Pouco tempo depois, Alice voltou com a sua água.
- E então, o que eu perdi? – Alice perguntou.
- Hum, nada – Eu respondi.
- Corta essa, Isa. Eu vi o garoto aqui. Se conheceram? Falaram sobre o que? – Ela perguntou.
- Ele pediu informação sobre o lugar e eu passei. Só! – Eu disse, menti.
- Certeza? – Ela perguntou.
- Sim, nós já podemos ir embora? – Eu perguntei.
- Vamos olhar os patinhos na lagoa, por favor... – Ela disse.
- Já te disse que você parece uma criança que faz birra? – Eu perguntei.
- Já, algumas vezes – Ela disse, rindo. – Vamos!Alice saiu me puxando e nós ficamos na lagoa vendo os patinhos nadarem. Normalmente quando saímos juntas, nós não fazemos nada de radical, só conversamos sobre as coisas. Já viemos aqui várias vezes e nós sempre vemos um patinho branco que tem uma mancha em formato de coração do lado direito próxima ao pescoço. Nós demos o nome de Duck. Hoje ele não estava lá, esperamos por um tempo e ele não veio. Depois disso, voltamos para a frente do shopping e a mãe dela veio nos buscar.
No caminho, Alice cochichou no meu ouvido e disse que precisava falar comigo sobre algo urgente.- Obrigada pela carona, dona Ester. – Eu disse.
- Não foi nada, querida. – A mãe da Alice disse.
- Me liga mais tarde, Alice? Precisamos falar sobre os vestidos. – Eu disse, disfarçando.
- Sim, claro. – Alice disse e eu fechei a porta.Entrei em casa e fui mostrar meu vestido para a Cida e para a minha mãe, ambas amaram e já queriam que eu vestisse ele, mas eu me recusei e disse que só no final de semana.
A semana fluiu normalmente. Quarta e quinta eu não tive aulas no período vespertino, então aproveitei para fazer doces com a Cida. Eu adorava. Minha mãe ligou dizendo que iria ficar até mais tarde no escritório, disse que estava bem e que iria comer por lá. Eu assenti e desliguei o celular. Eu e Cida não fizemos nada pesado para jantar, ficamos comendo pipoca enquanto assistíamos um dos meus filmes preferidos, Simplesmente Acontece. Depois que o filme acabou, eu me despedi da Cida e subi para o meu quarto, amanhã era um longo dia.
Acordei cedo, me organizei e tomei café com a minha mãe. Depois ela me deixou na escola e eu avisei que teria aula na parte da tarde. Fizemos a mesma rotina, mas dessa vez, eu não esperei Alice e Matheus (o casal mel, como eu gosto de chamar) e fui "almoçar" sozinha. Pedi uma pedaço de torta e um suco de laranja. Esperei um tempo e logo meu pedido estava na mesa. Enquanto comia, escrevi mais um texto sobre algo aleatório que veio a surgir na minha mente.Nem todo amor é bom, mas deveria ser. Vocês acreditam que talvez possa existir um amor único e verdadeiro? Eu às vezes duvido. Sabe, eu acho engraçado esse lance de amar. Tem gente que ama com a alma e outros amam com a carne. Esquisito falar assim, mas é a pura verdade. Amar deveria ser algo leve, algo promissor, algo que só nos faz crescer e querer ser melhor a cada acordar. Só que hoje em dia, amor é algo inútil. O "eu te amo" se tornou três palavras populares. Coisas que deveriam ser ditas com a alma, hoje são ditas da boca pra fora. Vocês conseguem entender como o amor é estranho? Ou então, como os meus pensamentos são estranhos? Eu gostaria de tentar entender.
- Isabela Martins.
Parei de digitar e fiquei olhando uma flor branca que sempre uma senhora cuidava com tanto carinho. Ela parecia até conversar com as flores, eu achava estranho, mas gostava de ver. Queria poder fazer aquilo, será que eu me sentiria mais leve se conseguisse amar uma flor? Logo troquei os meus pensamentos e conferi o horário, precisava voltar pra escola. Fui até o caixa e paguei, depois eu atravessei algumas ruas e finalmente cheguei no colégio.
- Nem me esperou hoje! – Alice disse.
- Ah, eu queria um tempo. Você não me contou ainda o que precisava conversar, estou esperando! – Eu disse.
- Hum, não queria falar por ligação e abandonei a ideia. Não quis preocupar você nesses dias, perdão. – Ela disse.
- O que houve? – Eu perguntei.
- Acho que meu pai está traindo minha mãe. – Ela disse.
- Homens. – Eu revirei os olhos. – Mas, por que está dizendo isso?
- Na madrugada retrasada, eu ouvi minha mãe discutir com ele sobre traição. Mas eu não consegui escutar muita coisa, não dava pra entender. – Ela disse.
- Oh, meu Deus... Não tire conclusões precipitadas, tá? Vai ficar tudo bem, seu pai é um bom homem, acho que não faria isso com ela. Você pode ter confundido, espere para ver se eles vão falar algo e aí você pode tirar as conclusões. – Eu disse.
- Uhum, talvez seja melhor. – Ela disse.
- Matheus já sabe? – Eu perguntei.
- Eu não quis contar, ele ficaria preocupado. – Ela disse.
- Você deveria contar, ele pode te dar mais força que eu ainda. – Eu disse.
- É... – Ela disse, cabisbaixa.
- Ei. – Eu disse, abraçando-a. – Vai ficar tudo bem, tá? Tudo bem. Não fique triste com isso, certo? E mesmo se algo assim tivesse acontecido, pode ter certeza de que ele se arrependeria muito de ter ficado com uma qualquer e perder vocês. – Eu disse por fim.
- Você é a melhor, Isa. – Ela disse.
- Só um pouquinho. – Eu disse e nós rimos.O sinal tocou e nós fomos para a aula. A aula foi normal e na saída nós marcamos o horário para nos encontrarmos.
- Você quer ir se arrumar lá em casa, Alice? – Eu perguntei.
- Não, tá tudo bem agora. Nos vemos mais tarde? – Ela perguntou.
- Sim. – Eu disse.
- Tenho altos planos pra você! Hahaha – Ela disse.
- Maluca, nem invente. – Eu disse e ela riu.Minha mãe parou o carro e eu entrei, fomos em direção ao centro. Ela queria comprar algo. Eu já estava atrasada, sou uma lesma para me arrumar e olha que eu não costumo fazer uma super produção. Minha mãe comprou o que ela queria e nós fomos pra casa. Chegando lá, eu tomei um banho consideravelmente rápido e coloquei o vestido, eu odiava saltos, mas Alice me fez prometer que usaria um salto preto que eu tinha guardado. Segundo ela, aquele salto era a combinação perfeita para esse vestido.
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Sou sua
RomanceÉ um romance clichê que narra a vida de Isabela. A típica garota que uma vez magoada não acredita mais com tanta força no amor. Mas tudo muda quando ela se depara com cabelos atraentes e derruba suco no tênis desse cara. E aí, o que me diz?