Capítulo 24

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Me organizei e montei um look rápido e já estava pronta. Assim, confirmei com a Alice e tudo certo. Penteei meu cabelo, deixando ele solto e levemente ondulado, seu perfeito estado natural. Passei meu perfume e desci as escadas para sair.

- Vejo que alguém está arrasando e vai arrasar. – Cida brincou.
- Uh, quem me dera. Juízo na sua saída, viu? Minha mãe me disse. – Eu respondi.
- Ora essa, agora uma criança está de olho em mim. – Ela riu.
- Os papéis se inverteram. – Eu disse e ri.

Depois de dar um abraço curto na Cida, passei pela sala e cheguei no carro no qual minha mãe já estava me esperando. Ela adorava bancar a motorista e eu nunca entendi muito bem o porquê, vai ver ela gosta muito de dirigir e aproveita qualquer oportunidade.
Entrei no carro sem dizer nada e ela fez questão de quebrar o silêncio.

- Nervosa? Animada? Ansiosa? – Minha mãe disparou.
- É só uma saída, mãe. – Eu respondi.
- Você é mais careta que eu, Isabela. O certo seria um "rolê". – Ela disse e riu.
- Até você com isso? Pelo amor, mãe. – Eu disse e revirei os olhos.

No caminho nós cantamos algumas músicas que passavam aleatoriamente no rádio.

- Certo, qualquer coisa que precisar é só me ligar. – Ela disse quando eu saí do carro.
- Vai ficar tudo bem, te amo. – Eu disse e fechei a porta. Acenei para a minha mãe e entrei em uma pizzaria.

Pizzaria? É, foi o que Bernardo tinha escolhido.
Nunca tinha vindo aqui de fato, mas já tinha experimentado alguma das pizzas quando pedi lá em casa. Eu não sou muito do tipo que gosta de sair e ficar todo santo dia na rua descobrindo mil lugares com amigos.
Prefiro um chocolate quente e ler ou digitar a ficar o tempo todo com muita gente.
Eu nunca fui alguém totalmente sociável, mas conseguia ir bem até.

- Hey! – Alice apareceu me assustando.
- Oi, demorei? – Eu perguntei.
- Um pouquinho, só faltava você. Vem, estamos ali. – Ela disse e me mostrou aonde estavam os meninos.
- Olá, Iiiiiiisabela! – Matheus disse dando ênfase na inicial do meu nome, coisa que ele adorava fazer pra chamar minha atenção quando estávamos em público.
- Haha! Oi, Matheus. – Eu disse. – Oi, Bernardo.
- Oi, princesa. – Ele disse.

Eu me sentei do lado do Bernardo enquanto Alice estava na minha frente e do lado do Matheus. Chegamos a conclusão de que a pizza seria metade Bolonhesa e metade Calabresa. Todo mundo optou por suco natural, então eu escolhi morango junto com a Alice, o Mat escolheu de laranja e o Bernardo de abacaxi e assim jogamos conversa fora até a comida chegar.
Eu estava até gostando da situação, nós não éramos namorados, mas ao mesmo tempo éramos. Nós não nos comportávamos como um casal real e ao mesmo tempo sim.

Era algo engraçado de refletir.

- E então agora vocês namoram? – Matheus perguntou do nada.
- Não exatamente. – Eu disse e olhei para o Bernardo que olhou pra mim também.
- É, nós estamos nos conhecendo. – Bernardo disse.
- Aham, claro. – Alice cutucou.
- Então, mudando de assunto, mais tarde lá pelas 21:00 vai ter luau na praia, o que acham da gente ir pra lá? – Matheus perguntou.
- Eu não sei, não falei sobre isso com a minha mãe. – Eu respondi.
- Tudo bem, a gente fala com ela. – Alice disse.
- Depois a gente vê, agora... Cadê essa pizza? – Eu perguntei e no mesmo instante vi um garçom vindo com a nossa pizza.

Papo vai e papo vem, eu estava cheia. Não queria nem andar, e não é pra rir mas eu só comi três pequenos pedaços de pizza. Eles insistiram tanto em ir no luau que eu liguei para a minha mãe avisando e de lá partimos para a praia.

