*Este capítulo pode conter gatilhos: violência e consumo excessivo de álcool*
A playlist de Jackson está tocando: Strange Behaviour – Feed Me, Tasha Baxter
"Você já teve esse sentimento
Que você pensa que vai morrer
Quando seu coração está batendo iminente
Faz você querer chorar"
"Não estou interessado por ele". Não...? Não? NÃO!? NIETZSCHE, PORQUE INSISTE EM METER PESSOAS INDECISAS NA MERDA DA MINHA VIDA!? SE FODER! Oh, me desculpe, que maneira péssima de retomar a narrativa. Eu sei, deve estar pensando no que aconteceu depois. Senhor Felipe decidiu finalizar a festa, alegando que já estava bem tarde, porém todos os convidados entenderam o motivo desse encerramento abrupto. Sarah, Jonathan e Alice persistiram em ficar, contudo o avô os "expulsou" educadamente da residência. A última cena que meus olhos capturaram foi a de Felipe acenando com a mão direita, segurando um pote de remédios na esquerda, antes de fechar a porta e subir as escadas.
Retornei para casa de ônibus, ouvindo Over My Head, do The Fray em looping eterno. Durante todo o trajeto, o rosto sorridente de Tim insistiu em atormentar minha mente, juntamente com uma sensação incessante de fadiga. Argh, só queria pausar essa merda. Após longuíssimos vinte e cinco minutos, apertei o botão para descer no meu bairro, a cabeça totalmente amortecida após remoer tantos pensamentos inúteis. Abri a porta, deparando-me com Patrick desenhando o Dan, de Bakugan, Bart dormindo no sofá e Bárbara cozinhando macarrão, parecia bem estressada. Reparei numa vermelhidão esquisita na bochecha do meu irmão.
– O que é isso na sua cara? - Estiquei o dedo indicador, mas ele recuou o corpo para trás.
– Nada, uns garotos idiotas ficaram enchendo o saco do Fabrício de novo no recreio - Ele nunca havia mencionado esse menino antes, bom, quase nunca relatava o que acontecia na escola... - Aí eu pedi para eles pararem de serem tão maus, mas um se irritou e me chamou de vários nomes feios - Patrick virou o rosto, abaixando a cabeça - Fiquei bem bravo e decidi empurrar o mais chato no chão, mas ele foi bem mais rápido e me deu um tapa - Cada letrinha tinha a força equivalente de um soco. Vê-lo descrever tudo que o Jackson de treze anos fez no passado, me deixou bastante temeroso - Fui para a diretoria e agora tenho que fazer dois deveres de casa, sem contar que estou suspenso por três dias - Uma panela caiu do escorredor de prato, nossa mãe soltou uma queixa.
– Isso é para você aprender a não se meter em brigas irrelevantes - Ela retrucou apanhando o utensílio do chão - Deveria ter simplesmente ignorado esses moleques - Meu irmão resmungou, balançando as pernas de nervoso.
– Patrick defendeu o garoto que estava sendo zoado por esses moleques - Mantive o tom de voz tranquilo, mesmo que a raiva revirasse meu estômago.
– E daí? Protegeu o colega de classe e ganhou o que? Uma suspensão! Caramba, que recompensa excelente! - Arregalei os olhos, apertando o alargador mais forte - Não interessa se foi por um motivo nobre, não deveria ter se metido em discussões alheias e ponto final - Dei um passo firme para frente, deixando a raiva interna sair.
– Eu sei que não é assim que resolvemos conflitos, mas Patrick não está totalmente errado, ao contrário, ele tomou a atitude de qualquer um deveria ter tomado. Acha que ignorando o problema vai ajudar alguma merda? - Os olhos de Patrick estavam apreensivos, Bárbara fechou a cara.
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Muito jovens para tragédias (em revisão)
Romance(Em revisão) Jackson deseja ser um desenhista desde criança, porém as memórias do passado conturbado, o afastamento repentino do melhor amigo e a insegurança com seu futuro, o fizeram se afastar do que mais ama. Recentemente, o álcool tem se tornado...