Capítulo 9 • Bernardo

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Versão Bernardo

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Versão Bernardo

Eu não queria me mostrar demais, não queria me envolver tão rápido. Mas eu não nego que ela me chamava a atenção, tanto por dentro quanto por fora. Isabela era uma das colegas do colégio do Nathan. Não era muito baixa, mas ainda sim era menor que eu. Morena, dos olhos cor de mel e tinha um sorriso lindo, gosta de rock alternativo, músicas sossegadas e mpb, gosta de desenhar, de escrever e de fotografar. Até agora isso era tudo o que eu sabia sobre ela. Depois de ir na casa dela, eu recebi uma mensagem da Thifanny, me pedindo para ir buscar ela no shopping. O mal desses meus rolos é que elas sempre ficam abusadas achando que eu devo algo para elas. Não queria ir, mas eu não podia ser chato, ela me ocupou bem numa dessas noites em que estava irritado. Devia uma, só uma para ela.
Eu vi a mensagem enquanto Isabela saiu para buscar alguma coisa e respondi dizendo que daqui uns 15 minutos eu estaria chegando. Cortei o papo com a Isabela e fui embora. Talvez ela tenha me achado babaca, talvez não, ela com certeza me achou babaca. Ela ficou estranha de uma hora para outra, podia jurar que estava chateada e mesmo assim, ela disse que estava tudo bem.
Depois de buscar a Thifanny e deixá-la em casa, eu fui para a casa e dormi. 
Acordei cedo e fiquei enrolando na cama até criar coragem para levantar.

- Quando você vai tomar vergonha na cara, Bernardo? – Minha mãe perguntou.
- Ah, mãe... Estou tirando uns meses de férias antes de trabalhar de novo, não seja chata comigo. – Eu disse, revirando os olhos.
- Não dá para acreditar que um marmanjo do seu tamanho fica aí, fazendo vários nadas o dia inteiro. Aquela palavra com v está definindo você no momento. – Ela disse, rindo.
- Quer dizer vagabundo? – Eu perguntei.
- O que mais seria? – Ela perguntou de volta.
- Não sei. – Eu disse e nós rimos.
- Mas eu tô falando sério, seu pai disse que depois quer falar com você de novo sobre você trabalhar na empresa... – Ela disse.
- Ah, mãe. Eu não quero trabalhar lá, eu já tentei, não dá. – Eu disse.
- Tente outra vez, querido. – Ela disse.
- Não, mãe. Não dá certo. – Eu disse.
- E que tal cantar? – Ela perguntou.
- Corta essa, tá? Vou pensar em algo, prometo. – Eu disse e ela assentiu.

Mudamos de assunto e enrolamos por um tempo até dar o horário do almoço. Eu estava vivendo como um playboyzinho sustentado pelos pais, um quase vagabundo. Não estava trabalhando e muito menos estudando. Assim que acabei o colégio, eu quis estudar medicina e eu me dediquei muito no primeiro ano para entrar na faculdade, mas não deu. Por dois pontos eu não fui selecionado, eu fiquei completamente revoltado e larguei mão.
Desde então, eu comecei a trabalhar na empresa do meu pai, mas pra mim já estava mais que óbvio que eu não tinha nascido parar ser administrador de uma empresa, muito menos aquela. Meu pai sempre foi muito camarada e nunca me obrigou a nada, eu tentei trabalhar lá depois de muita insistência da parte dele, mas eu não consigo. É um saco, eu não sei como ele consegue.
Meus pais queriam que eu fizesse intercâmbio em algum país, sem nenhuma preferência. Então por isso, eu e uma galera viajamos para alguns lugares tentando conhecer mais e assim eu saberia se daria certo ou não. Não, não me vi em nenhum daqueles lugares por mais fantásticos que fossem.
Além do Nathan, eu tenho um irmão mais velho que morava no Rio de Janeiro e poucas pessoas sabem dele. A nossa família é bem distribuída, embora uma parcela significativa more fora do país. Augusto além de irmão, também era o meu melhor amigo, eu podia conversar com ele sobre qualquer coisa. Ele era filho só por parte de pai, mas eu o considerava mais que o próprio Nathan.
Com a chegada da filha dele, nós criamos uma certa distância e eu sentia falta disso. Falta de poder conversar com ele e dividir os meus pensamentos com ele. As pessoas com certeza me acham fechado, reservado ou até grosso demais. Mas é que, eu não me dou bem em demonstrar certas coisas, nunca me dei bem.
Então, digamos que a minha vida atual seja empurrar as responsabilidades com a barriga um dia de cada vez, ir em festas, curtir a vida e não me preocupar tanto com um futuro distante.
Eu nunca fui desses que é viciado em pegar geral, que sempre está rodeado de garotas e blá, blá, blá. Eu sempre preferi pegar garotas mais velhas, na minha cabeça, elas são mais maduras e a maioria realmente é. Essas crianças, ou melhor, colegiais, são cheias de frescura e isso não era pra mim. Não mesmo.

Entre várias e várias com as quais eu conversei, Isabela foi uma das poucas que me despertou interesse. Quando eu a vi no parque, eu senti que deveria conhecê-la e assim o fiz. Eu estava nervoso, e espero que ela não tenha percebido. Eu nunca chego em alguém, as garotas que sempre adoravam me bajular.
Eu esperei ansiosamente por sexta-feira, queria vê-la novamente e quando ela derrubou o suco no meu pé, eu tive a certeza de que era uma ótima oportunidade para conseguir algo, nem que fosse só o seu número. Consegui. Naquela sexta, na saída, eu fiquei irritado por ver os dedinhos ridiculamente pequenos de seu pé tão vermelhos, deveria estar ardendo e ela insistia em dizer que estava bem.
Um ponto bem forte da minha personalidade é que eu odeio que omitam a verdade para tentar me agradar, era só ter dito que estava doendo e eu não falaria nada. Como eu sempre sou estressado demais e não tenho muita paciência, acabei sendo grosso. Eu sou grosso quase sempre, mas juro que não é por mal.
Consegui contornar a situação e acho que ainda estamos de boa, eu espero que sim. Queria vê-la novamente, queria muito. Eu não sou do tipo que quer várias coisas, mas eu sentia uma necessidade bizarra de sempre vê-la, queria a todo momento e isso era extremamente esquisito.
Depois do almoço, eu me perdi nos meus pensamentos enquanto estava na sala e não reparei que Nathan tinha chegado do colégio, só reparei quando ouvi ele falar.

- Tá sonhando acordado? – Nathan perguntou.

Criança idiota.

- Não, Nathan, eu estava pensando. – Eu disse.
- Você está ficando com aquela menina? A... Não lembro o nome. – Ele disse.
- Isabela. – Eu disse sem pensar.
- Isso! – Ele disse.
- Não, não estou ficando. – Eu disse e revirei os olhos.
- Você já ficou então? – Ele perguntou.
- Também não, Nathan. Por que? – Eu perguntei de volta.
- Você tem algum interesse nela? – Ele perguntou.

Sim, você ainda não percebeu?

- Não, claro que não. Ela é nova demais pra mim. – Eu disse e ele deu de ombros. – Mas, por que está perguntando?
- Eu gostei dela, achei... diferente. – Ele disse. – Acho que vou convida-la para sair.

Ótimo, agora eu teria que competir com o meu irmão?

- Talvez seja uma boa ideia, mas agora eu vou tomar banho. – Eu disse.
- Então por você está tudo bem eu sair com ela? – Ele perguntou.
- Que seja, eu não ligo. – Eu disse.

Mentira, está tudo péssimo, como nós vamos disputar uma garota?

Fui para o meu quarto e entrei no banheiro, depois de um banho longo, coloquei uma bermuda e deitei na cama. O que eu deveria fazer agora? Meu irmão estava querendo a mesma garota que eu, como vou lidar com isso? Como vou fazer isso fingindo que nem ligo? Deveria dizer pra ele? Deveria deixar pra lá? Incentivar ele? Contar sobre quando eu fui na casa dela?

Droga, droga, droga. Nathan! O que é que você resolveu fazer comigo? Não tinha nenhuma outra garota não? Inferno!

Respirei fundo e procurei um filme para assistir.

Respirei fundo e procurei um filme para assistir

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Oi, oi! Esse capítulo foi o menor até agora. Os capítulos narrados por ele serão menores e serão só alguns. É uma forma de bônus para vocês conseguirem entender melhor o personagem. Mas a principal narradora é a Isabela mesmo. Não esqueçam de votar nos capítulos para ajudar o nosso livrinho a crescer por aqui!

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