Não que a cidade seja algo muito grande ou famosa, mas o pessoal sempre gostou de fazer festinhas na praia com muita música, bebida e banho no mar não importa o tempo ou o período do dia.
Pelo fato de não ser uma cidade muito grande, eu ainda conseguia me surpreender na quantidade de gente que frequentava esse lugar.
Assim que chegamos, Alice e Matheus foram atrás de bebida depois que esbarraram com a Sofia que também estava por ali acompanhada de uns amigos. Alguns deles eram da nossa escola, mas eu nunca fui muito amiga de todo mundo, então só acenava com a mão ou dava um sorriso fraco pra tentar mostrar simpatia.
Bernardo me puxou pra caminhar na praia e nós fomos.

- Por que você nem fala comigo direito? – Ele perguntou pensativo.
- Como assim? – Eu perguntei de volta.
- Nem parece que temos algo, Isabela. – Ele disse.
- Eu te disse pra ir com calma, o que você queria que eu fizesse? – Eu perguntei.

Ele parou e eu parei, tudo o que eu conseguia ver na minha frente era o Bernardo me encarando e as ondas do mar se quebrando no começo da praia acompanhadas pela iluminação artificial com a iluminação da lua.
Bernardo colocou a mão gentilmente na minha bochecha e meu corpo se arrepiou. Não que tenha sido um contato "WOW", mas ele conseguia despertar algo em mim de um jeito tão fácil que chegava a ser bizarro.
Meus cabelos balançavam no ritmo do vento calmo e ao mesmo tempo brincalhão, no mesmo sentido em que os cabelos do Bernardo me mexiam.
Eu posso até estar descrevendo isso de forma detalhada e devagar, mas juro que tudo aconteceu em menos de 5 minutos e ele então me beijou.
Nós nos beijamos. Perto de nós tinham algumas pedras grandes que serviam de banco para quem quisesse e Bernardo me colocou lá, ficando em pé na minha frente. Agora ele pressionava o seu corpo contra o meu na medida em que a intensidade do beijo aumentava.

- Bernardo? – Ouvimos uma voz chamar ele. Droga.

Quando eu virei para ver...

Meu Deus do céu, não.

- Nathan, eu... – Eu tentei dar uma explicação, e quando tentei sair da pedra, Bernardo colocou a mão na minha frente me barrando.
- O que foi, Nathan? – Bernardo perguntou, parecia irritado.
- Vocês estão juntos? – Ele arqueou a sobrancelha.
- Sim. – Bernardo disse.
- Não. – Eu disse ao mesmo tempo que ele. Tirei a mão do Bernardo e desci da pedra, não me atrevi olhar pra ele de novo e comecei a andar em direção ao Nathan. – Vou te explicar, vem comigo.
- Isabela! – Bernardo me gritou, ainda baixo.
- Eu já volto, você confia em mim? – Eu perguntei.
- Confio. – Ele bufou e saiu andando de volta para a multidão de jovens ali naquele lugar.

Eu e o Nathan caminhamos um pouco próximos da água e então eu comecei a falar. – Olha, não sei quando exatamente aconteceu. E eu juro que só não queria te machucar no meio disso, porque você é alguém legal e tudo. Acontece que seu irmão é um idiota e eu...
- E você ama ele. – Nathan completou.
- É. – Mordi o lábio inferior. – Mas, eu de verdade não queria...
- Tá tudo bem, Isa. De verdade. Não estou chateado com você e nem com ele, mas não queria ter descoberto assim, vocês poderiam ter me dito. Eu gosto de você, mas não é nada de tão forte quanto vocês sentem um pelo outro aparentemente. – Nathan explicou.
- Então estamos bem? – Eu perguntei.
- Sim, mas toma cuidado. – Ele disse.
- Cuidado? – Eu perguntei.
- Meu irmão não é do tipo que sossega fácil, não duvido dos sentimentos dele por você, mas eu também não confio totalmente nele. Já o vi com tanta menina que...
- É, eu sei. – Cortei.
- De qualquer forma, ele sempre ficou com mais velhas, então estar com você é algo que me deixa bem surpreso. Espero que dê certo, de verdade. – Ele encerrou.
- Eu também e... obrigada. – Eu disse e então nós nos abraçamos.
- Deveríamos voltar pra lá, devem estar sentindo nossa falta. – Ele disse.
- Nossa falta ou sua falta? – Eu brinquei.

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