Capítulo 20: Os contrastes de vermelho, verde e amarelo

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A playlist de Nolan está pausada na música: O Amor Existe, Mas Não Querem Que Você Acredite Selvagens à Procura de Lei

"Eu te protejo contra você mesmo

Te carreguei, suportei teu peso, junto ao meu

Tudo o que acontece nessa vida

Não tem nenhuma garantia

Você precisa tomar cuidado, cuidar de si"

Meus pés batucavam o piso de mármore polido, no ritmo de Everything Is Everything, do Phoenix. A maldita sede por álcool beliscou a mente, apertei as têmporas, tentando retirar esses pensamentos de merda insuportáveis. Sarah saiu discretamente da sala, expondo a estampa de The L Word de sua regata laranja, suspendendo um sorriso para não alarmar ninguém. Alice e Jonathan não paravam de sacolejar as pernas, então nem perceberam a ausência dela. Preciso urgentemente me distrair. Decidi despejar o nervosismo em outro jogo, torcendo que Sonic Dash não me estressasse. Não demorou nem dois segundos para a raiva me consumir de novo. Itachi Uchiha*, o que não me falta é ódio, seus ensinamentos não adiantaram de nada e me deixaram ainda mais puto

Guardei o celular, no mesmo instante que a moça de cabelos compridos retornou com três sanduíches, entregando-os para os amigos, que agradeceram com acenos de cabeça. Pode ser impressão, mas ela aparentava estar vigiando os olhares das pessoas, mordiscando e engolindo o amontoado de pão com dificuldade. Alice pousou a mão no lado esquerdo do peito, firmando o olhar preocupado no chão. Só agora notei a estampa da camiseta dela, a capa do CD It's Not Me, It's You, da Lily Allen. O rapaz rabugento remexia a camiseta estampada do Outkast, estalando os dedos, repetindo a mesma sequência numérica, nove estaladas, suspirando aliviado no final da contagem. 

Abotoei a manga da jaqueta xadrez, remexendo num fio solto, fiscalizando os tremores constantes se intensificando. Nolan constatou rapidamente a inquietação, movimentando as mãos devagar, sincronizando com a respiração. Apaziguei aos poucos, vendo-o pacificando os ânimos dos três com a mesma gentileza. Eles se surpreenderam com a atitude dele, amansando a apreensão também. Ele não mudou absolutamente nada. Passos abafados se aproximaram, uma médica apareceu, conduzindo o senhor Felipe, que nos cumprimentou com um sorriso afável.

– Acalmem-se, o amigo de vocês está bem - Tranquilizou a mulher, gesticulando as mãos para enfatizar - Consideramos adequado realizar exames mais apurados para ter certeza de que não houve fratura ou rompimento do tendão no cotovelo - A moça de cabelos azulados alarmou-se, Sarah entrelaçou seus dedos nos dela, dando suaves batidinhas em seu antebraço - Por sorte e rapidez nos procedimentos iniciais de socorro - Nolan esticou o cantinho dos lábios e assentiu - Ele não apresentou nada disso, só precisará de um pouco de repouso e tomar regularmente os analgésicos - Ela sorriu para os amigos aflitos - Vamos, me acompanhem até o quarto dele - Jonathan deu um puxão forte na cadeira de rodas, liderando o caminho. 

– Ah, finalmente posso respirar, essa correria acabou comigo - Senhor Felipe caminhou até as cadeiras, pigarreando brevemente, disfarçou a tensão com um riso baixo, coçado o colarinho - Só preciso de um pouquinho de café e...

– Eu pego para o senhor, um segundinho - Levantei, caminhando até a garrafa térmica ao lado do bebedouro, despejando um pouco do líquido fumegante num copinho de plástico, trazendo-o até o senhorzinho com cuidado - Aqui está, cuidado que está bem quente.

Muito jovens para tragédias (em revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora