Capítulo 30

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 - Eu não sei ao certo, Bernardo

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 - Eu não sei ao certo, Bernardo. – Respirei.

- Eu quero de verdade isso. – Ele disse.

- Isso o que? – Fiquei confusa.

- Você, sua lerda. – Ele bufou.

- Me respeita! – Eu disse.

Ele se sentou na cama e olhou pra mim. Nós ficamos ali por um tempinho, eu olhava vez ou outra pra ele e ele fazia o mesmo comigo. O silêncio não parecia ser algo constrangedor, parecia libertador. Ele parecia dizer tanta coisa e eu também.

Ouvi Cida gritar que já estava tudo pronto.

- Vou embora. – Ele disse.

Meu coração apertou. É possível a gente sentir tudo de um jeito tão rápido e intenso assim? Eu não queria que ele fosse embora. Não queria mesmo. Num impulso, segurei seu braço.

- Não, fica aqui. – Eu pedi.

- Pra que, Isabela? Pra daqui duas semanas você começar a me ignorar de novo? – Ele perguntou.

- Desculpa, tá? É que relacionamento é meio complicado pra mim. – Eu respondi. – A gente pode tentar de novo.

- Não sei. – Ele disse. – Mas a gente pode tentar.

Nos beijamos.

Toc toc***

Cida abriu a porta.

- Meu Deus! – Ela gritou.

- Cida, pelo amor de Deus... Não é o que parece. – Eu disse saindo dos braços do Bernardo.

- Sua mãe sabe dele aqui? – Ela perguntou, ainda chocada.

- Não, Cida. Não diz nada ainda, okay? – Eu pedi.

- Adolescente. – Ela disse e riu. – Tudo bem, filha. Ele vai jantar aqui hoje?

- Sim. – Eu disse.

- Não. – Ele disse ao mesmo tempo.

- Sim, ele vai. Cida, esse é o meu namorado. – Eu apresentei.

Não sei ao certo em qual momento eu criei tanta coragem, mas lá estava eu de novo entrando em um barco sem saber o destino final. Cida e Bernardo conversaram durante o jantar enquanto eu falava uma palavra ou outra. Ela ficou encantada com ele, o que me deixou aliviada para apresentá-lo para minha mãe.

Depois que terminamos de comer e Cida organizou a cozinha, nós fomos para sala. Ela logo se despediu e foi dormir. Nós ficamos na sala. Assistimos um filme, e sem perceber, eu acabei dormindo.

Quando acordei no outro dia eu estava na minha cama e ao meu lado eu tinha uma visão perfeita do homem da minha vida embora não gostasse de pensar dessa forma. Fiquei observando ele por um tempo e depois levantei. Tomei banho, me organizei e desci para o café.

- Bom dia! – Minha mãe disse.

- Bom dia. – Eu respondi. – Como foi ontem?

- Ah, foi incrível. – Ela sorriu.

- Então... – Eu olhei pra Cida que fez um sinal com a cabeça me encorajando a dizer. – Ontem a noite eu recebi uma visita do Bernardo. Nós jantamos, vemos um filme e agora ele está dormindo na minha cama.

- Ah, meu senhor... – Minha mãe cobriu a boca.

- Não, não é isso! A gente só dormiu, juro. – Eu expliquei.

Ela respirou aliviada, e então eu contei detalhes do nosso namoro quase oficial agora. Minha mãe nunca barrou nada do tipo, mas sempre gosta de ser informada de tudo e foi justamente o que eu fiz. Ela logo lembrou que eu deveria falar com o meu pai, mas isso podia esperar um pouquinho. Quando eu terminei de tomar café, preparei uma bandeja com algumas frutas, suco e bolo. Levei para o quarto e coloquei sobre a mesinha.

Olhando ele dormir me senti inspirada para digitar qualquer besteira.

Isso não é uma carta de amor, é apenas um bilhete.

Ver seu semblante sem expressão é algo que deveria assustar, mas isso me tranquiliza. Me faz ter a certeza de que estamos em paz e eu, bem, eu gosto de ver. Sei que não vi várias vezes, mas vê-lo hoje foi uma das pequenas melhores coisas.

Fechei a tela do computador e vi que ele estava acordando.

- Dormiu bem? – Eu perguntei.

- Aham. Estou com fome. – Ele disse.

- Tem café aí, você pode sair pela porta. Não precisa sair pela sacada. – Eu respondi e voltei a rascunhar outro trecho.

Ele se sentou e começou a comer algumas das uvas que estava num cachinho pequeno e depois de um gole no copo de suco de goiaba.

- Nós... – Ele começou. – Nós somos o que agora, Isabela?

- Namorados. – Eu respondi e continuei digitando.

- Namorados assumidos ou o que? – Ele perguntou mais uma vez.

- Namorados assumidos. Te apresentei pra Cida ontem, e minha mãe sabe que você está aqui agora. – Eu dei de ombros.

- Então... Eu deveria te apresentar pra minha família. – Ele disse.

- No seu tempo, sem problema algum. – Eu disse.

Nós começamos a rir do silêncio que se instalou e depois voltamos a conversar normalmente. É estranho pensar que ontem nesse mesmo horário eu nem gostaria de olhar pra ele e agora ele é o tal do meu "namorado". Não achei que daria esse título para alguém tão cedo. Depois de um tempo, nós descemos para a sala e em seguida ele foi embora.

Desde a formatura, ele e minha mãe já se conheciam, então nem foi necessário uma apresentação apropriada entre eles. Liguei para a Alice e ela surtou sabendo da notícia, afinal, ela sempre quis que eu me envolvesse com alguém. 

Agora eu tinha que esperar mais um tempo para saber o resultado do vestibular.

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