que eu não sou a maior entendedora de moda, certo? Tenho certeza de que você vai arrasar independentemente da sua escolha. Posso opinar quando você montar os looks, o que acha? – Eu sugeri.
- Você vai comigo! – Ela disse.
- Que? – Eu fiquei confusa.
- Isso, vamos no centro hoje de tarde. O que acha? – Ela perguntou.
- Ah, eu estou com tanta preguiça... – Eu disse.
- Isabela! – Ela gritou.
- Ah, tá bom. – Eu disse, revirando os olhos.

A aula começou e todos voltamos para os nossos devidos lugares. Matemática não é pra mim, sério mesmo. Eu sempre entendo, mas quando vou calcular, meu cálculo dá um resultado absurdo. Se o certo era 1 no final, o meu resulta em 55 e por aí vai.  No intervalo não fiz muita coisa além de conversar com algumas colegas, todas estavam querendo ficar com o Nathan. Meu Deus, o que esse garoto tinha de tão diferente ou especial? Essa situação era um tanto patética na minha opinião, mas eu nunca falei nada porque acho que cada um decide por si o que quer.

- O que esse Nathan tem? – Eu perguntei.
- Ele é gato demais, inteligente demais, simpático demais.... Ele é demais! – Elas fizeram um coral. 

Patético de novo ou eu era patética por não ser da mesma forma que a maioria? Uma confusão rápida e reflexiva que me fez pensar por alguns poucos minutos antes de mencionarem que ele tinha um irmão.

- Mas, tirando tudo isso, ele também tem um irmão maravilhoso! – Uma das garotas disse.
- Entendi – Eu respondi, com um tom um pouco indiferente porque eu na verdade não me importava com aquilo e eu nunca fui boa em disfarçar.
- A única diferença é que esse menino é um grande babaca e é grosso demais, mas eu pegaria, sabe? Agora me envolver para valer seria uma coisa arriscada – Outra garota comentou.
- Ai, que horror – Eu disse.
- O que? É verdade – Ela disse, rindo e dando de ombros.
- Que patético então – Eu disse.
- Meninas! Olhem esse salto! – Sofia chegou entrando na conversa.

Na maior parte do tempo eu ficava me perguntando o que eu estava fazendo ali no meio delas. Era mais claro que água cristalina que ali não era o meu lugar. Eu não estava lá por mim, estava lá por causa da Alice. Alice é totalmente a minha versão contrária. Apesar de não termos os mesmos gostos, nós somos melhores amigas e ela foi a primeira pessoa que eu consegui confiar de olhos fechados. Ela e o Bruno. Mas o Bruno estava viajando por motivos familiares e provavelmente só voltaria no próximo ano. O intervalo terminou e as meninas estavam tão ansiosas que eu sentia vontade de vomitar só de imaginar o quão patético seria uma delas babando pelo tal Nathan. Não, eu não nego que ele era muito bonito, atraente... Mas, de longe, ele não era o meu tipo, não mesmo, nunca. Assim que voltamos para a sala, as próximas aulas fluíram normalmente e no final da última eu e a Alice marcamos um horário para decidir a roupa dela. Depois de combinar, fui para fora encontrar minha mãe que já me esperava no carro.

- E aí, a Cida já chegou? – Eu perguntei.
- Sim, já está em casa – Minha mãe disse.
- Vamos, mãe! – Eu disse, empolgada.
- Ela cortou mesmo o cabelo? – Eu perguntei.
- Sim! Você vai ficar impressionada quando ver – Ela disse.
- Meu Deus, vamos, vamos! – Eu disse e ela riu.

Chegando em casa, eu larguei a mochila e passei correndo pela sala, indo até a cozinha.

- Cida! Cida! – Eu chamei enquanto andava.
- Estou aqui, criança! – Ela disse e sorriu ao me ver.
- Ai, meu Deus! Você está incrível! – Eu disse, abraçando-a.
- Deixe de exagero, menina – Ela disse, rindo.
- Como foi a viagem? – Eu perguntei.
- Tudo bem, Emilly te mandou um beijo – Ela disse.
- Mande outro pra ela também. Estava morrendo de saudade! – Eu disse, abraçando-a mais uma vez.
- Eu também, minha menina – Ela disse, retribuindo o carinho.
- Ah, que cena mais linda... Será que eu estou atrapalhando as moças aí? – Minha mãe disse.
- Não, ciumentinha – Eu disse e a puxei. Nós três rimos e depois nos soltamos.
- Não é por nada não, mas eu senti falta até da sua comida, Cida – Eu disse.
- Ei! – Minha mãe. – Eu fiz comida igual a Cida.
- Sim, mãe, mas não ficou igualzinha... – Eu disse, e disfarçadamente dei de ombros.
- Eu tentei, pelo menos. – Ela disse e riu.
- Eu sei que sim, boba. – Eu disse.

Fomos almoçar e a Cida nos contou como foi a viagem dela. Cida era a nossa "empregada", eu gostava de dizer que ela era uma espécie de avó nova pra mim. Ela sempre trabalhou aqui, desde quando eu me entendo por gente. Ela entrou na pior época da minha vida e junto com a minha mãe, elas me tornaram quem eu sou hoje. Eu amo essa mulher, amo mesmo.

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